sábado, 3 de dezembro de 2011


Comentando e criticando notícias lidas e fechando o ano 2011
Louis Frankenberg,CFP®  3.12.2011

 É sabido e historiadores o confirmam  quando as notícias
que algum  mensageiro trazia antigamente
  eram muito trágicas ou negativas, a  solução   que geralmente se adotava  era matar o mensageiro.
Peço entretanto que não critiquem  em demasia meus comentários incisivos, pois  este observador  apenas deseja  abrir os olhos de seus leitores,
alertando-os para  nossas deficiências que necessitam ser corrigidas para que o país possa se orgulhar perante outras nações e seu próprio povo.

        
  • O Jornal “Valor” em 28.11.2011 publicou  que 1.027 brasileiros pesquisadas pelo Banco HSBC em colaboração com a “Cícero Consulting” resultaram na seguinte pergunta formulada:
 se essas pessoas estariam atualmente preocupadas com seu próprio futuro financeiro na época de suas aposentadorias. As respostas foram;
28% afirmaram que não estavam preocupadas, 21% afirmaram que estavam um pouco preocupadas e 26% muito preocupadas. 8% disseram que não pretendiam se aposentar e 16% responderam de que não pensaram a respeito. (percentuais arredondados)
Pessoalmente, baseado no acompanhamento  que faço há longos anos de inúmeros executivos e pessoas comuns, eu diria que aqueles que não estão  ou  estão apenas moderadamente  preocupadas fariam melhor  em pensar mais seriamente a respeito do seu próprio futuro, já que o Estado Brasileiro não possui melhor tradição  a respeito de como cuidar de seus velhinhos e você não sabe (felizmente) se irá morrer cedo  ou  com avançada idade!

  • Os impostos e tantas outras formas diretas e indiretas de arrecadação governamental  em nosso país são bastante pesados, comparados com a maioria das demais  nações. Quando é possível de forma legal diminuí-los, nós cidadãos sempre deveremos fazer uso desta possibilidade.  Para aqueles que estão sujeitos ao imposto de renda da pessoa física, recomendo como uma das mais eficientes maneiras de estarem prevenidos, que adquirem algum plano de previdência complementar tipo PGBL, pois obterão alguma vantagem fiscal. Para  aqueles  não enquadrados e não necessitando obter  os 12% de redução legal de I.R. recomendo  que adquiram um VGBL. De qualquer maneira, novamente relendo o 1º item desta crônica, convém considerar que você sempre precisará se precaver devidamente contra insuficientes fontes de renda na velhice. Caso você é daqueles que desejam continuar vivendo despreocupadamente como nos dias de hoje, continue se iludindo como a cigarra da fábula “A Cigarra e a Formiga” de Aesopo. Provavelmente lembrar-se-á de mim e das minhas recomendações  quando já será   demasiadamente tarde!

  • A maioria de nos cidadãos comuns pensamos que as instituições financeiras sabem melhor cuidar de nossas economias que nos mesmos, sempre acumuladas com bastante  sacrifício.  Será que sabem mesmo?  Às vezes ponho em dúvida este axioma. Vejam porque. No ‘The New York Times” de 17 de setembro de 2011  e posteriormente também no “The Economist”  li que o Banco Barings, teve um prejuízo de 1,4 bilhões de dólares   devido   as especulações provocados por um seu colaborador chamado Nicholas Leesen, em Fevereiro de 1995. O Banco Sumitomo em Junho de 1996 perdeu 2,6 bilhões de dólares  provocados pelo colaborador Yasuo Hamanaka, que especulou em negociações com  cobre. A Société Générale, da França perdeu 6,7 bilhões de dólares em Janeiro de 2008 em razão de negociações com “futuros”, provocados pelo funcionário Jerome Kerviel. O colaborador Toshihide Iguchi do Daiwa Bank, conseguiu perder 1,1 bilhões de dólares em Julho de 1995 brincando com obrigações governamentais e finalmente o maior banco suíço UBS  perdeu 2,3 bilhões de dólares em Setembro deste ano.  Vou  deixar de citar outros de menor calibre mas igualmente  desconcertantes. Todos eles  além de perderem  dinheiro e prestígio, tiveram como resultado que suas ações baixaram   enormemente de valor nos mercados acionários.  Bombas deste calibre não acontecem somente no exterior, pois no passado  ocorreram também  por aqui e em   escala gigantesca! Geralmente o ingênuo cidadão (e depositante dos  bancos afetados) somente toma conhecimento desses acontecimentos quando já são manchetes nos jornais e por essa razão aconselho que você sempre fique atento a imperceptíveis mudanças no atendimento  ou burocracia de qualquer instituição financeira com a qual trabalha. Nossos órgãos fiscalizadores governamentais, em minha modesta opinião, não são dos mais confiáveis  e espertos em detectar  por antecipação  súbitas explosões dessa natureza. O que acabo de descrever e para suavizar um pouco  o rigor do que acabei de revelar, a história daquele fazendeiro desconfiado do interior de nosso país  que tradicionalmente guardava seu dinheiro em baixo do colchão e que finalmente foi convencido  por um gerente de que deveria depositar seu dinheiro no banco. Ato contínuo ele voltava todas as semanas à agência, preenchia um cheque, contava o dinheiro para confirmar  que o mesmo continuava  lá. E mais tranqüilo  o depositava novamente...Moral da história e conselho do Frankenberg; confie no seu banco mas nunca perca de vista o local e a modalidade   de investimento na qual  sua  pequena ou maior  fortuna esteja investida. Lembre-se também; renda maior que o normal geralmente significa  risco maior!

  • Para se avaliar devidamente o peso do custo de manutenção que pagamos atualmente no Brasil  por quase tudo que adquirimos e então quisermos  comparar estes dados com os de outros países, o “MBE”, Movimento Brasil Eficiente publicou em 8 de Outubro último  um pequeno levantamento no qual é comparado  uma cesta básica de 30 produtos  no Brasil   aos de uma cesta de produtos iguais  em outros países.  Não se espantem portanto que  a China é 10% mais barato em média que uma mesma cesta básica no Brasil.  A cesta básica dos Estados Unidos  é 22% menor que a do Brasil.  Não é sem razão que os aviões estão lotados com brasileiros viajando para a Flórida e outros destinos norte americanos  para fazer compras e  que os gringos  vem nos visitar apenas quando ignoram o quanto têm de desembolsar por aqui pela estadia e alimentação.

  • Para confirmar o que acima acabei de descrever, a revista “The Economist” analisou em Julho de 2011 o custo de um Big Mac ( também chamado Big Mac índex) em várias partes do mundo.  O custo foi adaptado para o poder aquisitivo de cada país, convertido em dólares americanos. O Brasil foi novamente o campeão com o peço US$6,16 (deixo para cada um de vocês calcular o preço de cada  mordida).  Mais caros que o Brasil apenas Suécia e Suíça.  Mais baratos que o Brasil em ordem decrescente; Canadá, Países do Euro, Austrália,  Japão,  Estados Unidos....!, Reino Unido, Coréia do Sul, México,  Rússia e finalmente a  China com um preço de US$ 2,27 por  um Big Mac.

  • Em 21/10/2011 o jornal Valor publicava uma avaliação do IPEA, “Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas” (Entidade Governamental).  Não se espantem. Quem em 2008 tinha renda mensal familiar  até dois salários mínimos, comprometeria 53,9% dessa renda em tributos de todas as naturezas! Proclamo eu então que, ou o Estado Brasileiro  diminui seu próprio tamanho e  portanto também os tributos que pagamos  individualmente ou então  o atual cidadão classe “C”,”D e “E”  vai permanecer eternamente  pobre sem possibilidade alguma de alcançar uma vida digna! Daqui a dez anos revejam esta minha proclamação. Mesmo a família que ganhava em 2008 mais de 30 salários mínimos mensais (ganho de um grupo seleto de cidadãos) estava então pagando 29% dessa renda em tributos de todas as espécies!  Para esta privilegiada família ainda seriam necessárias 197 dias de trabalho segundo a IPEA. para pagar aquela carga tributária. Para os sacrificados cidadãos que ganhavam  até 2 s.m. seriam necessários 106 dias de trabalho e por esta razão repito de que devemos diminuir o tamanho do Estado Brasileiro.

  • Eu sempre escutava com muito orgulho que operários  brasileiros  eram os melhores do mundo, inteligentes, aprendendo rapidamente  e outras baboseiras semelhantes. Parece que  tenho de rever meus conceitos.Mas a gente nunca sabe se as pesquisas efetuadas por algum Instituto Nacional ou Estrangeiro são válidas  ou tem alguma motivação oculta determinada por interesses de A,  B ou C.... Fiquei chocado quando a Folha de S.Paulo publicou em  3/10/2011 um levantamento efetuado pela consultoria norte americana “Conference Board” a respeito de produtividade. O resultado  jogou  a minha   ilusão  na sarjeta.  Um operário americano produz mais que 5 operários brasileiros!  Se for verdade, vou ter de rever muitos dos meus conceitos. Reproduzo  a pesquisa mas tenho minhas dúvidas quanto a  sua veracidade. A produtividade em ordem decrescente em relação ao índice  máximo americano (100%)  é a seguinte; Cingapura, Austrália, Alemanha, Correia do Sul, Turquia, Argentina, Rússia, Chile, África do Sul e somente então vem o capenga Brasil com  um índice de 20,6%. Piores que nós; China com 15,9% e Índia com 8,8%! Penso que ainda temos de avançar muito para nos consideramos um país avançado e dignos de nos tornar a 5ª  ou 6ª potência mundial! Para os que desejam saber como é calculado o índice de produtividade aí vai a definição; O PIB, Produto interno Bruto é dividido em cada país por sua força de trabalho ativa. Simples não? Mesmo assim altamente vergonhoso para nós caso este levantamento for verídica.

  • Ao escrever esta última crônica do ano, feliz ouço nossa Presidenta afirmar no rádio que precisamos consumir mais, esquecer de que existe uma crise acontecendo no mundo e diminuindo milimetricamente alguns tributos.  “Dê ao povo algumas migalhas para se contentarem’ devem ter pensado seus conselheiros. Na mesma hora eu estava preparando este último item, tendo na minha frente um recorte do jornal “Valor” de 3. 11.2011 que reproduzia uma matéria do  “The Wall Street Journal Américas” e  tinha o titulo e sub título seguinte;
     “Índia é um pesadelo para empreendedores- burocracia e corrupção no caminho dodesenvolvimento”.
A matéria  destacava Brasil em 126º lugar, Rússia em 120º lugar, Índia em 132º, lugar, China em 91º lugar e Estados Unidos em 4º lugar  em relação aos outros 183 países. 
     A minha intenção é apenas mostrar quão longe ainda estamos de sermos um país com legislação
moderna e processos burocráticos simples e efetivos. Caso quisermos ser um país com destaque
futuramente, devemos imediatamente reformular  nossos protocolos, procedimentos e inúmeros outros aspectos que também incluem educação, aspectos trabalhistas e infra estrutura.
   Passo a destacar apenas os diversos sub itens  em que se
   sub divide o estudo em relação ao nosso país para      confirmarem quão longe ainda estamos  de podermos nos considerar 1º mundo sempre, em relação aos 183 países restantes.
  • Facilidade para fazer negócios; 126º lugar,
  • Rapidez e simplicidade  para abrir um negócio; 120º lugar
  • Lidar com alvarás  de construção; 127º lugar
  • Tempo para que um contrato seja cumprido; 118º lugar
  • Quantidade diferente de impostos; 150º lugar
  • Quantidade de anos para fechar uma empresa; 136º lugar

  • Vocês já ouviram citar a palavra “corrupção”? Pois  hoje 2/2/2011 foi publicada no jornal “Valor” e anteontem divulgada  oficialmente o  mais recente ranking da corrupção pela ONG “Transparência Internacional”. Este índice mede a percepção da corrupção no setor público de diversos países. A menos corrupta é a Nova Zelândia, em seguida  em ordem decrescente  Dinamarca, Finlândia, Suécia,, Cingapura, Noruega, Holanda, Austrália, Suíça e Canadá. Em 73º lugar vem o nosso país, em 75º lugar a China e o mais corrupto é a Somália. Não preciso dizer mais nada quando sabemos que 6 ministros do Governo  Dilma já foram mandados para casa  em razão de indícios  provados de corrupção. Talvez um 7º siga o mesmo caminho. Quem viver, verá!Pessoalmente acredito que poderíamos estar pagando muito menos tributos e ter melhor educação e saúde para nossos filhos e demais cidadãos se conseguíssemos diminuir esta mazela. Acabar com a corrupção provavelmente será impossível.

*Todos os dados foram  copiados das fontes mencionadas e este blogueiro não  garante sua veracidade. É dada a minha permissão
  para  cópia, desde que me seja dado o crédito e o endereço do blog.

Caros leitores, vou desaparecer por uns tempos para espraiar e me reciclar. Volto no começo de Fevereiro de 2012. Espero reencontrar a todos. Tenham um feliz natal e um novo ano que lhes traga inúmeras alegrias. Desejo-lhes felicidade, saúde e prosperidade. E o tradicional “desculpe qualquer coisa”
Um abraço bem apertado e até 2012

Louis Frankenberg,CFP®    4.12.2011
        

        
   

     


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Considerações a respeito de juros e outras questões que não me deixam tranqüilo


Louis Frankenberg,CFP®  28-11-2011

Estimados leitores do meu blog,
O fim do ano se aproxima aceleradamente e este planejador financeiro, sempre rebelde e jamais se conformando com a teoria determinista que afirma que o  destino de cada um  já estava  traçado antecipadamente, não quer deixar passar esta ocasião para abordar alguns temas que podem mudar completamente a direção de sua vida desde que você se auto presenteia neste período de pré festas com alguns minutos para meditar profundamente sobre seus objetivos e metas futuras e apropriada avaliação dos dizeres desta crônica.  Garanto que valerá a pena! 
Possuo discernimento suficiente para saber que cada um de vocês precisa descobrir a própria vocação e possuir imensa vontade e outro tanto de determinação para enfrentar com garra  os obstáculos que invariavelmente ainda  surgir-lhe-ão pela frente.
Se vocês se identificam com alguns  dos temas  que vou abordar,  continuem lendo.  
Humildemente confesso que eu também passei por tudo que vocês eventualmente  estão passando e sei quão difícil é hoje em dia alcançar o arco íris  da auto satisfação, do prazer  em ter alcançado tudo que a gente almeja na vida e  finalmente poder afirmar  que se é uma pessoa feliz.
Esta satisfação dificilmente é alcançada sem sacrifícios e provavelmente incluirá igualmente   recuos e derrotas.  Faz parte da batalha da vida. Não esmoreçam!
Inúmeras vezes saliento em meus blogs e o faço  novamente agora que, em nossas  atribuladas vidas em sociedade, devemos depender o menos possível de outrem. 
Nossos próprios valores devidamente avaliados, ainda são melhores que os de outras pessoas que apenas conhecemos superficialmente. 
Para não sucumbir aos cantos de sereia e algumas vezes disfarçadas de duvidosas intenções  de terceiros que desejam nos forçar ou mesmo  impor algo material ou mesmo subjetivo, precisamos estar absolutamente seguros do que queremos e termos nossas próprias prioridades bem estabelecidas.
Isto posto, convido vocês a pensar um pouco a respeito dos  juros e outros perigos que muitas vezes estão embutidos  ou disfarçados em tantas coisas que almejamos possuir ou alcançar. Nem sempre o que vemos escrito na imprensa ou falado na televisão (e também na Internet) é verdadeiro e nos serve como exemplo e parâmetro comparativo.  Existem muitos temas que são plantados propositadamente e têm algum objetivo oculto.
  • Em um estudo recente do Banco Mundial, nosso país foi classificado em 1º lugar em razão da taxa de juros das mais elevadas dentre todos os mercados financeiros mundiais. Este fato seria alvissareiro se a totalidade de nosso povo tivesse dinheiro suficiente para acumular  boas reservas para os dias chuvosos. Não é o caso. Somente alguns segmentos de alta renda de  entre as classes A e B tem cacife  para investir, o resto da população é devedora permanentemente  ou então se encontra mais ou menos inadimplente. Pessoas inadimplentes  ou muito endividadas não tem liberdade, dependem sempre da boa vontade de outras pessoas ou instituições financeiras. Enfim são escravos  e vivem correndo atrás da máquina e apagando incêndios.
  • Infelizmente são pouquíssimos os empreendimentos e entidades públicas e privadas em nosso país que têm suficiente vontade e coragem para divulgarem (e protestarem) relativo aos males derivados do endividamento excessivo em que se encontram grandes parcelas da nossa da população.  Educá-las para avaliarem melhor os perigos dessa maneira de viver,permanentemente  correndo para se equilibrarem nessa delicada corda bamba  na qual se encontram e, ainda tentarem melhorar seu nível de vida, continua sendo  meu sonho, por enquanto irrealizado. A maioria das empresas de varejo pouco  está ligando se o ser humano que se encontra atrás de cada cartão de crédito terá ou não condições de pagar aquilo que adquiriu. O problema é da própria administradora do cartão  ou então do cliente é o pensamento predominante entre aqueles que aceitam sem contestação este meio de pa gamento.
Conto-lhes  a seguir sem detalhes  um episódio  que ocorreu comigo para provar meu ponto de vista. 
 Algum tempo atrás  trabalhei por semanas a fio  em um plano que chamei de “Liberdade” que tinha o intuito de ajudar a milhões de brasileiros a sair  racionalmente do endividamento e o apresentei a  lideranças se auto considerando “éticas” e que   teriam interesse em educar  melhor o grande público, pagar  direitinho seus impostos  e tantos outros valores que pessoalmente  prezo muito.
 Nenhuma personalidade  daqueles líderes (todos com  nomes bem conhecidos  nacionalmente) se manifestou nem para pedir algum esclarecimento complementar...
 O “Plano Liberdade” continua  mofando no meu arquivo...
·    No dia 21 de Novembro  último a Folha de S.Paulo publicou uma matéria cuja manchete é “Juro do crédito pessoal é 6 vezes o índice Selic” (atualmente 11,5% ao ano).
    Trocado em miúdos, o juro que você paga quando vai ao
    banco pedir um empréstimo pessoal da pessoa física é 6 
    vezes maior que o juro que os bancos praticam entre si. 
 O juro que você recebe na Caderneta de Poupança é de um pouco mais de 6% ao ano...
  É óbvio que a maioria da população prefere adquirir um eletrodoméstico ou outro objeto do desejo em vez de estar poupando...
 ·   A mesma matéria da Folha de S.Paulo  demonstra com clareza a decomposição dos valores pagos e onde vai parar  este mesmo juro que você pagou pelo empréstimo contraído; portanto 12,56% são custos administrativos, 4,08%  são impostos compulsórios e outros encargos e  28,74% é por conta da inadimplência  das pessoas. Sobram 54,62% de margem bruta de lucro.
  A partir desta margem bruta de lucro incidem 21,89% de impostos  cobrados diretamente.
  Finalmente o lucro  líquido dos bancos será de 32,73%.
  Quero acreditar que você não é inadimplente, mas vai pagar pelas  pessoas que são: pois 28,74%irá pagar de qualquer maneira. Muito engraçado, não acham? Pois eu não acho!
 A verdade portanto é que  o próprio Governo que deveria lhe proteger (e educar de acordo com o que estabelece  nossa Constituição),  ganha perto de  25%  daquilo que você paga cada vez que faz um empréstimo. Vive portanto da desgraça alheia de um povo que não recebe os devidos esclarecimentos educacionais.
 Uma pesquisa semelhante publicada em 24 de Novembro último no Jornal “Valor”,cuja fonte é o próprio Banco Central chega a um lucro líquido um pouco diferente ou seja 27,90% contra 32,73% na matéria da Folha.
Quem está com a razão? Qual a pesquisa mais autêntica? Por que esta discrepância? Em qual das publicações  devemos confiar?
·    Em Maio de 2011 estive  presente na palestra pronunciada pelo Sr. Luiz Rabi, dirigente da Serasa- Experian, empresa essa que controla quem está endividada através dos bancos.
  Segundo suas palavras; 26,2% das pessoas estavam então  endividadas através do cartão de crédito, 12,7%  devido a aquisição de outros bens, 9,0% devido ao cheque especial, 4,6% através do crédito pessoal e 3,6% pela aquisição de veículos.
  Recorto e leio  quase todas as pesquisas sobre endividamento das pessoas e jamais encontro levantamentos parecidos entre si. Chego à conclusão que estatísticas que não são favoráveis aos patrocinadores, são omitidos. Tudo depende de quem paga a pesquisa...
·   A Folha de S. Paulo recém publicou (27/11) uma enquete  feita com 425 pessoas moradores de São Paulo Capital que diz que 45% irão gastar igual ao ano passado com presentes de natal, 25% irão gastar mais e 29% irão gastar menos.
  Felizmente 73% dessas pessoas disseram que vão pagar à vista suas compras, 24% vão pagar à prazo e 3% ainda não sabiam como iriam pagar suas compras. Tenho minhas dúvidas de que 73% das pessoas irão pagar suas compras à vista.
·        Finalmente vou abordar o último tema desta crônica e que  me chocou imensamente quando o vi publicado no dia 23 de Novembro último no jornal “Valor”. O título em letras garrafais dizia;
     “País só cria  vagas de  baixa remuneração”.
     Comento eu;  nosso Governo alardeia que milhões de pessoas saíram da pobreza para agora pertencer à   classe média “C”. 
De acordo com a CAGED, Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, este ano entre Janeiro e Setembro 140.000 vagas foram eliminadas para pessoas que recebiam até dois salários mínimos mensais. 
Na realidade, 1.921.000   novos empregos foram criados, entre 0,5 e 2 salários mínimos. 
 Pergunto qual o nível de estabilidade têm essas pessoas, provavelmente com pouca ou nenhuma instrução e por quanto tempo terão suas carteiras de trabalho ativas. Caso uma crise menor ou maior atingir nosso país, elas terão seus empregos conservados? Teimo que não.
Mais chocante ainda é o restante da pesquisa da CAGED; em todas as categorias de receitas do trabalho entre  ganhos mensais de 2 a 20 salários mínimos, o saldo foi negativo ou seja  107.423 pessoas  perderam seus empregos com carteira de trabalho assinado! Justamente aqueles que estão  ou já pertenciam à classe média.
  
Caros amigos leitores, por hoje é só. Meditem a respeito  do que escrevi e começam a pensar a respeito de como pretendem ser bem sucedidos na vida e de que maneira podem alcançar o que apenas poucos conseguem. Continuo acreditando que aqueles que não se endividam e pagando elevados juros, e sabem quais são seus próprios limites, terão maiores chances de alcançar o cume da montanha.
Infelizmente não tenho uma resposta válida para cada um de vocês.
Abraço e até a próxima crônica.

Louis Frankenberg,CFP®  28-11-2011
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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Brasil, país que amo e no qual quero envelhecer, mas que antevejo igual a outros países outrora prósperos.


Louis Frankenberg,CFP®  16-11-2011

“Pense que você  pode tornar-se  uma das inocentes vítimas de alguma futura  crise econômica financeira na qual não tenha a mínima culpa pessoal. Esta crise, ainda submersa e silenciosa, qual   erupção vulcânica eminente, está sendo preparada na atualidade por nossos irresponsáveis políticos e governantes e,  ainda poderá expelir muita lava e destruição em algum momento próximo ou distante”.
Seja prudente  e previna-se!

Estamos aqui em nosso país assistindo por enquanto de camarote à crise político-financeira que dramaticamente está se desenrolando em alguns países da Europa e em menor escala, mas igualmente nos Estados Unidos.
Para quem não conhece os antecedentes, meandros  e conseqüências dela, o assunto provavelmente não interessa demasiadamente, mas convém dar-lhe  uma relativa importância, pois acredito que também aqui possa nos atingir pelas mesmas ou diferentes razões.
Estamos tão longe de lá e eles que se virem para sair dela é o que pensarão ou mesmo dirão muitos   de vocês quando o assunto é mencionado  na mídia ou mesmo discutido acaloradamente por alguns poucos.
Pessoalmente lamento imensamente esses acontecimentos que atualmente ocorrem na Europa por conhecer razoavelmente bem alguns dos países envolvidos e igualmente outros tantos, ainda momentaneamente distantes de serem atingidos pelos furacões financeiros. 
Tenho familiares por lá e portanto escuto  constantemente detalhes e repercussões da perda de poder aquisitivo e outros males  que estão ocorrendo  e que são conseqüências diretas  desta terrível crise.
Os europeus  em média possuem atualmente um elevado nível econômico e social e a  perda de conquistas  sociais é algo muito sério.
É triste tomar conhecimento dos atuais percentuais de desemprego na Espanha, em Portugal e alguns dos  outros países, especialmente entre a juventude,  mas igualmente entre pessoas de meia idade.  Perder a fé e a esperança são difíceis de serem revertidas e apertar cintos  quase sempre nos é particularmente doloroso.
Não encontrar emprego e passar por dificuldades não somente acontece por  aqui, lá também e em escala crescente.
Por que está acontecendo isto em um continente com tanta tradição, lutas passadas e experiência?
É claro que eu poderia discorrer a respeito desse assunto tão atual em termos mais  técnicos e precisos. Prefiro, entretanto discorrer mais genericamente  e  apenas concluir   que os europeus   foram sendo vítimas da gradual e cada vez mais elevada gastança e   tantos outros aspectos decorrentes do  sistema capitalista, na aquisição de bens de consumo e imobiliários,  todos impulsionados pela  atração e fascínio do sistema  norte americano de viver.
Os próprios norte americanos estão sendo igualmente vítimas  de seu próprio “modus vivendi”.
Decorrente da ação desse capitalismo, com muita propriedade também sendo  chamado de “selvagem”, costumes ainda vindos de outras épocas  estão sendo substituídos por novos conceitos, nem sempre entre os mais éticos e morais.
Ter em vez de ser, imitar o vizinho em vez de contentar-se com o básico e essencial, moral e ética em declínio, etc são algumas das vertentes desta maneira de pensar e de viver nos dias de hoje em muitos países, incluindo o próprio Brasil.
Portanto voltemos para o Brasil, onde aparentemente  estamos assistindo a uma era de realizações, de orgulho de sermos brasileiros, de dólares e euros entrando sem parar, ampliando nossas reservas, de grandes eventos esportivos  sendo aguardados daqui a poucos anos,  de sonhos tornando-se realidade, enfim da conversão do país do futuro no país do presente.
Será mesmo?
Meus caros leitores, perdoem esta cruel dúvida que não me deixa nada tranqüilo e satisfeito e que tem origem na conhecida sentença que eu sempre ouvia na minha juventude: “porque me ufano do meu país”, pois não compartilho desse enorme entusiasmo de todos que me dizem que tudo se encaminha para um futuro brilhante.  Explico:
É claro que eu também gostaria de acreditar que uma imensidão de acontecimentos positivos  a partir de agora ocorressem em nosso país e de que eu, meus filhos e netos pudéssemos viver  eternamente felizes em um país “pra frentex  e conhecida pela   justiça social,  felicidade e saúde  de seu povo  e tantas outras frases de efeito  que eu poderia citar  para  impressionar  vocês.
Infelizmente não consigo acreditar neste milagre no  atual  momento  e  estágio do Brasil.
E por que não?
Porque, por enquanto não vejo que medidas  e mudanças de infra estrutura, duradouras e sérias estejam sendo adotadas e executadas para que o país se encaminhe para esse brilhante futuro.  
Só vejo nossos governantes e políticos fugirem de adotarem medidas e legislações  profundas e duradouras.
Os políticos de todos os partidos existentes, dos poderes Municipais, Estaduais, Federal, Judiciário etc.     a meu ver são tão ou ainda  mais ineptos e  corruptos que os da minha juventude quando  eu era apenas um inocente estudante, desconhecedor de tantas  coisas com as quais hoje estou familiarizado.
Alguém discorda comigo?  Gostaria de ouvir através de comentários, qualquer voz discordante.  Será que faço parte daqueles poucos  que não se conformam?
Os nossos  atuais dirigentes  governamentais, de todos os segmentos  da sociedade, (e que pululam precisamente dentro das classes políticas acima mencionadas)  são cada vez de menor nível intelectual, moral e ético.
Quantas vezes, presentemente e  desde há muitos anos   me questiono;
“será que não se salva  nenhum deles ou mesmo uma sequer agremiação política no meio dessa lama toda, que pensa e que age com autêntico patriotismo em vez de  somente imaginar meios  de como pode obter ou  preparar seu novo cargo nas próximas eleições?”
Como é possível que esta nova legislação da “Ficha Limpa” já vem embutida de inúmeros penduricalhos e que,  portanto, anulam completamente sua eventual eficácia.
Esta nova lei deveria  ter um simples enunciado que dissesse apenas, sem ressalvas ou exceções;
“Qualquer condenação seja qual for a instância ou indício de corrupção torna o candidato inapto para ocupar qualquer função pública presente ou futura”.   
Somente então iremos trocar os atuais políticos por uma nova geração que, quem sabe desejará criar legislação melhor,  mais eficiente.
Com cada novo caso de gente  sendo pega com a mão na botija me espanta que, um por um, todos acabam inocentados  perante a justiça e decorrente disto, absolutamente nada lhes acontece.
Assisto abismado aos noticiários e ao jornalismo investigativo  que revela que nossa saúde  pública é um  completo caos, (com raras exceções) onde nossa brava e doente povo aguarda semanas ou até meses para serem consultados, medicados convenientemente ou  mesmo internados em hospitais etc.  enquanto as arrecadações  de tributos federais, estaduais e municipais são cada vez maiores,  absorvendo a parte de leão do nosso PIB. (algo entre 36% e 38%)
Onde estão indo estes bilhões a mais, arrecadados ano após ano, e que jamais são suficientes para melhorar  a saúde pública?
Assisto igualmente estarrecido que temos a maior quantidade de Ministérios  do mundo por parte do Poder Executivo, em que os salários pagos, direta e indiretamente  são muitas vezes absurdos,  além de  outros benefícios  que são concedidos. 
As máquinas administrativas que estes novos Ministérios montam, com funcionários públicos apadrinhados, familiares e amigos  do poder, são o deleite dos quadros partidários que apóiam esses governos em todas os níveis e, quando necessário, trocam de uniforme partidário como se estivessem trocando de camisa. 
Não consigo acreditar que um mero Deputado Estadual, Federal ou Senador tenha gabinete e funcionários subordinados, cada  qual  recebendo, subsídios  e ajudas de custo de  centenas de milhares  de reais por mês. Algum órgão fiscalizador já estudou em profundidade o que cada um faz  exatamente, cada dia, semana  ou mês para que se justifiquem estes  elevados salários? 
Para mim chega a ser absolutamente surrealista o noticiário atual repetido a exaustão pelas mídias  e que citam que alguns Estados da Federação  serão subdivididos em dois ou  até três novos mini Estados, no qual  cargos administrativos e legislativos serão criados. Nestes mesmos Estados  luta-se  hoje com gigantescos déficits e na quais  o endividamento existente é cada ano maior e inpagável.  
Quem vai pagar  este novo  trem da alegria?Já conheço a resposta; todos nós!
Faltou dizer que cada vez mais Vereadores serão nomeados em municípios que não possuem quase nenhuma receita de impostos...   não falando dos intermináveis Tribunais de Contas e Órgãos Fiscalizadores que simultaneamente serão criados e que não fiscalizam absolutamente nada!
Serão apenas novos cabides de emprego.
Choro de tristeza ao pensar  que cada vez mais professores abandonam o magistério e alunos de escolas públicas  que dominam física e psicologicamente as classes que freqüentam (e onde não aprendem nem  mesmo a ler e escrever até o 3º ou 4º grau), encontrando-se  estes mesmos alunos entre aqueles que possuem os piores índices mundiais em matéria de ensino e absorção de conhecimentos básicos.  
Por que, Por que e Por que me pergunto o tempo todo, nosso povo (e nossos líderes industriais, comerciais, sociais, acadêmicos, etc. não reagem e dizem BASTA?
Sou apenas um mero   blogueiro  que   sabe perfeitamente que “andorinha só não faz verão” mas  que acredita que com a atual  mentalidade  que predomina em nosso país, na qual as pessoas de bem e que se preocupam  permanecem  caladas, não vamos mudar absolutamente nada.
É a tal da maioria silenciosa que existe em toda sociedade e que nunca se manifesta abertamente. Somos por esta razão nada mais do que coniventes com o que está acontecendo em nosso país!
Sei também que coletivamente vamos pagar esta conta que certamente virá e ela não será pequena.
Nos afetará a todos indistintamente.
Vejo claramente que em um Brasil no qual dirigentes dão pouquíssimo valor à educação, à saúde, à segurança e igualmente  aos seus velhinhos aposentados. Menos ainda à real  elevação do nível sócio-econômico de sua população, mas  que infelizmente pensam apenas em si mesmos e em seus apadrinhados. Neste mesmo país temos  graves problemas financeiros e sociais, desperdiçando-se nossa riqueza em coisas fúteis. Obras públicas essenciais? Nem falar.
Esta bonança atual poderá se inverter em algum momento futuro.  Está acontecendo em países prósperos da Europa e no próprio Estados Unidos da América.  Queira Deus que eu esteja enganado e que sou apenas citado como um pessimista de carteirinha!
Abraço amigo e desculpem meu desabafo,

Louis Frankenberg, CFP®  16-11-2011

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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Reminiscências de um planejador financeiro, ex funcionário do Banco Itaú



Louis Frankenberg,CFP®
02-11-2011

Experiências e lembranças (boas e más) não são compradas ou vendidas, são adquiridas  aos poucos e ao longo do tempo.
O momento histórico atual em nosso país e no mundo inteiro, com suas oscilações tanto positivas quanto negativas, são bastante apropriadas  para relembrar alguns flashes  do currículo profissional do  meu passado distante e que a seguir passo a relatar. Espero que possam inspirar a vocês amigos leitores.
Comprovam mais uma vez que ninguém é dono da verdade ou tem predicados excepcionais  que o qualificam para  determinar quando a próxima crise econômica ou financeira  vai eclodir e nem quando ela terminará. Também não fornece indicativos quanto ao nosso próprio futuro. 
Esta minha inexpressiva história pregressa  ou pelo menos alguns tópicos da mesma,  talvez sirvam aos jovens e mais experientes  leitores   para concordarem comigo de que  nem o melhor “futurólogo” ou “adivinho” sabe como os mercados financeiros em geral e os mercados acionários em particular irão se comportar daqui a uma semana, daqui a um mês ou mesmo  daqui a um ano!
Crises pessoais e crises institucionais virão e  terminarão  e a vida constantemente nos  reservará  surpresas inexplicáveis.
Perante a imensa vastidão do universo somos apenas insetos errantes, almejando acertar e nos dar bem, porém sempre sofrendo pequenos e grandes percalços. É tudo  conseqüência  da  nossa mera condição de seres humanos.

Estávamos no 4º trimestre do ano 1970. Eu havia sido contratado pelo então Diretor Geral do Banco Itaú, o Eng. Olavo Setubal para delinear novos produtos financeiros  que seriam desenvolvidos pelo então  grupo industrial financeiro Itaú. 
Na época o Itaú ainda era chamado de Banco Itau América devido a uma recente fusão que havia sido negociada fazia poucos meses.
Para adaptar o Fundo Itaú de Ações à nova legislação do Banco Central, o Eng Olavo Setubal desejava imediatamente criar um produto que na época seria considerado bastante inovador e, simultaneamente, treinar  novas equipes de agentes autônomos e os próprios gerentes das agências bancárias, para venderem uma espécie de plano previdenciário complementar.
Eu havia adquirido este expertise no Brasil e no exterior e por isso fui escolhido para liderar o projeto.
O produto arquitetado por mim  poder-se-ia chamar de uma primitiva versão e  portanto predecessor do     atual “PGBL”, hoje em dia muito  difundido.  
Resumindo o período prévio entre o planejamento, preparação e execução, minha criação foi denominada de “ECO”, ou seja “Economia Crescente Organizada”,   conjugando uma aplicação mensal por 60 meses no Fundo Itaú de Ações  com  um Seguro de Vida que estava embutido na estrutura do produto à quem não sobrevivesse aos 5 anos de sistemáticas contribuições mensais.
Concluída a estruturação do projeto, recebi o honroso título de Gerente Geral de Vendas para todo o país da Distribuidora de Valores do Grupo Itaú e simultaneamente era funcionário categorizado do  próprio Banco.
Produzi extenso material educacional e apostilhas a respeito do que era um Fundo de Investimento em Ações e  me dediquei também a treinar  múltiplas equipes que iriam colocar o novo produto junto ao grande público e clientes do  próprio banco.
Já naquela época  longínqua eu dava enorme importância ao  relacionamento e conhecimento profundo dos objetivos do  cliente  em relação ao intermediário  financeiro. Eu já praticava e transmitia aos meus subordinados o tal de “Behaviour Finance” (Finanças Comportamentais) dos dias de hoje.
O início do lançamento solene foi precedido de uma convenção nacional dirigido pelo próprio Olavo Setubal e na qual eu seria a estrela principal que iria expor à todos como funcionava o plano “ECO”.   Compareceram à solenidade  dirigentes e gerentes de agências de todo o país.
Estávamos no Brasil vivendo o 1º período de grande euforia bolsista pós revolução de 1964 e as ações das empresas de capital aberta então existentes, estavam subindo interruptamente.  Como profissional calejado e conhecedor de planejamento financeiro e de como funcionavam os fundos de investimento da Europa e dos Estados Unidos, eu sabia também (e muito bem por já ter me queimado anteriormente) que Bolsas de Valores que muito rapidamente subissem, poderiam também cair ainda mais aceleradamente...
Quem na época tinha algum dinheiro no Brasil investia na Bolsa e muita gente boa chegou a vender a sua própria moradia para tentar a sorte com ações, seja diretamente ou através dos Fundos de Ações das inúmeras instituições financeiras existentes. 
A própria mídia escrita, falada e televisiva concorria com a fama cada maior dos ganhos fáceis, através de histórias mirabolantes que, apenas ajudavam na criação de cada vez maior especulação e... falcatruas.  O nosso país tinha se transformado em um imenso cassino.
Para ilustrar o clima reinante explico como os fajutos agentes autônomos da época, mas igualmente inúmeros profissionais que atuavam nas Corretoras de Valores, conseguiam ludibriar os incautos,  ingênuos e gananciosos investidores.
Profissionais que estes intermediários aparentavam ser, (na realidade eram apenas aproveitadores)   explicavam aos interessados como era o funcionamento da Bolsa de Valores e como seria possível ganhar muito dinheiro em pouco tempo.
Eles tinham suficiente lábia e argumentação para convencer as pessoas  de que era muito mais fácil ganhar dinheiro com ações do que com a caderneta de poupança ou mesmo imóveis...
A seguinte era uma das histórias contadas a respeito dos intermediários malandros que então abundavam por toda parte e que igualmente viajavam em caravanas para o interior do país, convencendo industriais, comerciantes e fazendeiros, das vantagens de investir na Bolsa e dando explicações   pseudo técnicas a respeito do curto, médio e longo prazo .
De acordo com estes malandros, curto prazo era investir por dois dias, médio prazo era investir por uma semana e longo prazo se resumia a um mês de aplicações...
Na realidade nem todos os grupos financeiros trabalhavam como na história que acabei de contar.  
Eu havia aceito trabalhar no Banco Itaú porque sentia absoluta seriedade dos executivos do grupo  e compreendia que a Direção Geral  tinha sérias intenções em criar uma organização de administração e de vendas, qualificada profissional e eticamente.
Foi nestas condições que iniciamos o treinamento de todos os envolvidos na elaboração e colocação do plano “ECO”.
Eu submetia todos os agentes autônomos  a rígidos testes e controles de admissão  para não ter futuros  problemas  com a clientela do Itaú devido alguma  dúbia interpretação dos  objetivos e  limitações do novo produto  de renda variável.
Foi a partir daquele momento que comecei a ter sérios atritos com um diretor que hierarquicamente estava acima de mim mas que não tinha a mínima experiência com Bolsas de Valores e Fundos de Ações.    Passei inclusive a sofrer pressão por parte dele, para admitir pessoas nos grupos de agentes autônomos e respectivas chefias que não tinham a mínima condição qualificativa para serem “planejadores financeiros” dignos desta função.    
Além do fato de não querer admitir representantes com passado duvidoso,  eu argumentava  com aquele mesmo diretor de que desejava  treinar os próprios Gerentes do Banco e igualmente aos Agentes Autônomos  ligadas à  nossa Distribuidora de Valores, para quando a Bolsa de Valores porventura  sofresse alguma   brusca queda futura mais rigorosa.
Eu já imaginava de que aquele oba oba e euforia sem limites, em algum momento futuro poderia  acabar em decepções e grande desespero.
O principal argumento a favor da minha argumentação e dentro da lógica era de que o plano “ECO” havia sido planejado para 60 meses ou  seja 5 anos e, caso o mercado sofresse uma brusca queda, os clientes não deveriam  interromper seus planos ou mesmo resgatá-los antecipadamente, pois iriam adquirir maior quantidade de cotas dos fundos e isto traria melhor resultado futuro para eles.
O diretor não queria saber de nada e contra argumentava de que eu não deveria introduzir idéias pessimistas  e negativas quanto a  uma eventual queda do preço das ações ou cotas...
Dito e feito, ao final do ano de 1972 o mercado  reverteu o ciclo e desmoronou, caindo em enorme depressão que acabou se prolongando por  alguns anos.
Em parte culpo ao dito diretor pelo desmantelamento  que em seguida ocorreu à nossa Distribuidora de Valores, o que me impediu de preventivamente ensinar ao público investidor de como aplicar no longo prazo.
Culpo também  à ganância e  a falta de escrúpulos dos inúmeros corretores de valores existentes na época, que somente pensavam em si mesmos e sequer pensavam em ajudar a criar um mercado acionário forte e estável em nosso país.
Até hoje lamento minha precipitada saída do Banco Itaú, pois fui vítima da incompetência de um diretor que jamais deveria ter tido aquele cargo elevado sem ter um mínimo de conhecimento prático.  
Eu pressentia já naquela época que o grupo Itaú, estava construindo um empreendimento sobre alicerces sólidos e duráveis pela postura que assumiu sob a direção do Eng. Olavo Setubal.
Tive entretanto uma pequena grande satisfação dentro da profunda tristeza que acalentava por ter deixado o banco.
Quando o mercado se encontrava ainda no auge da elevação das cotações, um dia o chefe do Departamento Administrativo da nossa Distribuidora de Valores, entrou na minha sala e pediu para eu aconselhá-lo. Ele então me relatou que havia recebido uma bolada bastante significativa em dinheiro através do FGTS, na ocasião  de ter deixado anteriormente outra posição dentro do  próprio Banco  Itaú.   
Sua pequena fortuna estava investido em cotas do Fundo Itaú de Ações. Seu lucro superava os 200% (posso estar enganado na exatidão do percentual). A dúvida era; o que ele deveria fazer, pois enquanto estava exultante com o fabuloso lucro que em pouco tempo havia obtido, ao mesmo tempo sonhava em ter seu 1º carrinho, um Fusca novinho em folha, ano 1.972 (lembro que o valor de um Fusca     equivalia na época a aproximadamente 5.000 dólares e naquele momento ele possuía o dobro deste valor em cotas no Fundo).
Eu lhe expliquei em detalhe o porque da minha apreensão quanto a continuada  ascenção do mercado acionário e o aconselhei a adquirir o Fusca com o lucro que havia obtido e deixando o restante para o que desse e viesse... Foi o que ele fez.
Os anos passaram e apesar da bela carreira que certamente eu teria tido,  não me arrependi da  iniciativa que tomei ao sair  voluntariamente  do Itaú e me tornar um planejador financeiro independente.
Continuo sendo um fiel cliente e admirador do grupo Itaú e  anos mais tarde até me tornei um consciente acionista.
Pelos anos afora acompanhei  de perto a evolução constante do grupo, convertendo-se hoje no gigantesco Itaú-Unibanco.
Por que estou contando esta história?
Porque dia destes escutei  que  uma  nova campanha publicitária do Banco Itaú   estava sendo  veiculada na qual   era reforçada uma mensagem  básica de que  os Gerentes de Relacionamento deveriam de agora em diante não mais promover apenas os produtos do grupo, mas auscultar principalmente qual o produto  ou serviço que se adaptasse aos desejos e objetivos de cada cliente.   
Era exatamente aquele meu intuito  e meta ao treinar os gerentes e agentes autônomos do grupo  Itaú naqueles longínquos  anos de 1970, 1971 e 1972 e a principal razão de os ter denominado  de  “planejadores financeiros”.
Jamais eu poderia ter imaginado que no ano de  2.002   eu me tornaria o Fundador e 1º Presidente do “IBCPF”, Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros, afilhado brasileiro do “FPSB”, Financial Planning Standards Board”, representando atualmente  no  mundo inteiro mais de 140 mil Planejadores Financeiros.
Nesta multidão de “Planejadores Financeiros Certificados”  ou seja “CFP’s”, 186 pertencem ao Grupo  Financeiro Itaú-Unibanco, inclusive eu...

Homenagem
Fui admitido em Outubro de 1970 no então Banco Itaú-América pelo Dr.Alex Cerqueira Leite Thiele, Gerente Geral de Desenvolvimento do Grupo, na época um entre os sete cargos executivos mais altos  do banco.
Ele havia me submetido a testes psicológicos etc. e levou meu nome ao Eng. Olavo Setubal  que igualmente me aprovou.
Durante a minha relativa curta  permanência no Itaú, mantive com Alex uma excepcional  e profunda  relação profissional e humana.
Minha maior tristeza ao deixar o banco foi perder contato com o mesmo. No decorrer da minha estadia tivemos profundas conversas filosóficas e  muito aprendi  com ele.
Guardo com muito carinho a extensa e excepcional carta de recomendação que ele me deu quando saí, no qual expressou a admiração que sentia por mim e que através dessa homenagem  posterior estou  retribuindo.


Louis Frankenberg,CFP®  01-11-2011