Louis Frankenberg, CFP® 14-05-2013.
Parte 3; mais
segurança não nos faria mal nenhum.
Descrever os custos envolvidos para a obtenção
de maior segurança para nossa população e igualmente avaliar devidamente as
implicações fiscais e financeiras em relação a esta mesma (in) segurança,
principalmente nas maiores aglomerações urbanas (mas não exclusivamente), não é
fácil de equacionar ou quantificar, nem para mim, nem para todos nos
pertencentes à sociedade civil.
Estou plenamente convencido de que a atual
insegurança sentida por todos que me leem, se converte em insuportáveis,
custosas e lamentáveis consequências financeiras, indo muito além.
Segurança, este inocente vocábulo, nos deveria
ter sido “garantida pelo Estado”, como
indubitavelmente está descrito no Artigo 6° da Constituição de 1988.
Tentarei a seguir dar em rápidas e sucintas pinceladas,
o que penso a respeito como cidadão, sabendo que estou apenas aranhando pela
tangente alguns poucos aspectos envolvidos no assunto.
Moro há tempos em prédio condominial, assim
como muitíssimas outras pessoas na maioria das nossas cidades maiores e menores.
Algumas vezes tenho a sensação de ser um pequeno animal doméstico, acuado e
enjaulado, cercado por feras que querem me devorar.
Pago mensalmente uma elevada contribuição condominial
que, entre outras despesas, envolve a admissão de mais funcionários do que o
estritamente necessário. Envolve também empresa de segurança contratada, que geralmente
só acorda de sua sonolência e pouca responsabilidade, após algum incidente ter
ocorrido. Temos diversas câmaras de vídeos instaladas dentro e no entorno do
prédio e mais um monitor bem visível dentro da guarita.
De vez em quando pratico minha própria
vigilância, observando a rua movimentada em frente, a partir da minha sacada e
jamais vislumbro nem policiamento ostensivo circulando, nem a tal da empresa de
segurança contratada, verificando se tudo está em ordem...
Os tais vigilantes passam de carro e nem ao
menos se dignam em sair de seus veículos, indo até a guarita e espiando o que
acontece lá dentro... Acenam de longe e vão embora.
Periódicas obras esporadicamente são feitas
para assegurar e implementar a impenetrabilidade à
quem não desejamos que penetre no
prédio. Questiono-me não raras vezes se nossos diligentes e fieis funcionários
terão vez contra experimentados bandidos. Provavelmente não. Com toda a certeza
serão derrotados e nos moradores mais uma vez seremos suas vítimas, com direito
de nos tornarmos notícia em jornal, rádio e TV e fazer alguma posterior queixa
na Delegacia mais próxima, sem qualquer consequência prática.
Arrisco-me em avaliar que 15% do total da
mensalidade que pago deve destinar-se a fatores e aspectos direta e
indiretamente relacionadas à segurança. Gostaria de poder deduzir o valor
efetivamente pago na minha declaração anual de imposto de renda já que estou
pagando em duplicidade o mesmo, pelos tributos e novamente na mensalidade
condominial.
Vivemos hoje amedrontados em verdadeiras
fortalezas, cercadas por altos muros encimados por arame farpado, imaginando
que estamos protegidos. Observo com inveja a cidade de Nova York, onde dizem
que a criminalidade atualmente é considerada mínima e a tolerância permitida
pelo Prefeito está próxima de zero.
O natural e mais óbvio seria que a proteção oferecida
a nos, indefesos cidadãos, fosse feita por policiais do lado de fora dos muros
dos prédios e residências, através de constante patrulhamento pelas vias públicas,
efetuado dia e noite, para que nossas moradias não precisassem de todas essas custosas
parafernálias descritas anteriormente e pudéssemos dormir com nossas famílias
em paz!
Fomos privilegiados em nosso país com um clima
geralmente bastante ameno, porém mantemos permanentemente levantados os vidros
de nossos veículos quando circulamos pelas vias públicas, sempre aspirando o viciado
ar condicionado e com medo de sermos assaltados no farol da próxima esquina. Amigo
meu me contou estes dias que já prefere não sair mais a noite... Ele deve estar
na companhia de muito mais gente!
E apesar de todas essas precauções, não poucas
vezes acontecem os assaltos, sequestros e outras tragédias ainda piores, basta
ler os atuais noticiários de rádio, jornal e TV.
Ainda não aderi à moda dos veículos blindados
como alguns dos meus conhecidos já fizeram, pois ainda não fui oficialmente
notificado de que aqui estamos em estado de guerra, como ocorre atualmente na
Síria, Iraque e outros países do Oriente Médio e África.
Mas já tomei algumas providências protetoras,
entre os quais cito a de não entrar em banco quando vejo um daqueles tanques
repleto de dinheiro estacionado em frente do mesmo, sempre acompanhado de
seguranças com cara de poucos amigos, devidamente paramentados e armados até os
dentes.
Aproveito esta crônica que deveria ter tido um
viés financeiro, mas efetivamente está sendo usado como muro das lamentações igual
a de Jerusalém, para dar aqui a minha modesta opinião a respeito da idade da
imputabilidade de nossos criminosos mirins.
Penso que a maioria absoluta deles sabe muito
bem o que está fazendo desde os 16 anos de idade (ou mesmo aos 15 anos) e de que
imediatamente deveriam ser equiparados perante a lei como de maior idade. Se eles
têm o direito e o privilégio para poderem votar em nossos governantes, também devem
ter o conhecimento de que roubar, sequestrar ou matar é proibido por lei e terão
graves consequências em suas vidas.
Ao mesmo tempo, os maiores de idade que contratam
criminosos mirins para se livrarem de acusação mais grave, deveriam ter suas punições
ampliadas em 50% em relação à penalidade atual e de não
terem futuramente nenhuma possibilidade de quaisquer atenuantes.
Hoje em dia, aos que constroem sua própria
casa, provavelmente devem estar investindo além do normal, entre 10% a 15% a
mais, ao criarem seu próprio sistema defensivo contra indesejáveis penetras e simultaneamente
aumentando nos limites máximos da legislação, a altura dos muros externos de
suas propriedades, estando aí incluídos os mais modernos sistemas de alarme, além
de colocarem portas e fechaduras sofisticadas.
Não acredito que vá resolver o problema, mas
pelo menos terão a ilusão de estarem protegidos...
Os únicos felizes com esse gradual aumento da
violência contra a propriedade e a própria vida do cidadão, são as empresas
privadas de segurança que se aproveitam de nossos medos faturando o quanto
desejarem.
Infelizmente, por mais que tentamos nos
proteger, iremos depender da sorte, da criação de maior número de vagas nas
prisões e dos Juízes que atualmente legislam e pensam demais nos “direitos
humanos”, até o dia em que um dos seus próprios familiares se torna uma das
vítimas.
Como mencionei anteriormente, para a sociedade civil
como um todo, incluindo este pacífico planejador financeiro, é difícil
quantificar o que desembolsamos anualmente em defesa de nossa integridade
física e da lamentável perda ocasional de nossos pertences, muitas vezes
duramente conquistados.
De volta à minha especialidade que é a educação
e planejamento financeiro, acredito poder afirmar o seguinte;
Não tenho dúvida que parcela considerável dos 35%
do PIB (Produto Interno Bruto) que pagamos anualmente em nosso país, por
intermédio dos inúmeros tributos, que merecemos bem mais segurança
governamental e não termos que criar nossas próprias defesas.
Segundo o IBPT (Instituto Brasileiro de
Planejamento Tributário), os percentuais do PIB arrecadados através dos
impostos dos seguintes países eram; Coreia do Sul 26%, Japão 25%, Estados
Unidos 24%, China 18%, Índia 12% comparados com o excessivo 35% do Brasil.
Não me consta que a o fornecimento de segurança
à população daqueles mesmos países fosse cobrada separadamente em nenhum deles!
Aguarde a 4ª e última
parte desta série de crônicas sobre “previdência e aposentadoria” e leia as
anteriores a respeito de “educação” e “saúde” no meu blog.
Louis Frankenberg,CFP®
14-05-2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário