Louis
Frankenberg,CFP® 18-02-2013
Como penso a respeito da negociação com ações de empresas brasileiras
Gente,
a sabedoria de botequim proclama que para acertar na vida precisamos primeiro passar
por bastante aprendizado... e a melhor
forma de aprendizado que conheço continua sendo sofrer algum prejuízo financeiro ou
outra qualquer forma que doa profundamente na alma, no bolso ou em ambos os locais!
Será
que a palavra “pré juízo” = “antes
de termos juízo”, tem algo a ver com o que acabo de descrever? (me perdoem pelo
trocadilho infame).
Nossos
vizinhos castelhanos chamam a qualquer
aprendizado que nos custa alguma coisa de
“derecho de pizo”, termo que penso ser bem adequado para nos
referirmos aos constantes erros que cometemos no afã de construirmos algum
negócio de maior envergadura.
Estou
me relembrando das inúmeras crises nacionais e internacionais que vi passar no
decorrer da minha longa vida profissional e, igualmente, às milhares de
crônicas, críticas, conselhos e livros que li no decorrer dos meus próprios anos de aprendizado, escritos
por inúmeros profissionais do mercado de capitais e acionário e também às
crônicas de jornalistas que produziam suas matérias sob pressão de seus editores e sem muitas
vezes possuir maior conhecimento a respeito dos assuntos que abordavam.
Pessoalmente,
nem de longe me considero um “expert
ou nem mesmo um “profundo estudioso dos mercados”,
mas apenas um observador curioso e não comprometido com governos ou empresas,
por isso hoje vou transmitir para vocês
quais são os fatores que
considero relevantes e que eu adoto na
tomada de decisão de compra, venda ou simplesmente de ficar sentado sem me
mexer, em relação ao mercado acionário e, portanto, não dar muita bola para metodologias
sofisticadas que proclamam o que deve ou não ser feito
para se atingir o sonhado
arco íris do sucesso absoluto (que a meu ver nem mesmo existe, por
sermos demasiadamente humanos e portanto sujeitos a constantes erros).
Aqueles
de vocês que me conhecem há mais tempo certamente ficarão decepcionados comigo pelo
fato de não usar linguagem mais sofisticada e bombástica, mas isto acontece
porque ainda sou adepto incondicional da
expressão inglesa, “ KISS” ou seja “Keep
it short and simple”. Vamos lá;
·
Escolho
empresas para investir de amplo conhecimento do grande público e de marcas e
produtos que todos consomem e que tem tradição e bom nome no mercado, que ainda
são transparentes e em meu entender não corruptas,
possuindo controle completo sobre suas atividades específicas.
·
Verifico
sempre quais foram as cotações mais
baixas e mais elevadas nos últimos 2/3
anos e obviamente as adquiro quando
estão em período de baixa e jamais quando estão bombando e jornais mais
sensacionalistas abrem manchetes a respeito dos méritos daquela mesma empresa.
·
Verifico
qual é a política de distribuição de
dividendos e raciocino que quem não distribui os mesmos (ou insuficientemente)
são empresas dominadas por capitalistas provavelmente pouco preocupados com
seus acionistas minoritários como eu e
você.
·
Devido
razoável experiência adquirida, desconfio
de empresas majoritariamente estatais ou dominadas por
grupos ou dirigentes sindicais que procuram interferir em seus negócios e decisões e que as possam influenciar
ocasionando negócios duvidosos. No Brasil atual, lamentavelmente,
isto ocorre demais com empresas e autarquias.
·
Como
medida complementar na escolha da melhor
cotação e na hora decisiva da compra,
verifico qual é a relação existente entre o preço a ser paga e o recebimento de
dividendos. Definitivamente, nem penso
em adquirir ações cujas cotações ou
relação “P/L” está acima do quociente 15, significando que eu levaria 15 anos para recuperar em
distribuição de lucros (dividendos e/ou juros), o capital que empatei no
empreendimento.
É o caso atual no Brasil de diversas
empresas brasileiras negociadas na Bolsa.
Esta minha maneira de determinar risco e retorno me evitou de entrar em
inúmeras “bolhas” que se
formaram no passado em diferentes segmentos.
·
Por
fim considero muito válida o seguinte
princípio de Warren Buffett e de grande valor para o pequeno investidor; ter
vontade e intenção de sentar em cima das ações escolhidas e somente se desfazer
delas quando o mercado como um todo (e a ação em questão em particular) estiver
muito e completamente fora da máxima proporcionalidade acima explicada.
Resumindo;
adquirindo ações de alguma empresa significa que a gente efetuou uma análise
prévia razoavelmente profunda em torno do passado da empresa e sua maneira de
operar no mercado.
E
por último, é bom relembrar, corretor ou intermediário ama pessoas indecisas e ansiosas por palpites
(mesmo que meramente inventadas) e clientes (inseguras) que constantemente vivem comprando e
vendendo, ampliando dessa maneira seus
próprios ganhos e às suas custas!
E agora as ações da Petrobrás
Esta empresa tão brasileira quanto feijão e arroz, certamente tem futuro e merece a atenção de investidores inteligentes, mesmo que na atualidade esteja dominada pela corrupção, incapacidade empreendedora, empreguismo e fabuloso endividamento ocasionado por estes mesmos e outros fatores.
Acredito
e por esta razão me choca pelas consequências danosas, que o “IPO”, oferta inicial de mais de cento e
tantos bilhões de Reais em ações da Petrobrás feita em 2010 foi inteiramente desperdiçada devido a prioridades de
investimento erradamente adotadas e outras causas melhor não explicarmos neste pequeno espaço, para não causar demais rebuliço.
A
euforia inicial da extraordinária
descoberta que foi o “Pré sal”
foi inteiramente anulada por
investimentos mal feitos. (será que poderiam
ser considerados investimentos?)
Eu
mesmo, antes do lançamento daquela gigantesca oferta, preveni aos mais afoitos
a não entrarem naquela jogada ilusória de marketing e publicidade chauvinista,
aguardando primeiro o mercado dar seu recado (resposta que agora está sendo
amplamente confirmada em relação à cotação).
Aos
que desejam ver meu alerta na ocasião, busquem a matéria que foi publicada no meu blog em 9/9/2010 intitulada:
“Eis a minha opinião a respeito de comprar ou não ações da Petrobrás”.
Naquela
época a ação PN era precificada entre R$ 36,00 e R$ 40,00 e agora está valendo
menos da metade...!
Eu
sou apenas um minúsculo acionista da Petrobrás, mas desde 2010, quando imaginei que a cotação já havia desvalorizada suficientemente,
comecei a acompanhar mais de perto o papel e simultaneamente adquirindo algumas centenas do tipo PN. Pelas primeiras ações paguei R$ 26,16 e
posteriormente paguei R$18,03.
Ninguém
é profeta em sua própria terra diz o provérbio, confirmando que este consultor
de araque não foge à regra!
A cotação atual é R$ 17,67 em 14 de Fevereiro último...Um terremoto não teria
feito maior estrago!
Devo
ou não comprar mais Petrobrás? Eis a questão que pode ser analisada sob
diversos pontos de vista, tanto a favor como contra.
Porém
eu continuo acreditando no futuro da
empresa, mas francamente, não sei quando ela estará recuperada pela atual ou qualquer futura direção mas isto sim quando for conduzida
por profissionais menos corruptos e mais patriotas.
Calculo
que adquirindo neste momento quantidade igual de ações aos que
já possuo, irei diminuir meu preço médio de R$ 22,60 para R$ 20,13. Será que 10% de
potenciais ganhos valerão eu
assumir o risco mas sabendo que nada
será alterada na atual péssima condução da empresa?
Será
que os comentaristas especializados da Petrobrás têm real
conhecimento do estado calamitoso em que se encontra a empresa? Quando leio
alguns deles, tenho minhas dúvidas.
Neste
mesmo momento histórico está havendo uma autêntica revolução no segmento
petrolífero mundial ocasionado pelas rochas oleaginosas, contendo gás que poderá
ser ( e já está sendo) quimicamente extraída e que irão converter os Estados Unidos e
outras partes do mundo também em territórios livres da dependência do petróleo alheio...
E
nós, como é que ficamos, que ainda dependemos tanto dos outros e recém estamos
verificando de que forma vamos encontrar o petróleo a milhares de metros abaixo
do Oceano Atlântico, em baixo de enormes camadas de sal!
E como ficaria a Petrobrás se os
gases e líquidos extraídos de rochas oleaginosas em outras partes do mundo desvalorizassem o preço
do próprio petróleo? Não ouço ou vejo nada a respeito de preparativos sendo
feitos em nosso país, para entrar neste
novo segmento... e nem nada a respeito do decantado
pré sal...
Se
por um lado o baixo preço atual das ações tornam-se um enorme atrativo para a compra de maior participação, por outro lado a
suprema falta de desejo (ou será
incapacidade?) em alterar todas essas condições desfavoráveis da nossa querida
Petrobrás retira a minha vontade na
atualidade de apostar no futuro dela e ainda me deixa com tremendas dúvidas
quanto ao futuro imediato.
Como
posso sugerir que vocês adquiram ações
da Petrobrás se eu mesmo estou tão
pessimista quanto a atual situação da empresa?
Sem
dúvida alguma, devemos também considerar
que o rendimento de títulos de renda fixa estão
em franca recessão, quase
atingindo a neutralidade entre rendimento e poder aquisitivo da nossa moeda (inflação), custos financeiros
e imposto de renda...
A
maioria dos consultores neste mesmo momento sugere que deveríamos encarar com
mais atenção papéis de maior risco e que são justamente as ações de empresas de
capital aberto negociadas na Bolsa, incluindo a própria Petrobrás.
Com
muito cuidado e sem desejar assumir qualquer responsabilidade, vou sugerir que você pequeno e médio investidor vá
adquirindo sistematicamente ações da Petrobrás em lotes pequenos, aos poucos e
simultaneamente rezando para que aos
poucos a empresa volta ao esplendor de antigamente e você futuramente tenha plena
satisfação pelo palpite que dei, quando tantos “experts” afirmam
“fique de fora e não se aventure por
enquanto”!
Caso
você amigo já possuí ações da Petrobrás,
muito certamente estará baixando seu preço médio e, caso for novato,
fique sabendo que elas estão atualmente a um verdadeiro preço de liquidação ou
seja 65% abaixo do seu valor patrimonial, calculado pelo balanço. ( mas aviso,
eu como Contador, não assinaria este mesmo balanço!)
Quanto
a mim, ainda não me decidi! Sou conservador
e bastante covarde!
Nota; desejando reproduzir esta
matéria, o faça integralmente, mencione a fonte e me comunica onde será
publicada.