terça-feira, 19 de abril de 2011

A respeito de comportamento humano, o peso da vaidade e desejo ou não de se destacar na multidão

Após inúmeros anos ativamente trabalhando com educação financeira, tentando incutir princípios e hábitos saudáveis e perenes para as mais diferentes classes sócio econômicas de nosso país,  estou chegando  à conclusão que alguns dos meus próprios  ensinamentos  não coincidem com a mentalidade e maneira de agir da maioria dos meus conterrâneos.
Este meu grave erro de interpretação e avaliação me   lembra a história daquele soldado que estava marchando galhardamente pelas ruas de uma cidade dentro do seu pelotão. A orgulhosa mãe, vendo seu filho e os demais soldados desfilando ou seja  passando  por ela, exclama entusiasticamente “vejam, somente meu filho é o único que marcha  no passo  certo...!”
Estou começando a imaginar que sou a viva representação daquele solitário soldado ou seja, devo estar  marchando no passo errado!
Antes de resumidamente explicar a matéria que acabo de ler na edição de 2 de Abril do “The Economist” e que me faz duvidar das minhas próprias  teorias e conclusões  a respeito do assunto, peço caro leitor, que ouça o meu  aparentemente  equivocado raciocínio, também  em  poucos parágrafos e de acordo com a minha modesta opinião pessoal.
O significado da palavra  “vaidade” na cultura  cristã pode ser considerado como sendo um dos pecados  capitais  que todos deveriam conhecer. (no Wikipédia você encontra os demais)
No entanto, observando e lendo hoje em dia TV, jornais, revistas ou redes sociais, verifico que a venda de  produtos de consumo de alto luxo e que procuram enaltecer vaidade, soberba  ou ego,  estão cada vez mais na moda e vendendo mais.
O que estou vendo deve ser a mais pura verdade, pois as mais famosas marcas e griffes estão se instalando como nunca antes em nosso paíse faturando gordas fatias entre os consumistas de carteirinha.
Sabemos todos que a maior parcela do povo brasileiro é pobre ou pertence àquele grupo que costuma ser denominada de classe média baixa. Apenas  pouca gente pode considerar-se muito rico ou milionário.
Pergunto então quantos desses  dois  citados grupos majoritários, constituindo a absoluta maioria da nossa população podem se permitir pagar às vezes mais ou mesmo dezenas de vezes mais, por um produto,  sem que de alguma maneira  se prejudicam demasiadamente, deixando de adquirir algo essencial e absolutamente prioritário para seu próprio  bem estar presente ou futura?  
Nestes inúmeros  anos  em que atuo como educador e planejador financeiro, tenho visto tantas pessoas escolherem  algum produto de luxo, seja vestimenta, seja imóvel, seja ornamento, seja veículo  e ao mesmo tempo deixando de adquirir alguma coisa que pudesse melhorar sua condição educacional ou qualidade de vida ou  mesmo de saúde.
Quantas vezes   me pergunto o porque e, por enquanto,  ainda não consegui responder a minha própria indagação, pois as escolhas que vejo algumas pessoas  fazerem  me deixam frustrado e concluindo que   de seres racionais não temos absolutamente nada! Ao contrário.
Somos, isto sim, pobres seres que nos auto iludimos e que gostamos de nos exibir aos nossos semelhantes imaginando que aqueles outros vão nos admirar, quem sabe até idolatrar, exagerando propositadamente  um pouco no vocábulo  por mim escolhido.
Eu constantemente me pergunto quando alguém passa em um carro de alto luxo ou usa uma roupa de etiqueta famosa (griffe), por quantas frações de segundo esta específica pessoa irá causar algum impacto ou qualquer impressão verdadeiramente profunda na pessoa que por acaso nota esta extravagância e se dois segundos depois o cérebro desta mesma pessoa que assistiu a este  desfile de  digamos “soberba” ainda irá se lembrar  do que viu.
Depois de tantos anos acompanhar  estas manifestações  de grandiosidade e idolatria  nos shoppings,  nas festas e comemorações  sociais, nas ruas, nas igrejas, nos teatros, nas revistas especializadas ou não  etc,  olho critica e profundamente para dentro de mim mesmo e faço meu próprio diagnostico; continuo preferindo meu próprio gosto, vou aos restaurantes que servem a comida mais gostosa (não necessariamente a mais cara), procuro andar em veículo que não chama muita atenção (por motivos mais do que óbvios) e prefiro lugares mais sossegados  onde posso ser eu mesmo e não fingir aquele que não sou e não desejaria ser.
Por essa mesma razão em algumas das minhas apresentações públicas passadas e presentes, continuo  realçando quais são os maiores fatores para alguém conseguir conquistar “sucesso”, e concluo que o fator mais importante  é  ser autêntico e não  apenas um mero imitador ou  até, algumas vezes, se tornar  um pobre e mecânico robô sem personalidade!  
Caro leitor e internauta,  descubra e busque incessantemente  seus próprios dons e prioridades de vida e não seja meramente  macaquinho de alguém que você  possa admirar por  qualquer razão A, B ou C.
Este alguém,  jamais esqueça,  é absolutamente diferente de si, teve outros ancestrais, tem uma iris, um DNA e uma impressão digital diferente do seu e portanto você jamais será igual a ele pois, principalmente, o que se passa na cabeça dele será diferente do que se passa na sua cabeça!
Vou finalizar com o prometido anteriormente e que contradiz redondamente tudo que eu desejava  repartir consigo;
Foi feita uma minuciosa pesquisa na Universidade de Tilburg, na Holanda pelos professores Rob Nelissen e Marijn Meijers  através de observações feitas  em relação às  diferentes reações de pessoas  que estavam usando roupas de duas mundialmente conhecidas griffes de moda como  Lacoste e Tommy Hilfiger.   
O estudo está sendo publicado  sob o título de  “Evolution and Human Behavior” ou seja “Evolução e Comportamento Humano”.
A matéria objeto da pesquisa em questão diz que a intenção é mostrar que aquelas roupas trariam os seguintes benefícios aos seus usuários: cooperação da parte de outras pessoas, recomendações para empregos e até mesmo maior habilidade para coletar dinheiro com finalidades caritativas.  Várias formas de testar a pesquisa foram efetuadas.
Uma delas era a seguinte;  Aos voluntários foram  mostradas primeiro fotos de homens  usando   uma camisa pólo da Lacoste e da Hilfiger na qual o logo frontal (etiqueta) tinha sido retirada sem deixar vestígios ou então   vestiam  uma camiseta com algum “logo” sem qualquer prestígio e conhecido como não sendo de luxo (no caso da marca Slazenger) e alternativamente com o logo das griffes conhecidas.
Quando aparecia o homem vestindo a camisa pólo com um dos logos conhecidos ele recebia uma graduação mais elevada pelos voluntários da pesquisa. Numa escala   até cinco, quando aparecia o logo Lacoste a média dada foi 3,5 e para Hilfiger foi de 3,47 que, comparado com a foto de homem com a mesma camisa pólo das griffes conhecidas, porém sem marca,  dava a média de 2,91 e quando aparecia o nome do logo quase desconhecido Slazenger, a média baixava para 2,84!
Em seguida fizeram experiências em representações com atrizes  contratadas em um Shopping, assistidas por outra pesquisadora feminina que parava os transeuntes. As atrizes usavam em dias alternativos  blusas com  ou sem o logo da Lacoste e da Hilfiger. 
52%  das pessoas  concordavam em serem entrevistadas quando enxergavam  quando as atrizes usavam uma das griffes conhecidas e somente 13% concordavam quando não enxergavam estes mesmos logos...
A experiência publicada em “The Economist” vai um pouco mais longe, mas meu espaço é limitado!
Por puríssima coincidência, quando folheio o jornal “Valor” do dia de hoje 19/4/2011  ( data em que estou  publicando esta crônica no Blog), meu olhar salta sobre uma pequena inserção cujo título é “Conselhos têm efeito manada” e que diz textualmente;
”Muita gente prefere errar junta do que se arriscar  a estar certa sozinha. Esse comportamento humano pode ser visto em vários vídeos no YouTube. Num deles cinco pessoas estão numa sala, sendo uma cobaia e quatro atores. Quando os atores dão uma resposta (propositadamente)  errada para uma pergunta, o indivíduo testado até se mostra contrariado, mas costuma errar junto com os demais, mas quando um dos atores dá resposta certa, aquele que é testado até se sente confortável para   acertar e contrariar os demais”.
Pessoalmente  também confirmo  o  hábito das pessoas  terem um terrível medo de errarem ou serem  apontados como não conhecendo alguma resposta. Quase nunca alguém do auditório para os quais dou palestras  se arrisca a dar uma resposta quando faço  uma pergunta a respeito de algo relacionado com finanças ou investimentos.
Será que a maioria de nos será sempre uma “Maria vai com as outras?”  E qual é a sua reação normal, caro leitor ou leitora? Não minta para si mesmo!
Aproveito o dia de hoje e vou testar meu Blog e pedir que todos que desejam  receber   meu Blog automaticamente via e-mail e como sempre irregularmente, que confirmem este desejo, mandando seu nome, cidade de domicilio e endereço de e-mail com algum (qualquer) comentário, respondendo para perfinpl@uol.com.br com o título  usando  no  envio para o título do assunto “seufuturofinanceiro
Um forte abraço,

Louis Frankenberg,CFP® - 19-4-2011







    







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