sexta-feira, 9 de abril de 2010

Controvérsias a respeito de classes sócio econômicas no Brasil

Classe Média, 1ª de uma série de ensaios opinativos com direitos de reprodução reservados pelo autor.

Louis Frankenberg,CFP® - 9.4.2010 - perfinpl@uol.com.br

Pertenço ou não à classe média brasileira? Este questionamento pessoal já deve lhe ter ocorrido mais de uma vez. A resposta é demasiadamente complexa para ser respondida de maneira simples e direta.

Ela, entretanto, é totalmente pertinente e envolve profissionais e estudiosos de muitos países, há muito tempo. Você que me lê neste mesmo momento, com bastante probabilidade não deve pertencer nem à classe de indigentes nem à classe dos pobres, pelas razões que envolvem estes mesmos conceitos, emulados por estudiosos do mundo todo.

Sobram portanto as classes média e rica para lhe enquadrar corretamente, de acordo com a maioria desses estudiosos apesar das inúmeras maneiras de encarar o assunto e inúmeras controvérsias existentes.

Nosso país não é nenhuma exceção, como verificarão na série de ensaios que pretendo escrever.

A mais controvertida da diversidade de classes existentes e sua nomenclatura apropriada, entretanto, é a chamada classe média, que inicialmente pretendo abordar neste ensaio com maior profundidade.

Antes de prosseguir quero mencionar três definições que sociólogos, economistas e outros profissionais acreditam serem pertinentes para designar àquelas pessoas ou famílias pertencentes a classe média e que convencionalmente são designadas pela letra “C”.

Acredita-se que a denominação “classe média”deriva do similar inglês “middle class”, designando aqueles que nem pertenciam ao povão, nem a aristocracia.

A Wikipédia a define assim:

classe média é aquela que possui alguma independência econômica, porém menor influência social ou poder. Os fatores que determinam alguém pertencer à classe média são; dinheiro, comportamento e hereditariedade. Na maioria dos países, entretanto é a quantidade de dinheiro disponível que determina este status.”

Em 13/9/2008 a revista inglesa “The Economist” descrevia laconicamente a classe média como sendo:

“aquela que possui emprego na economia formal, tem acesso ao crédito e possuindo carro ou motocicleta.”

Pessoalmente prefiro a seguinte definição de minha autoria, pois não incorpora somente o fator “posses”:

“O que define que alguém pertence a classe média não é somente a afinidade direta com suas posses, mas também com seus padrões de consumo e estilo de vida. A classe média possui determinado capital, que tanto pode ser econômico, como social e/ou cultural.”

De acordo com a Fundação Getulio Vargas, utilizando-se das pesquisas do IBGE, colhidas entre o ano 2.003 e 2.008 (publicação Folha de S.Paulo de 22/9/2008), a classe média em nosso país aumentou espetacularmente em 31,1% englobando atualmente 49,2% da nossa população.

Iniciam-se aqui controvérsias que pretendo trazer à tona para enfatizar a tremenda confusão existente nas mídias e comunidades que estudam e divulgam pesquisas a respeito do assunto. Elas são confusas e contraditórias.

Em 10/12/2006 a Folha de São Paulo publicou um estudo do CAGED ( Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho que afirmava que a classe média havia perdido 46% de seu poder aquisitivo entre os anos 2.000 a 2.006. Pergunto: será que em dois anos ( portanto entre 2.006 e 2.008) a perda de 46% sofrida pela classe média havia milagrosamente se transformada em um aumento quantitativa da totalidade de seus integrantes em 31,1%?

Estas cifras, mesmo analisando aspectos diferentes, não guardam qualquer relação lógica entre si. Qual delas então é a certa e qual a errada?

Vamos a seguir ampliar a confusão um pouco mais: a Ordem dos Economistas do Brasil define que uma família é da classe média quando esta ganha entre 10 e 40 salários mínimos mensais, representando portanto um mínimo de R$ 4.150,00 e um máximo de R$ 16.600,00 mensais para o ano de 2.008.

Na mesma época a Federação do Comércio de S.Paulo , Fecomercio considerava uma família como sendo da classe média quando ela ganhava entre 10 e 30 salários mínimos ou seja entre R$ 4.150,00 e R$ 12.450,00 mensais.

Entretanto, o Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, em publicação no jornal Valor Econômico de 7/10/2008 revela euforicamente que a nova classe média (leia-se famílias da classe C) agora ganham entre R$ 1.064,00 e R$4.591,00 mensais! Observem a discrepância; o mínimo da Ordem dos Economistas e da Fecomercio de R$ 4.150,00 equivale praticamente ao máximo dos valores apurados pela FGV com dados do IBGE de R$ 4.591,00 no intuito de enquadrar famílias da classe C, representando 93,8 milhões de brasileiros!

Apenas começamos e vamos dar continuidade ao assunto...

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