Louis Frankenberg,CFP® 08-02-2012
Da Europa eu trouxe quase um quilo de jornais com notícias financeiras recortadas que andei coletando pelo tempo em que lá estive.
Minha mulher costumeiramente tenta me impedir de carregar os mesmos comigo devido o peso e espaço que ocupam nas malas. Felizmente, por enquanto continuo levando a melhor na discussão que geralmente passa a ocorrer e ela os acaba acomodando no fundo das malas e bolsas.
Ela costuma ser a triunfante comandante pois é a que faz e desfaz estas mesmas malas, mas prefiro pensar que sou eu o mais esperto para não entrar em alguma virtual auto depressão, pois vingativamente fico imaginando que em virtude destes meus recortes ela precisa limitar suas aquisições no exterior. Naturalmente também fico antecipadamente pensando a respeito das futuras faturas do cartão de crédito que me aguardarão na volta da viagem.
Essas coisas acontecem justamente a mim que vivo ensinando aos consumistas inveterados de que devem se limitar ao essencial no uso do cartão de crédito... Infelizmente também para este mortal planejador financeiro cola perfeitamente o adágio, “Casa de ferreiro, espeto de pau”.
Na certa ela acha que sou um maníaco financeiro que não encontra qualquer graça no fato de gastar dinheiro a rodo em roupas e cosméticos, pois a noite no hotel ou então espremido em alguma poltrona de avião, sem tesoura comigo, (arma proibida a ser carregada nos dias de hoje) rasgo a mão e da melhor maneira possível, os jornais com os assuntos que me interessam guardar, para posteriormente decifrá-los com mais calma.
De volta da viagem sempre me encontro com calhamaços de artigos, crônicas e pesquisas que devo classificar e guardar.
Invariavelmente passo a ter dúvidas colossais; quais dos assuntos continuam sendo atuais e que devo abordar em alguma das minhas crônicas. Será que tal assunto será de interesse dos meus leitores?
Será que meus leitores brasileiros irão apreciar quando escrevo algo a respeito de finanças da Europa ou dos Estados Unidos ?
São esses alguns dos pensamentos que presentemente ocupam meu embaralhado cérebro, que continua pensando mais na viagem que já findou e nas maravilhas vistas e familiares visitados!
Podem me tachar de excêntrico, já estou acostumado.
Na imensa dúvida que me assalta com tantos assuntos guardados, prefiro hoje escrever respeito determinado Fundo Imobiliário.
No dia 31 de Janeiro, três dias após ter regressado de viagem, no Jornal Valor vejo o seguinte título “Hospital ameaçado de despejo diz que pagou aluguel de imóvel de fundo”.
Para aqueles que não sabem, o Frankenberg há muitos anos emigrou do sul do país para São Paulo, contratado pelo então bem menor grupo financeiro Itaú, para reformular os Fundos de Investimento do banco. Na época eu era um dos maiores especialistas nesta área, conhecendo tudo a respeito do assunto (hoje em dia encontro mil e um defeitos nestes mesmos fundos e vivo criticando-os). Volto ao conteúdo, mencionado no título acima.
O Grupo Hospitalar Nossa Senhora de Lourdes e o Hospital da Criança aparentemente não pagaram o aluguel que deviam ao Fundo Imobiliário Brazilian Mortgages, sua administradora e dono dos imóveis referente ao mês de Dezembro de 2011, e este então ingressou com uma ação de despejo...
Nada demais diriam vocês leitores, isso acontece costumeiramente e todos os dias nestes rincões de nosso imenso país!
Não vou entrar nos detalhes de quem tem ou não razão, mas vou comentar coisa a meu ver bem mais importante e novamente ressaltar o que eu já havia mencionado em duas crônicas anteriores, neste mesmo blog.
O conceito de fundo de investimento em ações ou mesmo qualquer fundo imobiliário incorpora a premissa de pulverização de risco ou seja os ovos (componentes da carteira) devem ser colocados em cestas diferentes para não todos quebrarem simultaneamente, quando alguém inadvertidamente deixa cair a tal da cesta!
Este conceito nasceu há mais de duas centenas de anos quando comerciantes europeus perdiam todas as suas mercadorias devido a naufrágios e em razão daquele lamentável acontecimento iam imediatamente à falência quando a embarcação com todo seu capital mercadológico afundava em algum dos imensos oceanos.
Inteligentemente, resolveram então limitar ou melhor dito dividir o risco. Vários comerciantes juntavam-se, coletivamente contratavam um navio e com apenas pequena parte das mercadorias de cada um deles, rezavam pelo melhor e dessa maneira enfrentavam a sorte das tempestades ao atravessar os perigosos mares.
Caso o navio naufragasse, e isso acontecia muitas vezes, a perda sofrida seria apenas parcial e não atingiria toda o capital individual de cada um dos comerciantes que compartilhavam a carga do navio.
Minha própria aprendizagem prática a respeito do assunto inclui o conhecimento obtido na época através de três importantes fundos imobiliários internacionais que acompanhei quando estavam ainda em evidência e posteriormente quebraram; um holandês, outro incorporado no Caribe e um terceiro norte americano. Todas essas quebras de grande repercussão internacional e muita perda para seus inocentes quotistas. A razão básica dos três fundos imobiliários terem entregues a alma ao diabo foi entre outras terem tido principalmente “falta de liquidez” quando os respectivos mercados subitamente mudaram de rumo e uma certa quantidade de investidores de suas quotas teimavam resgatá-los imediatamente e todos ao mesmo tempo.
Como é sabido, investimentos imobiliários têm como um de seus aspectos mais negativos possuírem pouca liquidez imediata. ( parte muito pequeno é investido em títulos de plena liquidez).
Por razões óbvias não é possível vender apenas alguns dos quartos do Hospital da Criança ou então a Sala de Cirurgia ou a própria U.T.I. ou até mesmo a Recepção... Vende-se o hospital inteiro ou não se vende nada!
O Frankenberg na época do lançamento inicial dos fundos imobiliários em nosso país já apontava para a irracionalidade de determinados desses instrumentos de aplicação de capital serem constituídos por apenas um único imóvel e passarem a viver então do recebimento de aluguel deste único imóvel...
Caso a CVM na época tivesse me consultado eu teria vetado certas aplicações em fundos imobiliários. Uma das condições exigidas e necessárias que eu teria sugerido seria a de que o dinheiro dos quotistas deveria estar pulverizado em pelo menos “X” diferentes empreendimentos e não somente e em um único! A diversificação deveria ser também por regiões geográficas e ramos diferentes de negócios.
Aos que desejarem rever minhas crônicas em que menciono fundos imobiliários consultem neste mesmo blog os seguintes títulos;
- Todos os fundos imobiliários são confiáveis? data; 23/9/2010
- Algumas considerações a respeito de adquirir imóvel..... data; 20/7/2011
Por hoje é só, abraço a todos vocês e meu obrigado por lerem minhas opiniões e comentários Não os levem demasiado a sério pois também cometo meus próprios erros! Ninguém é infalível.
Se gostaram, recomendem-nos aos seus amigos e familiares. Caso não estiverem ainda na minha listagem automática de recebimento direto, peçam a inclusão através dos e-mails abaixo. Aceito elogios e críticas. Os melhores publico, os mais radicais deleto!
Louis Frankenberg,CFP® 08-02-2012
e-mails; perfinpl@uol.com.br e lframont@gmail.com
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