domingo, 27 de outubro de 2013

Tentando desvendar os segredos de nosso cérebro e além.


 

Louis Frankenberg, CFP® - 26.10.2013

 

Não tenho qualquer dúvida de que nosso cérebro, produto de milhares de anos de evolução, somente agora no século XXI começa a ser um pouco melhor compreendido. 

Muitos cientistas estão ocupados em tentar encontrar e decifrar os mistérios que cercam nossa fabulosa capacidade de memorizar, de relembrar, de adaptar, de inventar e de catalogar tantas outras funções que a mente desempenha e estão abismados com a complexidade e a impenetrabilidade deste sistema de tão sofisticado que é.

As mais atualizadas tecnologias da informação, “T.I.” até hoje inventadas, estão sendo usadas, escaneando, fotografando, radiografando, ultrasonografando, e tentando de todas as formas possíveis penetrar nos segredos desta complexidade neurológica que é a mente humana.  É a neurociência que, quem sabe, vai nos revelar muitas coisas desconhecidas até hoje! E quando será que vamos entender por completo e nos mínimos detalhes, o conteúdo das sinapses conectando os milhões de neurônios?

Até o presente, os neurocientistas somente conseguiram reconhecer algumas poucas áreas genéricas onde essas múltiplas funções corporais são processadas*.
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Saber o que cada um de nós pensa ou pretende fazer nos próximos segundos, minutos, horas ou dias, ainda está longe de ser revelado! 

Este Planejador Financeiro, exercendo sua profissão há inúmeros anos, continua absolutamente maravilhado com a complexidade daquilo que se passa na sua própria cabeça e na de seus clientes também e, consequentemente, desde quando começou a trabalhar com finanças pessoais, procura discernir e prevenir problemas financeiros em potencial, menores ou mais graves e dar o alerta.

Alguns deles são falta de visão de médio e longo prazo, a não determinação de objetivos definidos, a não percepção dos riscos envolvidos em projetos ou investimentos novos e tantos outros aspectos que envolvem eventuais inconveniências comportamentais imediatas ou futuras.

A memória remota relembra um livro ganhado em 1968      

Vem-me subitamente à lembrança o 1º livro norte americano que ganhei de prêmio de venda e que li sofregamente no longínquo ano de 1968, quando pouca gente ainda cogitava em ligar Freud, Jung, Lacan, Tversky, Kahneman e tantos outros gurus atuais da psicologia, ao estudo do comportamento humano em relação às finanças.

Aquele livro que abriu um novo mundo para mim tinha o pomposo título de   “Recognizing the Psyco Chek Types”. O livro explicava e interpretava as diferentes maneiras de como as pessoas sentavam, as diferentes maneiras de como gesticulavam utilizando suas mãos e outras formas interpretativas do sentimento e comportamento consciente e inconsciente da mente, que supostamente representassem as manifestações da personalidade de alguém e poderiam portanto dar boas indicações a respeito desse alguém ao psicólogo, psiquiatra, educador ou consultor.   

O assunto era completamente novo para mim e me fascinava de tal maneira que na 1ª ocasião em que viajei depois para Nova York, voltei com um enorme carregamento de livros a respeito de assuntos de alguma maneira relacionados à psicologia.

Meus colegas de venda do mesmo segmento financeiro no qual eu estava envolvido na época (fundos de investimento em ações dos Estados Unidos), só pensavam na comissão de intermediação que iriam arrecadar e poucos estavam interessados no que o cliente pensava ou tinha por objetivo de vida, e consequentemente só queriam concluir a venda o mais depressa possível e fim de papo.

Eu, ao contrário, fazia perguntas e mais perguntas, querendo sempre saber o que o cliente almejava para o futuro de seus filhos, a importância que dava à educação, quais eram suas próprias prioridades de vida, se gostava de viajar, se lia livros e quais, ou ainda com que finalidade estava querendo investir seu dinheiro. É muito provável que alguns deveriam interpretar meus questionamentos como intromissão indevida na vida deles.

E os anos iam passando e eu estava cada vez mais  envolvido com os objetivos, desejos e sonhos das pessoas.

À medida que recebia respostas, formava seu perfil em minha mente e dessa maneira conseguia vender-lhes algum produto condizente com os objetivos, necessidades e expectativas deles.     

Aos poucos consegui identificar algumas das características comuns à maioria daqueles que viviam e trabalhavam no Brasil e que não se distinguiam muito dos “expatriates”, temporariamente trabalhando aqui nas empresas multinacionais, que igualmente eram meus clientes.  

Eu comecei a notar que os cidadãos mais capacitados cultural e intelectualmente (ou quem sabe igualmente preocupados com o futuro de suas famílias, assim como eu) davam grande importância aos vocábulos “lucro”, “rendimento” e tantos outros termos de significado semelhante que permeavam nossa maneira ocidental e capitalista de pensar.   

Todas aquelas palavras, por sua vez estavam intimamente ligadas às subjetivas expressões “desejo ser bem sucedido“, “quero ser um vencedor“, “procuro estar bem de vida”, “preciso formar reservas” etc.

Um planejador financeiro abandona o racional e começa a filosofar.

E enquanto estou escrevendo esta matéria e pensando (planejador financeiro às vezes também pensa!), minha própria mente começou a divagar, a flanar e se afastar do que pretendia abordar e de repente encontro algo que nunca antes havia passado na minha cabeça; reflexões a respeito de um mundo imaginário e utópico.

Era meu subconsciente se intrometendo no consciente. Vocês meus caros e raros leitores que leem por inteiro meus “posts”, devem achar estranho ou quem sabe, achar-me até um pouco imaturo, mas não me envergonho de revelar-lhes em seguida o que pensei;

„Por que será que aqueles outros seres vivos, os animais, não necessitam de dinheiro e tudo aquilo que se relaciona com dinheiro e que é possível adquirir de alguma maneira“?

Será porque a principal força e intuição para eles é a alimentação e têm plena consciência de que é ela que os mantem vivos na própria natureza?”

Prontamente, respondendo para mim mesmo aquilo que nos seres humanos sempre falamos;

porque somos seres racionais”. Acontece que há tempos concluí definitivamente que de maneira alguma somos seres racionais!

E agora? Será que os futuros sábios e cientistas dentro de algum tempo vão descobrir que o dinheiro e tudo o mais que gira ao redor deste tema é também parte integrante de nosso ser, ou seja, de nosso DNA e o conseguiram localizar com exatidão?  
E então sigo questionando;

“em que parte de nosso cérebro esses sábios e cientistas vão encontrar as origens desse mal humano que provoca tantas guerras, crimes, destruição e mortes?”  

Será que graças a estas crenças e ideologias que nos foram incutidas inconscientemente ou quem sabe por osmose, o ser humano foi acumulando conceitos que biologicamente não lhe foram fornecidos pela natureza, pois não creio que algum poderoso ser superior tenha pensado quando estava preparando esta grandiosa criação aqui em nosso planeta nas palavras;

“dinheiro”, “lucro”, “rendimento”, “dividendos”, ”juros”, “liquidez”, “risco” e alguns produtos tão em moda como “cartão de crédito” e “cheque pessoal”!  

Algum de vocês, caros amigos, têm alguma boa resposta para mim?

Possuir ambição” é mais outra dessas expressões largamente cultivadas por nós, tanto no mundo capitalista ocidental e igualmente na parte oriental, que não consigo imaginar como tendo sido criada pela mãe natureza ou alguma força superior.

Será que você caro leitor, consegue pensar em algum outro animal que tenha “ambição”?

O bicho mais parecido que conheço e que se chama pavão, aparentemente é apenas “vaidoso”.

Será que Darwin, no seu célebre livro “A Evolução das Espécies” pensou a respeito de “dinheiro” e “questões financeiras” envolvendo o cérebro dos diferentes bichos que estudou?   

Vamos descer desse plano superior da filosofia para voltar à terra firme por baixo de nossos pés.

Acredito que individualmente somos produto da evolução e miscigenação de nossos familiares ou dito de outra maneira, de centenas de gerações de nossos antepassados.

A descoberta do DNA definitivamente já conseguiu comprovar que cada um dos 7 bilhões de seres humanos atualmente existentes são diferentes uns dos outros.

Da mesma forma podemos concluir com relativa certeza de que praticamente nada sabemos de cada um de nossos familiares diretos de gerações anteriores, porém muito distantes. 

Como será que eles pensavam, como viviam e como agiam em tempos remotos?

Questionando se passarinhos são mais racionais que seres humanos.

E cá estamos nós, 205 milhões de brasileiros, vivendo no começo do século XXI, batalhando por nossa sobrevivência e criando aos nossos descendentes desde bebezinhos indefesos até o momento em que eles se tornam independentes.

E o Frankenberg novamente filosofando e ainda envolto com a sua descoberta recém-feita, lembra que aquelas lindas avezinhas chamadas genericamente de passarinhos, quando recém nascidos e piando em seus ninhos no topo das árvores, são alimentadas na boquinha por suas mamães e papais passarinhos! 

A diferença desses passarinhos para nos seres humanos está que eles não necessitam de dinheiro, cheque, empréstimo ou crédito de nenhuma instituição financeira!      

A proposital analogia entre seres humanos e passarinhos deveria nos servir de sinal para sermos muito mais humildes e refletirmos profundamente a respeito de quem realmente somos, de onde viemos, para onde queremos ir e o que deveríamos almejar como objetivos prioritários em nossas vidas.  

Não somos nenhum pouco superiores aos demais seres vivos aos quais equivocadamente denominamos de “irracionais”!

Como então temos a coragem, o desplante mesmo, de pensarmos que sendo nos produto do cruzamento de milhares ou quem sabe milhões de nossos próprios antepassados, somos assim mesmo capazes de ignorar esta bela natureza e todos os seres vivos que vivem nele e pensar costumeiramente de maneira tão materialista! 

A civilização ocidental e urbana infelizmente nos tirou o desejo de buscar aquilo que é tão importante quanto o dinheiro.

Quem sabe deveremos tentar cultivar outros valores tais como, viver mais na natureza, apreciar as flores, as árvores, os demais seres vivos e pensar menos em enriquecer.  

Com uma filosofia parecida com essa, a probabilidade de termos uma vida mais feliz e saudável certamente aumentará exponencialmente.
           Uma amostra de nosso cérebro com algumas de suas funções.
Um forte abraço,

Louis Frankenberg, CFP® 26-10-2013


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