sexta-feira, 20 de março de 2015

Finanças Pessoais; entre o "wishful thinking" e a "realidade".

Finanças Pessoais; entre o wishful thinking* e a realidade.
Louis Frankenberg, CFP® 20-03-2015.

Em 1974 escrevi a primeira matéria relacionada com finanças pessoais na então revista econômica financeira chamada “Banas”. Alguns anos mais tarde fui convidado para escrever uma coluna especializada direcionada à pessoa física para a revista “Exame” por outros 6 anos.   Tenho, portanto, muito orgulho em afirmar que sou o pioneiro na difusão em nosso país da extrema importância que deve ser dada à “Educação e Planejamento Financeiro das Pessoas Físicas” ao qual me dedico desde os anos 70.
Qualquer pessoa e sua respectiva família deveria manter sob controle suas receitas em relação as despesas mensais e, igualmente, considerar seriamente em criar sistematicamente fontes alternativas de renda para a época da aposentadoria.
Imaginem, portanto, que há mais de 40 anos o então jovem Frankenberg já se envolvia inteiramente com assuntos relacionados à educação e planejamento financeiro.
Devido determinadas peculiares condições familiares já havia me dado de conta que somente eu   haveria de ser responsável por meu próprio futuro.
Confirmei definitivamente esta filosofia, além da crescente experiência de vida que havia adquirido, quando no ano de 1.999, publiquei meu 1º livro que desenvolvia metodicamente quase todos os aspectos objetivos e subjetivos relacionadas à disciplina das finanças pessoais. Havia levado 3 anos para escrevê-lo.
Não foi por acaso que já naquela época dei ao livro o sugestivo título e subtítulo de “Seu Futuro Financeiro - Você é o único Responsável”.
O mesmo alcançou 21 edições, tornando-se um enorme sucesso e campeão de vendas.  Hoje em dia pode somente ser encontrado através da Internet ou fisicamente em sebos, caso você estiver interessado no conteúdo. 
Para alguém que visitava alguma livraria em nosso país e antes da publicação da 1ª edição daquele meu livro, este somente encontrava publicações especializadas visando aspectos envolvendo empresas e que tratavam de temas específicos de como tornar-se mais eficaz ou mais produtivo, como ser um bom dirigente ou bom funcionário, etc.
Desde que me lembro e nos primórdios da minha vida profissional, eu proclamava intuitiva e enfaticamente, a quem quisesse ouvir que, a grande maioria dos seres humanos incluindo, portanto, pessoas de todos os níveis sócio - econômicas, funções e profissões, tinham como maior objetivo de suas vidas, alcançar riqueza e tranquilidade financeira.   

O interessante ou talvez seja mesmo estranho, que inúmeros dos atuais executivos e mesmo profissionais liberais que acabei conhecendo e assessorando, esqueceram-se deste  tão importante  objetivo.
Alguns deles imaginam que “Poder”, “Posição" ou “Visibilidade Social”, são bem mais relevantes que construir um sólido e seguro patrimônio financeiro e/ou imobiliário.
Poderíamos resumir o anteriormente dito por uma sentença da moda, espelhando a atual  maneira de pensar da nossa sociedade e que eu resumidamente intitularia; “Ter” antes de “Ser”.
Quase todos que assim pensam algum dia acabam descobrindo (às vezes demasiadamente tarde) que “Felicidade”, “Saúde”, além de “Finanças bem ordenadas a prova de acidentes e terremotos” são mais importantes que fatores apenas transitórias e  de pouca validade.
Nesses decênios de anos que passaram desde que me entendo por profissional de finanças pessoais, o mais ético e consciente possível, nunca abandonei a bandeira de todos os acima citados objetivos.    
Descobri e confirmei através dos anos que era melhor amealhar um patrimônio e renda que garantissem razoavelmente e da melhor maneira possível, minha  própria velhice e a dos meus assessorados clientes também.
Descobri igualmente, por esta mesma experiência própria adquirida e, adicionalmente acompanhando a clientela conquistada de longa data que, a melhor forma de conquistar tudo isso, seria acumular tijolo por tijolo em vez de correr riscos perigosos.
Eu sabia que a conquista da independência financeira estava limitada a apenas poucos anos e qualquer erro estratégico poderia ser fatal.
Ao contrário do que possa parecer, fruto dessa vivência profissional, convivi  inclusive com alguns executivos e profissionais liberais que deram maior importância a ilusões óticas tais como “ter” ou “aparentar”.
Em país igual ao nosso, (e que cada leitor interprete como quiser o significado de “igual ao nosso”), ser racional, cuidadoso, conservador e previdente é aquele que se preocupa desde os primórdios de atividade profissional com a gradativa construção do seu patrimônio e consequente geração de fontes de renda que lhe possam garantir seus anos futuros e  evitar ao máximo percalços  fortuitos e pessoais ou naturais acidentes de percurso. 
Chamo muita atenção para o óbvio fator de que ninguém é capaz de ressuscitar seu próprio passado e graves equívocos cometidos podem ser impossíveis de serem contornados ou revertidos caso não adotarmos alguns  procedimentos precaucionais. 
Lembrem-se sempre que na condição de seres pensantes que somos   (infelizmente somente as vezes racionais) impreterivelmente ocorrerá algum episódio ou mesmo período maior no qual  nos será impossível direcionar bruscamente o barco em direção oposto. 
Quero dedicar esta crônica a todos meus leitores, clientes atuais e antigos, que se tornaram quase sempre meus amigos. Alguns deles, de natureza mais aventureira, ainda têm a oportunidade de optar por caminhos alternativos, mais realistas e menos arriscados.
Por fim um lembrete do grande Psicólogo chamado Daniel Kahneman** que afirmou (e insofismavelmente conseguiu provar por suas experiências feitas com seres humanos) que a vida nos sinaliza que na maioria das vezes somos por demais otimistas em relação às estatísticas realizadas referentes aos nossos sonhos e desejos.
Um abraço amigo,
Louis Frankenberg, CFP®; um humilde planejador financeiro.   20-03-2.015
E-mail; perfinpl@uol.com.br e lframont@gmail.com
Blog; www.seufuruofinanceiro.blogspot.com

* “Wishful Thinking”; sermos demasiadamente otimistas e preferirmos 
     acreditar naquilo que desejamos que possa nos ocorrer.
** Dr. Daniel Kahneman; Psicólogo, Premio Nobel de Economia em 2.002.
      Um dos maiores desenvolvedores do ramo das Finanças Comportamentais.