A importância de estar sendo aconselhado por pessoas e
entidades absolutamente qualificadas e honestas
Louis Frankenberg,CFP® 23-05-2012
Item 1
Eu sempre me considerei um estraga prazeres ou seja (do inglês) “um contrarian”, isto é alguém que antes de seguir cegamente conselhos de outras pessoas, empresas, mídias jornalísticas ou dirigentes governamentais, procurou verificar se não existiam interesses ocultos (vieses, em linguajar chique e atual) em toda essa incrível variedade de apelos mercadológicos e institucionais existentes hoje em dia.
A maioria desses apelos possuem uma única intenção, a de nós induzir para adquirir produtos, serviços e valores (i)morais, ou seja nos seduzir e romper nossas convicções e limites decentes de todas as espécies, formas e conteúdos.
Podem me chamar de descrente ou empregar um sinônimo ainda mais forte para caracterizar minha desconfiança quando sinto o cheiro de interesses ocultos que tentam me convencer de algo.
Décadas passaram desde o dia em que adotei esta política para minha própria vida e posso lhes assegurar categoricamente que acertei bem mais vezes do que errei em minha avaliação! Meu faro quase sempre foi acertado.
Como qualquer outro ser humano, sem dúvida também errei e, mais de uma vez! A seguir uma das minhas definições emblemáticas preferidas;
“Uma pessoa pode ser considerado bem sucedido na vida
quando acertou mais vezes do que errou”
Como profissional da área de planejamento financeiro constantemente me pergunto (e ainda estou sem a resposta mais correta) por que tantas pessoas entram deliberada e conscientemente no blá, blá, blá de gerentes de relacionamento de instituições financeiras, de intermediários de planos mirabolantes envolvendo alguma manifestação da sorte e tantos outras formas de indução às compras de quaisquer produtos, serviços ou até lavagens cerebrais.
Vou dar um exemplo de como funciona o convencimento de alguém dentro do segmento que mais conheço, a das finanças e as diferentes instituições desse segmento tão importante em nossas vidas.
Os “Gerentes de Relacionamento” dos bancos, entidades de previdência privada e corretoras são funcionários remunerados (algumas vezes até comissionados de alguma maneira) e lhes é exigido que tentem vender determinados produtos financeiros de maior interesse de seus patrões.
São as tais de metas que eles têm que cumprir e que lhes são apresentadas em entusiásticas reuniões de motivação ou através de um lacônico e-mail.
Como aprendi a ser um bom ouvinte, acostumado a escutar mais do que falar, constantemente ouço-os se queixando que o que lhes é exigido em matéria de “empurrologia”, muitas vezes excedendo o limite da decência e bom censo. Reclamam também que cada ano devem superar as metas do ano anterior.
Para mim, alguns aspectos diferentes envolvem esta questão e então passo a me questionar;
1ª - Será que o cliente não tem desejos definidos e não sabe qual é seu próprio objetivo e maneira de pensar a respeito de seus investimentos e interesses prioritários?
Dinheiro para viagens, dinheiro para sua aposentadoria, dinheiro para a educação de seus filhos ou mesmo dinheiro para seu orçamento doméstico do dia a dia? Será que ele não consegue distinguir entre si estes diversos itens e não se deixar convencer do contrário ao fazer uso de seu próprio raciocínio quanto a melhor aplicação do dinheiro depositado ou investido?
2º - Será que não ensinaram ao “Gerente de Relacionamento” que ele deve conhecer em profundidade a personalidade e necessidade desse cliente em particular?
3º - Será que o supervisor ou departamento ao qual este gerente pertence não lhe ensinou que para manter e ampliar a fidelidade à sua entidade financeira, ele não deve constantemente auscultar o cliente quanto aos objetivos e finalidades, para entendê-lo cada vez mais e melhor?
4º - Será que alguns gerentes de qualidades morais discutíveis ainda não aprenderam que o produto ou serviço ofertado deve ser adaptado ao cliente e não ao contrário?
Pois é amigos, desde que eu assumi este para mim importante papel de planejador financeiro, absolutamente imparcial, profissional e ético, ainda não consegui entender por que incontáveis pessoas que tentei servir, recebendo como compensação apenas um honorário creio justo e prefixado, continuavam dando preferência a gerentes que lhes impingiam produtos e serviços que embutiam muito maiores ganhos (estes imperceptíveis) e na maioria das vezes absolutamente não atendiam aos objetivos e interesses superiores desses mesmos clientes.
Para alguns de nós, profissionais bem intencionados, é extremamente difícil ou melhor dizendo praticamente impossível calcular o quanto alguém possa ganhar com nosso expertise, pois não é possível numa simples equação avaliar o tal do custo versus benefício que, a maioria dos clientes faz questão de conhecer antecipadamente.
O que posso afirmar com certeza e pela experiência obtida na administração do meu próprio patrimônio, de que muitíssimas vezes me arrependi, cedo ou tarde, dos conselhos dados pelos meus próprios “Gerentes de Relacionamento”, quando desejava ser gentil e não sempre querer ser o profissional conhecedor de determinado produto financeiro e defensor dos meus próprios interesses.
Bem gente, divagando me desviei do meu propósito inicial de lhes prevenir contra os interesses do “Estado Brasileiro”.
Tenham muito cuidado quando lêem nos jornais ou outras mídias declarações bombásticas a respeito de qualquer assunto divulgado oficialmente por algum graúdo Ministro de Estado; atrás do mesmo oculta-se quase sempre alguma intenção que geralmente não é do seu interesse!
Faltou dizer, o que vale para entidades financeiras, vale igualmente para todos os outros negócios existentes em que haja tentativas para convencê-lo de algo.
Ter uma firme própria opinião, saber quais são suas metas e prioridades de vida, conhecer e seguir sua própria cabeça, personalidade e pensamentos, ser assessorado por alguém 100% de sua confiança e não ser uma “Maria vai com as outras”, ainda é a melhor receita para ser bem sucedido na vida!
Item 2
Abro ontem 22/5/12 o jornal “Valor Econômico” e deparo com o título “Pacote pró-PIB quer ampliar consumo e investimento” e aproveito para matar duas moscas com uma só cajadada! Simultaneamente atendo aos títulos que estava dando a esta crônica e confirmo meu ponto de vista manifestado no item 1.
Qual a finalidade desta súbita benevolência governamental em baixar o IPI para os automóveis e caminhões?
Resposta; atender aos interesses de um setor industrial que apostou alto demais na venda de veículos, baseando-se no fato de que o mundo e o Brasil vão muito bem, obrigado e de que a crise que poderia advir (e por coincidência ou clarividência) mencionei no meu blog datado de 27/7/2011 sob o título
“Existe a probabilidade de alguma crise financeira brasileira ou internacional me afetar?”
Faz portanto 10 meses que este planejador financeiro já acreditava que nosso país não seria nem uma Brastemp ou seja não escaparia incólume dos problemas atualmente existentes na Europa, América do Norte e até China.
Nosso Governo finalmente admite de que não está isolado do resto do mundo e de que o Governo do PT é melhor que qualquer outro. É claro que também estamos sujeitos às crises, senhores governantes!
A indústria como um todo faz tempos reclamava da concorrência existente com um dólar artificialmente muito baixa.
Faz tempos também que, aqueles que desejam ardentemente ver nosso país verdadeiramente progredir clamam da educação deficiente, da burocracia em demasia e dos tributos atingindo níveis absurdos.
Coincidentemente também hoje a Folha de S. Paulo publica que o “IBPT” nos informa que iremos trabalhar este ano novamente 5 meses para pagar todos os tributos embutidos em nosso dia a dia...
Mas minha bronca está no fato que nosso Governo tenta artificialmente promover que determinada classe menos favorecida adquira um carro que certamente nem pode pagar, como está acontecendo neste instante em que dezenas de milhares de brasileiros que estão devolvendo carros adquiridos em 2010, 2011 e 2012. Será que nossos governantes não estão sabendo que 5,4% dos brasileiros estão inadimplentes e neste mesmo momento devolvendo seus carrinhos zero quilômetros?
Para mim este tresloucado gesto de benevolência errada de nosso Ministro da Fazenda é de enorme cinismo e falta de visão de conjunto da atual conjuntura econômica nacional e internacional.
Para este grande contingente de pessoas que jamais receberam qualquer tipo de educação financeira, esta maneira de induzir ainda mais gente em adquirir seu carrinho zero, só porque o IPI, baixou é um ato que considero criminoso e de máxima falta de escrúpulos e realismo.
Deveriam isto sim, separar verbas especiais para ensinar estas mesmas pessoas a analisar melhor seus ganhos e gastos, explicando-lhes o significado das elevadas taxas de juros que, apesar de terem sido baixadas, continuam ainda elevadas, chegando a consumir 25% a 30% do orçamento doméstico das classes “B” e “C”, ampliando ainda mais o índice de inadimplência!
É isto minha gente, estou inconformado com as improvisações inconsistentes que sempre ocorrem em nosso país na tentativa de se encontrar soluções populistas e simples, e não consigo atingir com meu pouco visível blog, a maioria de nosso povo, que precisaria muitíssimo de governantes conscienciosos e patriotas que lhes ensinassem de fato como poderiam atingir uma melhor qualidade de vida!
Será que algum dia teremos políticos nos governando pensando como penso?
Abraço amigo,
Louis Frankenberg,CFP® 223-6-2012