quarta-feira, 27 de julho de 2011

Existe a probabilidade de alguma crise financeira brasileira ou internacional me afetar ?

Louis Frankenberg,CFP®  27.07.2011


Esclarecimento
A presente crônica deve ser considerada uma  ampliação da anterior de 2/7/2011 

Uma minha resposta do tipo “em cima do muro” poderia ser “é tudo relativo”. Por que?  
Porque múltiplos fatores  que   possam afetar uma futura (porém muito provável) crise financeira em nosso país não dependem apenas de você, uma de suas  potenciais vítimas, mas sim  de complexas situações internacionais que incluiriam fatalmente o nosso país.
Os argumentos que pudessem confirmar essa minha tese são inúmeros e, alguns deles, certamente incluirão fatores políticos, tanto os de cunho nacional como internacional, além daqueles puramente  financeiros.
Em minha crônica anterior pintei um cenário realista na qual uma pessoa como norma deveria atuar com extrema precaução, pois  sempre encontrará pela frente incertezas e imprevistos.
Alguns dos países mais importantes do mundo encontram-se hoje em dia de tal maneira interdependentes que, acontecimentos em um deles, afetarão   com toda a probabilidade aos outros,  é o  tal de efeito “dominó”.
Em outras palavras, crises de nível internacional quase sempre estarão correlacionadas e acatarão conseqüências   impossíveis de serem antecipadamente definidas.
É por essa razão que nosso próprio país pode ser considerado atualmente muitíssimo dependente de acontecimentos que possam ocorrer, tendo o seu epicentro vindo de fora.  
Vejamos  a seguir resumidamente  alguns dos argumentos que minha  mente (por enquanto não esclerosada) captou e que possivelmente têm influência sobre uma série de fatores, igualmente correlacionadas, pois um fator quase sempre desencadeará o próximo.
Pessoas curiosas, interessadas ou melhor informadas sabem que tanto a Europa quanto os Estados Unidos estão atualmente enfrentando grave período de turbulências econômicas e financeiras que, também poderíamos chamar de crises político financeiras. (ninguém, por enquanto, quer admitir a gravidade e enormidade do potencial de problemas devido aos endividamentos!)
Estas questões, por enquanto não solucionadas podem, eventualmente, derivar para  conseqüências sociais com desordens etc, como ocorre atualmente na Grécia, mas também acontecem em Portugal, França, Espanha e outros países da Europa em maior ou menor escala.
Realço novamente, de acordo com minha crônica anterior, que essas manifestações populares são indiretamente resultantes de endividamento excessivo de governos desatentos e permissíveis, mas sem dúvida também, de populações viciadas desde os tempos de opulência no passado e que, agora se tornaram consumidores viciados querendo cada vez mais em vez de apertarem os cintos.
Essas populações de maneira alguma querem aceitar que os tempos mudaram e que o endividamento coletivo passou dos limites e de que precisam agora   tomar sérias providências para estancar a hemorragia. 
Gostaria neste ponto e antes de continuar, realçar novamente de que como observador neutro mas crítico  que sou, e também planejador financeiro há muitíssimos anos, que acredito que a falta de medidas e programas preventivos, educacionais e financeiros elaborados e promovidos por governos, são os grandes responsáveis   pelo desencadear e existência de muitas  dessas crises.
Vou, entretanto, tentar me concentrar em nosso próprio país, sabendo que o desencadear de uma eventual futura crise financeira aqui  entre nós, também  poderá futuramente  estar sendo desencadeada a partir de faíscas  vindas do exterior.
Você amigo leitor do meu blog, sabendo que não possuo a mínima influência sobre acontecimentos que ninguém sabe quando e com que  intensidade virão, provavelmente não dará a mínima importância à minha opinião,  mas não poderá nunca afirmar que não  lhe alertei em tempo.
Possuo apenas como arma opinativa minha experiência pessoal  de observação e razoável conhecimento de economia e finanças nacional e internacional. Nada mais.
Também  não posso afirmar  com certeza se é melhor para todos terem sidos alertados para enfrentar alguma crise e então  subitamente  serem confrontadas com alguma, sem terem qualquer margem de manobra preparada antecipadamente (tipo plano “B”), quando a batalha por sua  própria sobrevivência econômica e financeira tiver chegada à nossa  terra. Vamos lá!
Gente, a cada ano que passa, mais estaremos amarrados  às mãos do gigante China que já acordou  há algum tempo e que agora começa a dominar imensas áreas comerciais,  industriais e agrícolas de nosso país ( e outras partes do mundo também).
Nossos políticos, dirigentes e o próprio Governo não estão nem de longe preocupados com esse desenrolar dos acontecimentos, mas nossos industriais e exportadores já estão sentindo na pele seus efeitos perniciosos.
É nosso tradicional estilo de fazer de conta que nada está acontecendo. Somos por natureza demasiadamente otimistas, do tipo “Deus é brasileiro”. Até ser tarde demais.
O que é preciso fazer urgentemente é incentivar e promover (favorecer fiscalmente) mais intensamente nossos mercados internos. Não adianta adquirirmos hoje artefatos tecnológicos mais baratos e você, eu e tantos outros patrícios perdermos nossos empregos, negócios etc. daqui a alguns  meses ou mesmo  anos.
Lembrem-se que temos filhos, netos e bisnetos, que sofrerão as conseqüências de nossas ações ou cegueira  adotada agora mesmo.
Os Estados Unidos já perderam quase toda a sua indústria automobilística (e outros setores industriais e de serviços) e dependem em quase tudo da importação...
Seus cidadãos estão atualmente perdendo seus empregos e imóveis (este último item por fúria especulativa de seus próprios cidadãos). Nas últimas décadas, devido a mão de obra muito mais barata, levaram suas principais indústrias para a China, mas agora devem estar amargamente arrependidos da  própria estupidez.
Nós no Brasil, podemos estar vendendo  nossas industrias   também para os chineses e talvez  também nossas férteis terras  para suprir as bocas famintas dos  muitos milhões de chinesinhos que continuam nascendo por lá. Será que não vamos nos arrepender futuramente também?
Estamos aqui no Brasil no meio de um surto de construção e venda de imóveis com valorização excessiva e quero lhes advertir que imóveis em alguns outros países estão se desvalorizando neste mesmo momento. (ler minha crônica anterior).
Portanto, muito cuidado caro amigo, ao adquirir algum imóvel (ou mesmo um fundo imobiliário mal estruturado e pouco transparente). Avalie com cuidado se você não está se excedendo no seu endividamento e querendo ter todos os seus sonhos realizados em pouco tempo! Qualidade de vida significa justamente o oposto de consumismo exagerado, endividamento  e inadimplência.
Nossa “Previdência Social” deveria ser rebatizada de “Imprevidência Social”, pois a estrada que atualmente está sendo enveredada é o de futuro caos e de muita gente  sem receber seus benefícios de pensão e aposentadoria que pagaram a duras penas por inúmeros anos.
Países  europeus já se deram de conta que idades mínimas devem imediatamente serem  alteradas para cima,  pois contrariamente não haverá dinheiro suficiente para sustentar os futuros velhinhos.
E nós aqui? Empurramos  as reformas  que devem ser feitas com a barriga, nenhum político  querendo melindrar seus eleitores e nenhum governo  querendo assumir tamanha e tão melindrosa  tarefa.
Caro leitor, é melhor você se preparar desde já, pois quando estiver velho e alquebrado, não terá força para reclamar e  marchar pelas ruas clamando por seus direitos suprimidos!   
A aquisição ou dívida em  dólar ou  euro,  pode ser interpretado como um verdadeiro  trem da alegria para os importadores e turistas.  Muita gente anda inebriada com seu valor ilusório e desproporcional em relação a outros  aspectos da vida comercial e industrial  de nosso país.
É por essa única razão que nossos aeroportos estão atualmente superlotados de pessoas ingênuas, iludindo-se com esta taxa cambial artificialmente baixa e viajando adoidadas para o exterior, pagando as dívidas posteriormente com a enxurrada de crédito concedido por instituições financeiras oficiais e privadas. 
Os aviões em que viajam para o exterior, de fato estão com suas lotações esgotadas, mas a quantidade de gringos que vem nos visitar de maneira alguma está aumentando na mesma proporção, pois eles acham, (e todos eles sabem muito bem fazer suas contas) que o custo de vida turística  interna  em nosso país é muito elevado.   Comparem o preço de nossos hotéis de lazer com alguns dos Estados Unidos ou mesmo da Europa e verificarão que tenho razão.
Em meu livro “Sucesso e Independência”, capítulo XII, da Editora Elsevier, descrevo no item 4 o que aconteceu com a classe média argentina  nos anos 90. O título que  dei ao capítulo  foi;  A classe média argentina, seduzida e abandonada”. Você vai achar o assunto sumamente interessante, pois lá retrato acontecimentos que possam vir a acontecer aqui, além de outros aspectos importantes que são abordados  para se ter uma vida material  e espiritual mais saudável.
Pela Internet poderão adquirir o livro em www.elsevier.com.br, clicando meu nome ou título do livro. (um pouco de merchandising não me fará mal  algum e poderá abrir seus olhos para outros aspectos importantes da  sua vida).
Há muitíssimos anos eu também critico com veemência o absurdo nível das taxas de juros que pagamos em nosso país. Algumas dessas taxas  continuam  praticamente idênticas aos que praticávamos  na época da  elevada inflação mensal...! Alguns sobreviventes hão de se lembrar.
Não se pode, como continua acontecendo à algumas famílias, estar endividado em 25 ou 30% em relação aos  ganhos brutos  mensais de uma família. Chamo a esta suprema  estupidez de alguns, de serem candidatos quase certos para um  futuro suicídio econômico-financeiro.
Comparo novamente o cidadão classe média norte americana ao nosso  próprio cidadão classe média.
O de lá  ganha mais que o dobro que nosso patrício, mesmo assim, lá também,   muitos  deles estão  hoje em dia  numa enorme sinuca, imaginem então em nosso próprio país onde os ganhos reais são geralmente muito inferiores.  
Perguntem aos institutos de pesquisa e outras entidades  que publicam e se preocupam com estes dados se  nossas recém  promovidas classes sócio econômicas “C” e “D” estão pagando  direitinho seu endividamento ou,  ao contrário, estão cada vez mais inadimplentes devido ao facilitado credito assumido,  cantada em prosa e verso pelo governo anterior.
Vamos agora abordar o  endividamento interno do Brasil que é representado pela totalidade de dinheiro que nosso Governo deve. E para quem?  Para nós cidadãos!
As últimas cifras indicam que essa dívida atualmente é de R$ 1,81 trilhões de Reais. Você leu certo, são R$ 1.810.000.000.000,00! Esta quantidade absurda de dinheiro, que dizem que comparativamente com o  relativo tamanho de ambos os países, nem de longe   alcança o endividamento da Grécia que é de 150% do PIB anual contra  39,8% do PIB anual em nosso país. Para um país como o nosso, no qual a maioria da população ainda ganha menos de R$ 1.500,00 mensais, esse endividamento é por demais alto.
Para os menos bem informados, que não têm idéia  de quanto este trilionário endividamento do Brasil representa de fato,  quero salientar que somos um dos países do mundo no qual individualmente mais tributos são pagos e onde as estradas, portos, serviços urbanos,  saúde, educação, segurança etc. é mais do que precário, é lamentável. 
Por que será que nosso endividamento público então é tão elevado? Para onde então foi todo este dinheiro?
Profundamente envergonhado devo admitir e culpar a corrupção, a quantidade excessiva de funcionários públicos existentes e a  má administração do Estado como sendo  as principais causadores dos excessivos tributos que pagamos e  culpando-o  igualmente  pelo exagerado endividamento interno!
Em data de anteontem, 24/7/2011, vejo meio escondido no texto de um dos cadernos do “O Estado de S. Paulo” que a ONG “Transparência Internacional” calcula  que nosso índice de corrupção  gira ao redor de 26% em relação a totalidade do dinheiro movimentado no país, mas que este também poderia ser de 43%... !
De verdade, ninguém sabe o tamanho da corrupção  mas com toda a probabilidade    ainda a medimos  através do  conhecido “chutômetro”!
Portanto somente posso concluir que existe escondido em algum lugar  uma bomba do tempo que pode explodir em suas mãos. qualquer dia  desses, causando efeitos desconhecidos para meu pobre e  limitado conhecimento.
Recebi coincidentemente ontem pela Internet, uma triste mas perfeita representação gráfica em vídeo que confirma tudo que acabo de descrever. Acredito que vale a pena  então ler o   livro que promovem denominado “Carregando o elefante”, recentemente publicado ou  então clicar em www.carregandooelefante.com.br  para você ter a confirmação de tudo que você leu até agora nesta minha  despretensiosa, negativa, extensa,  porém realista crônica.
Se você tem investimentos de renda fixa em fundos de investimento ou planos de previdência para a aposentadoria, não importando se são estatais ou privados, é possível (não afirmo nem garanto que possa acontecer e por isso jamais me cobra) que um belo dia as Letras do Tesouro Nacional e outros títulos emitidos pelo Governo Federal  não sejam honrados pelos responsáveis pelos mesmos.
Está acontecendo na Grécia, já aconteceu no Governo Collor, porque não haveria de acontecer novamente aqui?
É tão mais simples o Governo Brasileiro dar o calote em seus próprios cidadãos do que ter de enfrentar a ira das poderosas instituições financeiras internacionais ou outros governos soberanos que adquiriram nossos papeis.   Hoje temos suficientes  reservas internacionais, ao redor de 300 bilhões de dólares mas...   
Gente, o que  está ocorrendo na Grécia e  em outros países europeus e está ameaçada de   acontecer  também  nos Estados Unidos, cuja dívida externa é de 14 trilhões de dólares e que  deve ao nosso país 300 bilhões de dólares que  lá estão depositados.  
Adquirimos aquelas reservas  paulatinamente com o suor de nosso trabalho justamente  para nos proteger contra futuros calotes!  E se não nos devolverem este dinheirão?
Nós aqui no Brasil, podemos nos tornar  a Grécia do dia de amanhã, caso não aumentarmos nossa poupança interna, ensinarmos nossa população a poupar,  gastarmos menos e cuidarmos melhor do dinheiro arrecadado!
Para tornar tudo ainda mais confuso, explico que nossa taxa inflacionária  interna atualmente gira ao redor de 6,2% ao ano, significando que muitos dos investimentos no mercado financeiro  que você está fazendo tenham de fato um rendimento líquido verdadeiro perto de “zero  por cento”, após o  pagamento de despesas bancárias  e imposto de renda.
Bem, para ser franco consigo, caro leitor,  eu não sei como você deve proceder em relação a  quantidade de minhocas e estrume que acabei de atirar em sua direção, e tampouco sei  como vou lhe oferecer algumas respostas mais positivas!
Podem crer que  também fiquei exausto (e enojado também)  ao ter de  escrever tanta coisa negativa e agora preciso me livrar desta  minha consciência  pesada!   
Mas na parte final desta interminável  crônica vou lhe dar de sobremesa uma pesquisa  otimista, porém  em troca você vai me prometer em  viver de agora em diante com menos dívidas. 
Saiba que qualidade de vida se conquista  com sangue, suor  e lágrimas, como disse o ilustre Ministro do então Império Britânico Winston  Churchill  durante a 2º guerra mundial e “nunca é dada de graça, acrescento eu”.
Espalhe suas reservas patrimoniais entre conquistar seu próprio imóvel de moradia e busque inicialmente ter reservas financeiras suficientes que possam durar pelo menos por um ano, para jamais ter de entrar em cheques especiais, cartões de crédito  ou empréstimos pessoais  com  juros escorchantes.  
Modere  seus impulsos de gastança nas fabulosas  bugigangas eletrônicas, computadores, laptops, notebooks, iphones, ipads, ipods, TVs de última geração, atrativos automóveis (que pagam por sinal um absurdo 50% de tributos ao entrarem em circulação em nosso país e que no México e outros países podem ser adquiridos pela metade do preço!)
Minha máxima  favorita sempre foi e continua sendo, baseada na dura realidade da vida;
“Quem vai  ter de cuidar futuramente de você,  é você mesmo!”
Esta máxima contraria uma  recente pesquisa  feita pela “Ipsos”, publicada pela Folha de S.Paulo em 21 de Julho último, na qual  consumidores do Brasil comprovam    sendo as pessoas mais otimistas do mundo, com 62% daqueles que foram entrevistados, imaginando que a nossa economia vai melhorar nos próximos seis meses.
A pesquisa foi realizada em 24 países e também mostra que os entrevistados mais pessimistas pertencem  ao Reino Unido com 14% de otimistas, Correia do Sul com 12%, Japão com 9%, Hungria com 8% e na lanterninha vem a França com apenas 5% de otimistas! 
Será que consegui me redimir com vocês caros leitores, oferecendo-lhes esta última  pesquisa tão otimista?   
Abraço e até o próximo blog.
Louis Frankenberg, CFP®   27/07/2011

Quem dos novos leitores ainda não me pediu anteriormente, porém deseja continuar recebendo automaticamente por e-mail meus desconcertantes e sem datas pré fixados blogs, pode responder fornecendo nome, endereço de e-mail, citando no título na resposta “seufuturofinanceiro” e fazendo algum comentário (não necessariamente positivo). Divulguem meu blog entre seus familiares e amigos que lhes serei  eternamente grato. Louis


 








sábado, 2 de julho de 2011

Ser precavido e cauteloso nunca fizeram mal a ninguém. O oposto sim!

Louis Frankenberg,CFP®

Na presente crônica tento me antecipar  às futuras crises em nosso país que, sinceramente espero, nunca mais  possam acontecer por aqui.
Entretanto, olhando o Brasil pelo espelho retrovisor, infelizmente tenho o dever de advertir  aos mais “chauvinistas”, aqueles preferindo desconhecer nosso passado  recente, de que  certamente novas crises  virão.   
Espero que você caro leitor me perdoa por assustá-lo com o que vou escrever a seguir e que, talvez não seja bem aquilo que você gostaria que eu lhe dissesse  por intermédio do meu blog.
Não posso, entretanto, deixar de revelar em voz alta, o que passei a  sentir desde a semana passada. 
Se você não agüentar realismo e prefere textos  otimistas  e a respeito de ufanismo, pare de ler esta crônica imediatamente e escolha para ler um livro com contos de fadas.
De qualquer maneira, na semana passada meu sub consciente subitamente alertou  meu consciente e, pensamentos menos positivos acorreram na minha mente. Tenho por hábito respeitar meu próprio instinto e por isso passo a pensar em voz alta. 
Em determinado dia da semana passada estava eu a ler com toda a atenção os principais jornais nacionais e também a minha   revista preferida, “The Economist”. A noite  costumo também  sintonizar noticiários  internacionais pela TV e Internet, BBC, Fox News e CNN quando subitamente na  minha mente ocorreu um  ensurdecedor click e caiu a ficha. Eis portanto, o porque desta crônica, fruto do tal de click.
Caro amigo leitor, este é o momento apropriado de dar um  chega pra lá e mudar para outro site caso você não gosta de alertas.
Vi e li alguns dos assustadores detalhes daquilo que atualmente anda ocorrendo  na Grécia. 
O país está super endividado, interna e externamente. Parece que tanto  seu Governo como seus  respeitáveis cidadãos gastaram demais  nestes últimos anos ou seja viveram uma vida irreal, além das posses e agora  não sabem como se livrar do enorme endividamento que construíram, precisando de fabulosos empréstimos dos demais países da zona do Euro para sobreviver.
Seres humanos preferem sempre melhorar suas condições de vida, nunca voltar  a um passado de pobreza e dificuldades, daí as revoltas resultantes na Grécia.
Em pano de fundo, mas nem por isso menos importante, e momentaneamente ofuscado pela Grécia, sabemos que aquele país  está em boa companhia. Problemas bem parecidos ocorrem também em Portugal, Irlanda, Islândia e também na Espanha e, em menor escala na própria Itália.
Problemas menos citados, mas igualmente sujeitos a eventuais chuvas e trovoadas estão, além dos países citados,  ocorrendo em países da  ex Europa Oriental.
Estive em Portugal e na Espanha nos últimos 12 meses. Em Madrid, vindo do aeroporto, passei por bairros inteiros de prédios recém construídos, porém completamente abandonados, sem potenciais compradores   ou inquilinos pagando algum aluguel.
Está faltando um mínimo de poder aquisitivo dos potenciais candidatos, me informou um motorista de taxi.
Em Portugal  os imóveis diminuíram  entre 15% e 20%  de seu valor  original e um nosso  familiar  que lá mora, teve a opção de ser demitido  ou aceitar uma  diminuição de 10% do seu salário...
Em nosso próprio país assisto a um vertiginoso aumento do crédito concedido para todas as modalidades de financiamento, trombeteado orgulhosamente  pelo Governo, mas sem que os respectivos tomadores dos empréstimos etc.   recebam suficientes informações sobre os enormes riscos que correm  ao ultrapassarem   os limites razoáveis de seus próprios ganhos. 
As altas direções das gigantescas construtoras nacionais e internacionais que brotaram em nosso solo   qual cogumelos nestes últimos anos, esfregam avidamente e felizes suas mãos e aproveitaram a ocasião para aumentar em talvez mais de  100% o valor dos imóveis  que constroem.
O deus lucro a qualquer preço, anda dominando muitas mentes... O tal do mercado que somos todos nos, acha tudo isso maravilhoso e, por enquanto, está eufórico e feliz. Por enquanto! 
Admito que sou um estraga prazeres e quero neste  meu modesto blog relembrar a todos o ditado de que “quando alguns ganham, outros perdem  e  de que não existe refeição grátis”.
Consultando  algumas das pesquisas que coleciono, verifico que nosso povo como um todo  não ficou 100% mais rico nos últimos tempos. Será que estou errado?
A atualmente sempre citada e glorificada classe sócio-econômica “C”, cantada em prosa e verso  por muitos economistas e que,  segundo eles, acaba de sair da pobreza (isto é classe “D”), apenas adquiriu uma frágil e fina película de verniz de poder aquisitivo mas, por outro lado, continua não possuindo nenhum dinheirinho na poupança para enfrentar desemprego e outros  imprevistos.  
Lamento informá-lo, caro leitor que é tudo embromação, pois  pagamos os mais altos tributos visíveis e  ocultos do mundo e  o índice  inflacionário continua sendo  bem mais elevada que a tal da meta de 4,5% ao ano, almejado pelo Banco Central.  
Recordo bem demais o que ocorreu recentemente nos Estados Unidos  com os malfadados  imóveis  super valorizados, financiados por duplas hipotecas e que agora  podem ser  adquiridos  pela metade do preço... será que isso não seria possível de ocorrer aqui em nosso país onde os ganhos per  capita da população como um todo é muito menor?
Ingenuamente pergunto se nossos bancos privados oferecem crédito na mesma escala quantitativa  e falta de análise  mais minuciosa dos financiados, como   atualmente estão atuando o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, que operam com dinheiro que não lhes pertence mas isto sim, é fruto de arrecadação de impostos? Com que dinheiro vão construir nossas estradas, pontes, portos, estádios para a copa do mundo etc?
Relembro vivamente igualmente daquilo que ocorreu há alguns anos na Argentina (onde por pouco tempo  morei  e trabalhei e por isso conheço razoavelmente bem aquele país).
Nos anos áureos os argentinos vinham para cá e tomavam conta de nossos hotéis e praias, pois a moeda deles estava super valorizado e a nossa própria  moeda minguadinha, precisando de fortificante.
Então subitamente lá ocorreu o maior dos desastres e a classe média argentina virou classe “C” e até hoje ainda não se recuperaram.  Isto não pode se repetir por aqui?
Comparo aquela suprema  desgraça dos argentinos devido a taxa cambial valorizada de alguns anos passados  com a nossa atual taxa de câmbio. Segundo alguns economistas, ela se encontra 45% acima da realidade. Os nossos  exportadores de produtos industrializados, com toda a razão,  se queixam amargamente, pois não conseguem concorrer com a China  e tantos outros países.
Os industriais e comerciantes, também não conseguem produzir e concorrer (sempre os chineses) devido aos elevados tributos embutidos na produção, além da  mirabolante  burocracia existente, pois os preços externos que obtém  por suas mercadorias, não pagam o custo de produção (novamente devido ao câmbio desfavorável). 
Não está longe o dia em que fecharão suas unidades fabris e comerciais e então os chineses dominarão por completo nosso mercado interno de aproximadamente 200 milhões de brasileiros. É muito provável que eles também serão os donos da maioria de nossas unidades fabris! Espero estar equivocado.
Mas por outro lado as classes sócio econômicas A, B e C estão muito felizes (e igualmente os agentes de turismo e companhias de aviação) pois hordas de brasileiros estão invadindo, como nunca antes, outras terras, principalmente os Estados Unidos com um dólar artificialmente barato, gastando bilhões lá fora em eletrônicos, roupas, telefones celulares de ultima geração, além dos habituais passeios. 
Será que esta farra de queimação de dólares e euros vai durar para sempre? ( é bom não esquecer o que citei mais acima  a respeito do que aconteceu na Argentina.)
Em compensação os turistas estrangeiros vindos da Europa, Ásia e America do Norte não querem mais nos visitar, pois internamente somos atualmente demasiadamente caros em relação a terras tão lindas quanto as nossas que eles podem visitar.
Mudando de enfoque e na condição de planejador financeiro, observo inquieto os novos ”IPOs”  sendo anunciados em letras garrafais em jornais e outras mídias, como se fossem pipocas explodindo a torto e a direita. Inúmeras empresas (algumas de fato qualificadas, outras provavelmente apenas atrás de lucros fáceis a custa de investidores ingênuas e inexperientes e ainda os fundos de pensão que na atualidade estão em fase de acumulação de patrimônio, mas pouco se preocupam com  os  aposentados aos quais precisam futuramente dar  uma vida decente).  
Poderosos grupos financeiros como bancos e corretoras, procuram  jogar o preço dessas novas ações  durante o lançamento no  patamar mais elevado possível, geralmente  acima de valores  racionais  e fico  imaginando quantas delas  manterão suas cotações no mesmo nível ou acima da oferta inicial, quando a realidade da lei da oferta e da demanda  passa a ocorrer na livre negociação posterior.
Lembro aos afoitos jovens que desconhecem as crises que certamente vão acontecer  em algum momento futuro e incerto. Estes jovens e outros não tão jovens poderão perder boa parte do seu capital. Portanto escolham empresas solidas, bem estruturadas, tradicionais, transparentes, honestas e conhecidas, aquelas que já demonstraram  serem confiáveis!
Posso até adivinhar  algumas das misteriosos conseqüências  do surgimento de algumas das novatas em  nossa BM&FBovespa;
empreendedores e empresários ricos, intermediários financeiros tendo obtido um bom quinhão do lucro na colocação das ações e milhares de acionistas  enganados e arrependidos,  lambendo feridas e, quem sabe, jurando nunca mais confiarem no mercado acionário.  Investidor, saiba que não é de hoje que alguns ganharam muito nas Bolsas do mundo inteiro e muitos também perderam até as calças!
Da mesma maneira vejo alguns dos Fundos Imobiliários  que ultimamente  estão tão em voga.  
Mesmo sem ler os detalhes dos enfadonhos prospectos, vislumbro  aspectos que não me inspiram confiança e não tenho a mínima vontade em possuir suas cotas, tal  a provável concentração   dos recursos  que vejo canalizados para determinado segmento muito restrito. Vejo sim, interesses mesquinhos sendo perseguidos por seus controladores. Recortei a oferta de um desses fundos do jornal e sem querer revelar o nome, o  acompanharei  por algum tempo. Muito   me admiro que a própria CVM deu permissão para este fundo investir os recursos da maneira como pretendem fazê-lo.
Segundo o Banco Central o crescimento da totalidade do “crédito  concedido”, divulgado recentemente, este ampliou-se em 18% nos últimos 12 meses.  Qual será o percentual desse novo contingente de   devedores  que analisaram cuidadosamente se terão capacidade de liquidar seus empréstimos e hipotecas?
Quanto aos administradores das diversas siglas existentes de  cartões de crédito, estes cavalheiros orgulhosamente anunciam  que a quantidade de plásticos em circulação é cada mês maior.  Pela pregação dos mesmos parece até  que estes novos endividados são  cada vez mais prósperos. Raramente encontro informações fidedignas  que informam a quantidade de pessoas  atrasadas em suas obrigações ou  até mesmo  inadimplentes.  
Numa das raras ocasiões encontro escondido em uma página central do Estado de S.Paulo do dia 22/6 a informação de que em Curitiba 85% das pessoas estão endividadas.
Valor média da dívida de cada devedor; R$1.608,00 significando  este montante um elevado 27% de comprometimento da renda individual. 
Em Porto Alegre o endividamento médio é de R$ 2.145,00  correspondendo a 30% da renda de cada devedor.
Em Natal  a média de endividamento é de R$ 1.531,00 correspondendo a 39% do orçamento doméstico de cada uma dessas pessoas.
A Anefac, Associação na qual sou um dos diretores, em Maio deste ano divulgou as seguintes taxas de juros médios anuais praticados no país; juros no comércio; 95,15% - no cartão de crédito; 238,30% - no cheque especial; 155,20% - através do empréstimo bancário;74,52% e através do empréstimo em financeira; 196,50% . Conhecendo-se os percentuais de alguns desses itens citados acima, não consigo  acreditar que qualquer pessoa  inteligente queira queimar  27% - 30% ou até 39% dos seus ganhos   e voluntariamente ingressar no rol dos cada vez mais endividados.   
Caros leitores, a aquisição de uma moradia ou de um veiculo ou mesmo de um eletro doméstico a prazo deve ser objeto de cuidadosa análise e avaliação, sob tantos  aspectos diferentes... principalmente em função do percentual da taxa de juros anual a ser paga e do percentual do orçamento doméstico que   será comprometido.
Espero sinceramente que aqui em nosso  próprio país não vamos  enfrentar  crise  futura igual  aos que   ocorreram no  passado e que hoje também estão acontecendo nos países da Europa. 
O Brasil está inserido no mundo e mesmo que estejamos no momento atual atravessando um período melhor, não estamos de maneira alguma isentos de crises importados lá de fora ou provocados por nos mesmos.
Em 01/06/2011 publiquei neste blog a crônica denominada “A maior diferença entre nações endividadas e famílias endividadas”. A atual crônica pode ser considerada  uma continuação daquela. Procure-a caso não a tenha lida. Finalizo novamente com o título;
Ser precavido e cauteloso nunca fizeram mal a ninguém. O oposto sim!
E um forte abraço,

Louis Frankenberg,CFP®  - 03.07.2011