Após inúmeros anos ativamente trabalhando com educação financeira, tentando incutir princípios e hábitos saudáveis e perenes para as mais diferentes classes sócio econômicas de nosso país, estou chegando à conclusão que alguns dos meus próprios ensinamentos não coincidem com a mentalidade e maneira de agir da maioria dos meus conterrâneos.
Este meu grave erro de interpretação e avaliação me lembra a história daquele soldado que estava marchando galhardamente pelas ruas de uma cidade dentro do seu pelotão. A orgulhosa mãe, vendo seu filho e os demais soldados desfilando ou seja passando por ela, exclama entusiasticamente “vejam, somente meu filho é o único que marcha no passo certo...!”
Estou começando a imaginar que sou a viva representação daquele solitário soldado ou seja, devo estar marchando no passo errado!
Antes de resumidamente explicar a matéria que acabo de ler na edição de 2 de Abril do “The Economist” e que me faz duvidar das minhas próprias teorias e conclusões a respeito do assunto, peço caro leitor, que ouça o meu aparentemente equivocado raciocínio, também em poucos parágrafos e de acordo com a minha modesta opinião pessoal.
O significado da palavra “vaidade” na cultura cristã pode ser considerado como sendo um dos pecados capitais que todos deveriam conhecer. (no Wikipédia você encontra os demais)
No entanto, observando e lendo hoje em dia TV, jornais, revistas ou redes sociais, verifico que a venda de produtos de consumo de alto luxo e que procuram enaltecer vaidade, soberba ou ego, estão cada vez mais na moda e vendendo mais.
O que estou vendo deve ser a mais pura verdade, pois as mais famosas marcas e griffes estão se instalando como nunca antes em nosso paíse faturando gordas fatias entre os consumistas de carteirinha.
Sabemos todos que a maior parcela do povo brasileiro é pobre ou pertence àquele grupo que costuma ser denominada de classe média baixa. Apenas pouca gente pode considerar-se muito rico ou milionário.
Pergunto então quantos desses dois citados grupos majoritários, constituindo a absoluta maioria da nossa população podem se permitir pagar às vezes mais ou mesmo dezenas de vezes mais, por um produto, sem que de alguma maneira se prejudicam demasiadamente, deixando de adquirir algo essencial e absolutamente prioritário para seu próprio bem estar presente ou futura?
Nestes inúmeros anos em que atuo como educador e planejador financeiro, tenho visto tantas pessoas escolherem algum produto de luxo, seja vestimenta, seja imóvel, seja ornamento, seja veículo e ao mesmo tempo deixando de adquirir alguma coisa que pudesse melhorar sua condição educacional ou qualidade de vida ou mesmo de saúde.
Quantas vezes me pergunto o porque e, por enquanto, ainda não consegui responder a minha própria indagação, pois as escolhas que vejo algumas pessoas fazerem me deixam frustrado e concluindo que de seres racionais não temos absolutamente nada! Ao contrário.
Somos, isto sim, pobres seres que nos auto iludimos e que gostamos de nos exibir aos nossos semelhantes imaginando que aqueles outros vão nos admirar, quem sabe até idolatrar, exagerando propositadamente um pouco no vocábulo por mim escolhido.
Eu constantemente me pergunto quando alguém passa em um carro de alto luxo ou usa uma roupa de etiqueta famosa (griffe), por quantas frações de segundo esta específica pessoa irá causar algum impacto ou qualquer impressão verdadeiramente profunda na pessoa que por acaso nota esta extravagância e se dois segundos depois o cérebro desta mesma pessoa que assistiu a este desfile de digamos “soberba” ainda irá se lembrar do que viu.
Depois de tantos anos acompanhar estas manifestações de grandiosidade e idolatria nos shoppings, nas festas e comemorações sociais, nas ruas, nas igrejas, nos teatros, nas revistas especializadas ou não etc, olho critica e profundamente para dentro de mim mesmo e faço meu próprio diagnostico; continuo preferindo meu próprio gosto, vou aos restaurantes que servem a comida mais gostosa (não necessariamente a mais cara), procuro andar em veículo que não chama muita atenção (por motivos mais do que óbvios) e prefiro lugares mais sossegados onde posso ser eu mesmo e não fingir aquele que não sou e não desejaria ser.
Por essa mesma razão em algumas das minhas apresentações públicas passadas e presentes, continuo realçando quais são os maiores fatores para alguém conseguir conquistar “sucesso”, e concluo que o fator mais importante é ser autêntico e não apenas um mero imitador ou até, algumas vezes, se tornar um pobre e mecânico robô sem personalidade!
Caro leitor e internauta, descubra e busque incessantemente seus próprios dons e prioridades de vida e não seja meramente macaquinho de alguém que você possa admirar por qualquer razão A, B ou C.
Este alguém, jamais esqueça, é absolutamente diferente de si, teve outros ancestrais, tem uma iris, um DNA e uma impressão digital diferente do seu e portanto você jamais será igual a ele pois, principalmente, o que se passa na cabeça dele será diferente do que se passa na sua cabeça!
Vou finalizar com o prometido anteriormente e que contradiz redondamente tudo que eu desejava repartir consigo;
Foi feita uma minuciosa pesquisa na Universidade de Tilburg, na Holanda pelos professores Rob Nelissen e Marijn Meijers através de observações feitas em relação às diferentes reações de pessoas que estavam usando roupas de duas mundialmente conhecidas griffes de moda como Lacoste e Tommy Hilfiger.
O estudo está sendo publicado sob o título de “Evolution and Human Behavior” ou seja “Evolução e Comportamento Humano”.
A matéria objeto da pesquisa em questão diz que a intenção é mostrar que aquelas roupas trariam os seguintes benefícios aos seus usuários: cooperação da parte de outras pessoas, recomendações para empregos e até mesmo maior habilidade para coletar dinheiro com finalidades caritativas. Várias formas de testar a pesquisa foram efetuadas.
Uma delas era a seguinte; Aos voluntários foram mostradas primeiro fotos de homens usando uma camisa pólo da Lacoste e da Hilfiger na qual o logo frontal (etiqueta) tinha sido retirada sem deixar vestígios ou então vestiam uma camiseta com algum “logo” sem qualquer prestígio e conhecido como não sendo de luxo (no caso da marca Slazenger) e alternativamente com o logo das griffes conhecidas.
Quando aparecia o homem vestindo a camisa pólo com um dos logos conhecidos ele recebia uma graduação mais elevada pelos voluntários da pesquisa. Numa escala até cinco, quando aparecia o logo Lacoste a média dada foi 3,5 e para Hilfiger foi de 3,47 que, comparado com a foto de homem com a mesma camisa pólo das griffes conhecidas, porém sem marca, dava a média de 2,91 e quando aparecia o nome do logo quase desconhecido Slazenger, a média baixava para 2,84!
Em seguida fizeram experiências em representações com atrizes contratadas em um Shopping, assistidas por outra pesquisadora feminina que parava os transeuntes. As atrizes usavam em dias alternativos blusas com ou sem o logo da Lacoste e da Hilfiger.
52% das pessoas concordavam em serem entrevistadas quando enxergavam quando as atrizes usavam uma das griffes conhecidas e somente 13% concordavam quando não enxergavam estes mesmos logos...
A experiência publicada em “The Economist” vai um pouco mais longe, mas meu espaço é limitado!
Por puríssima coincidência, quando folheio o jornal “Valor” do dia de hoje 19/4/2011 ( data em que estou publicando esta crônica no Blog), meu olhar salta sobre uma pequena inserção cujo título é “Conselhos têm efeito manada” e que diz textualmente;
”Muita gente prefere errar junta do que se arriscar a estar certa sozinha. Esse comportamento humano pode ser visto em vários vídeos no YouTube. Num deles cinco pessoas estão numa sala, sendo uma cobaia e quatro atores. Quando os atores dão uma resposta (propositadamente) errada para uma pergunta, o indivíduo testado até se mostra contrariado, mas costuma errar junto com os demais, mas quando um dos atores dá resposta certa, aquele que é testado até se sente confortável para acertar e contrariar os demais”.
Pessoalmente também confirmo o hábito das pessoas terem um terrível medo de errarem ou serem apontados como não conhecendo alguma resposta. Quase nunca alguém do auditório para os quais dou palestras se arrisca a dar uma resposta quando faço uma pergunta a respeito de algo relacionado com finanças ou investimentos.
Será que a maioria de nos será sempre uma “Maria vai com as outras?” E qual é a sua reação normal, caro leitor ou leitora? Não minta para si mesmo!
Aproveito o dia de hoje e vou testar meu Blog e pedir que todos que desejam receber meu Blog automaticamente via e-mail e como sempre irregularmente, que confirmem este desejo, mandando seu nome, cidade de domicilio e endereço de e-mail com algum (qualquer) comentário, respondendo para perfinpl@uol.com.br com o título usando no envio para o título do assunto “seufuturofinanceiro”
Um forte abraço,
Louis Frankenberg,CFP® - 19-4-2011
E-mail; perfinpl@uol.com.br e lframont@gmail.com
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