Louis Frankenberg, CFP® 01-11-2012.
Abaixo
alguns comentários e conselhos práticos que pessoalmente procuro seguir.
I-Não acredite e nem adquira
livros de finanças apenas por seus títulos.
Confesso humildemente que, apesar de ter lido (nem
sempre verdadeiramente lidos...) milhares de livros, teorias, comentários e opiniões
nestes meus quase 40 anos de vivência prática de mercados financeiros, permaneço
fiel a alguns princípios básicos que não exigem nem estudos profundos e muito menos cansativas horas de pesquisas e
comparações ou então disponibilidade de muito tempo.
Nessa fabulosa era da Internet e da falta de tempo
para tantas outras coisas, onde todos se expressam livremente e podem adquirir
democraticamente informações de milhões de fontes, o difícil mesmo é separar o
joio do trigo, ou seja, saber o que é válido e o que é descartável para a
gente.
Acredito demais nos três conceitos expressados no
título desta matéria, pois penso que existem inúmeros gurus e profissionais, alguns
altamente qualificados, que obtiveram justificadamente sucesso como
inspiradores de mim e de tantos outros planejadores financeiros e do público em geral.
A minha intenção aqui é citar aqueles outros (imitadores,
desonestos e aqueles que nada têm a dizer de autêntico ou importante), na qual
eu mesmo, quem sabe, me enquadro na opinião de uma quantidade desconhecida de
leitores.
Pobre do leitor e investidor que acredita em um título
de livro do tipo “Como se tornar
milionário com ações em menos de um ano” ou então “em 24 lições”.
Autor de qualquer livro com pequenas variações em
torno do título acima, quem sabe também ficou por demais influenciado pelo
Departamento de Marketing da sua Editora. Pior, escreveu o livro apenas
pensando nas eventuais compensações financeiras que pudesse obter.
Talvez ele acredita
que com título extravagante parecidos aos citados
anteriormente irá vender dezenas de milhares de cópias. Puro engano. Para
início de conversa já começou iludindo seu potencial leitor.
Pessoalmente nunca tive qualquer disposição para me
tornar um vendedor de ilusões e, sistematicamente recusava títulos bombásticos ou
fora da realidade que minha editora sugeria para algum dos quatro livros que
escrevi.
Agora, amigo leitor, pense bem na estatística que vou
citar abaixo para concluir que outros fatores, absolutamente diferentes
concorrem para que você ou qualquer outra pessoa tenham o privilégio de
pertencer à classe daqueles que são considerados muito ricos.
Posso categoricamente proclamar que se título de livro
espelhasse a realidade da vida ou de como é possível tornar-se rico em pouco
tempo, muito, mas muito mais gente além dos meros 1% da humanidade seriam milionários
hoje em dia...
II- Bolsa de Valores, ações, mercados e fundos de ações.
Em respeito a
vocês, caros leitores, menciono abaixo alguns dos valores, maneiras de pensar e
formas de agir em relação aos mercados acionários nos quais pessoalmente
acredito e geralmente costumo agir.
Espero que possam
ser úteis para suas próprias vidas.
Jamais usem conceitos de outrem, caso
não acreditarem nos conceitos emitidos ou
não estiverem de acordo com sua utilidade e justeza.
J Adquiro ações de
empresas cujos produtos ou serviços são vendidos no supermercado e geralmente bastante
populares. Também ações de empresas de serviços essenciais como tele
comunicações, eletricidade e de avançada tecnologia, quando sinto que podem dar
certos devido a inovações que não sejam
meramente “de moda”.
J Concluí genericamente
que empresa que distribui regularmente dividendos dentro do razoável, é empresa
que se preocupa com seu acionista e não o esquece na hora de dar boas notícias.
(Eu não estava de nenhuma maneira convencido e
entusiasmado com o I.P.O. do “Facebook” e achava que aquele lançamento era demasiadamente comercial
e prematuro).
Da mesma maneira penso que diversos lançamentos
havidos no Brasil nos últimos anos foram apenas “caça ao trouxa do investidor” que estava
avido para adquirir ações mas não tinha noção do que estava fazendo. Muitos
jovens que ainda não experimentaram as grandes quedas nos índices são os
primeiros patinhos a caírem nas armadilhas preparadas por grupos comerciais e
financeiros... Vacinem-se contra os mesmos!
J As ações de empresas que eventualmente cogito
adquirir devem ter tradição, serem os mais transparentes possíveis em seus
balanços e relatórios (apesar de que eu normalmente não os leio por completo
por geralmente fornecerem muito mais
dados legais que mais interessam às autoridades da CVM e são exigidos de lei,
do que aos acionistas).
J Por princípio não
entro em I.P.O. (Initial Public Offering), pois quero ver as ações se
comportarem no dia a dia, com todas as oscilações e acontecimentos econômicos ocorrendo e decorridos algum tempo
(meses ou até anos após o lançamento!)
A oferta e demanda deve ser testado em mercados em
alta e em declínio e isso só acontece após pelo menos um ano de existência da
empresa.
Vejam o que aconteceu com Facebook e inclusive em tantas de nossas empresas
construtoras e imobiliárias. Também não
tenho fé em lançamento das ações de
determinado banco em nosso país.
Desconfio quando determinado grupo faz muita propaganda
do lançamento de suas ações em jornais ou pela T.V... ( é gente, não sou
dos mais fáceis de ser convencido!)
J Não quero saber de
ações de empresas que vendem produtos da moda, pagam salários ou bônus
demasiadamente elevados aos seus dirigentes ou estão muito envolvidos com política e políticos.
J Não tenho
muita vontade ou ansiedade em possuir
participação em empresas que tenham
grandes lotes de ações que estão em poder de fundos de pensão de nossas empresas estatais ou autarquias e
cujos dirigentes exercem forte influência sobre os negócios dos mesmos. Para
ser totalmente sincero, não quero nem
pensar no momento em que alguma grande negociata alcança a luz do dia e cause
muitos estragos aos verdadeiros prejudicados que serão aposentados e pensionistas.
J Sigo geralmente as
diretrizes de Warren Buffet e adquiro ações para ficar com elas por um bom
tempo, pelo menos esta é a minha intenção básica.
São três as razões principais para sentar
confortavelmente em cima delas, a 1ª por
que para cada mudança que faço pago duas vezes corretagem, uma na venda e outra
na nova compra, achatando meu rendimento líquido potencial. Também porque
antecipadamente estudei a empresa por algum tempo.
A 2ª razão é que periodicamente anoto seu preço e
acompanho melhor as naturais oscilações e dessa maneira me chama a atenção para
importantes momentos em que, eventualmente posso obter algum ótimo ganho na
venda ou aquele mesmo instante se torna excelente para a aquisição de um novo lote e dessa
maneira puxo meu preço médio de aquisição para baixo.
Não procuro nunca o preço máximo e nem o mínimo, pois
ninguém tem bola de cristal para adivinhar o dia de amanhã.
J Como me considero
apenas um investidor amador, pois o mercado acionário não é meu
ganho pão de cada dia, levo devidamente em consideração o aspecto fiscal
e quando necessito ou desejo vender algum lote de ações, faço o planejamento
para que mensalmente não ultrapasso o montante total de R$20.000
em valor global de venda e, dessa maneira, não pago 15% de imposto de
renda devido sobre ganhos no mercado acionário (legislação de I.R. da Receita
Federal para pessoas físicas).
Façam os cálculos; nos dias de hoje 15% de renda (não
pagamento do imposto devido) equivale a talvez dois anos de renda. Para mim
isto continua sendo um negócio vantajoso.
J Cauteloso como sou,
um dos meus princípios básicos é não fazer “alavancagem”, ou seja, não tomo
dinheiro emprestado para ampliar a quantidade adquirida de algum lote de ações e
desta maneira ampliando o potencial de lucro. A razão desta cautela é que o
tiro pode sair pela culatra, quando as ações adquiridas subitamente baixam na
Bolsa e meu prejuízo poderá se tornar bem grande ou até exponencial.
Prefiro somente trabalhar com meu próprio dinheiro e ter
completo controle sobre a situação e... podendo dormir sossegadamente à noite, sem
sobressaltos ou pesadelos!
J Quando poucos de
vocês sabiam o que eram fundos de investimento em ações, eu já estava profissionalmente
metido até o pescoço com os mesmos e, até os dias de hoje, os considero ideais para
iniciantes e pessoas que não tem tempo para se preocupar com seus próprios recursos e reservas financeiras ou não
sabendo procurar informações técnicas adequadas e idôneas.
Desde que a instituição gestora dos recursos for
idônea e profissionalmente bem qualificada e administrada, podem investir
tranquilamente na mesma.
Fundos de ações normalmente oferecem plena liquidez e
razoável rendimento automaticamente reinvestido em quotas.
A diversificação de uma carteira de fundo de ações bem
administrada diminui muito sua volatilidade e, portanto o risco da perda
completa do capital, já que dificilmente todas as empresas contidas irão quebrar simultaneamente.
J Apesar de considerar
fundos de ações instrumentos convenientes para se depositar uma parte das
reservas financeiras, alguns aspectos devem ser observados pelos investidores.
Um deles é a verificação de quantas vezes o administrador negocia a compra ou a
venda anual da totalidade das ações da carteira (giro da carteira). Estas negociações
podem, eventualmente dar (às vezes indevidamente) um bom lucro extra aos
gestores e podem estar disfarçados entre outras despesas pouco transparentes...
É possível que parte dos ganhos dessa Administradora e
da Corretora de Valores associada, advém de demasiada quantidade de
movimentações e dessa maneira enriquecem indevidamente os gestores as nossos
custas...
A meu ver, nos dias de hoje, em que o índice
inflacionário está razoavelmente contido, não cabe mais se pagar taxas absurdas de administração acima de 1% ao
ano.
Por hoje é só!
Tenham um bom feriado e fim de semana.
Louis
Frankenberg,CFP® 01-11-2012
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