Louis Frankenberg,CFP® 01-04-2012
O local mais sagrado, onde nos sentimos mais abrigados e protegidos!
Imóveis sempre ocuparam parte importante do meu raciocínio e trabalho em relação aos desejos e
necessidades básicas das pessoas.
Desde tempos imemoriais, ainda da época em que nossos antepassados viviam nas grutas, o ser humano teve necessidade de se abrigar das intempéries e buscava uma moradia para si, seu companheiro(a) e crias.
Este desejo é imperativo e hoje em dia está indelevelmente gravado em nosso DNA e cérebro.
Devo entretanto adicionar a este nosso complicado e misteriosa mente alguns predicados menos atraentes tais como especulação, ganância, busca de satisfações menos nobres e ainda o ardente de desejar estar sendo visto na companhia de pessoas que se destacam na sociedade por alguma razão ou então viver em lugares de preferência muito exclusivos (ruas, bairros, cidades, praias, montanhas etc).
A simples realidade é que imóveis tornaram-se bens muito apropriados para exibicionismo, (como sempre o foram também adornos, jóias, automóveis luxuosos etc).
Quem nunca ouviu uma sentença do tipo
“Sabes fulano, comprei um imóvel de tal empresa, com 1.000 m2 que tem piscina própria, quadra de tênis e está em uma rua particular...”.
Junte-se a este nosso inato esnobismo ao moderno mercantilismo, ao marketing ostensivo e a publicidade tantas vezes irritadamente invasiva e temos o caldo ideal para que se formam preços absolutamente exagerados para alguns empreendimentos imobiliários que vemos por aí.
E não adianta afirmar que os preços do m2 em nossas cidades ainda são inferiores aos de Nova York, Londres ou Paris, pois sabemos que dinheiro em excesso é quase sempre sinônimo de preços elevados e condições de aquisição para que apenas uma pequena parcela da população possa pagá-los.
Inúmeros grupos financeiros e imobiliários (incluídos aí incorporadores e intermediários) sabem tão bem se aproveitar dessas nossas fraquezas e que incitam até o limite nossos desejos, idiosincracias, ansiedades e fantasias que, sabemos todos quão poderosos são e que nos fazem constantemente cair na tentação de obtê-los.
Pronto, agora já temos os ingredientes suficientes para uns se aproveitarem de outros e ganhar dinheiro com esses nossos sentimentos tão controvertidos e poderosos.
Disputas, brigas e até guerras são algumas vezes resultado desses nossa mente, ainda tão animalesca quanto da época em que vivíamos nas grutas.
Os vocábulos lucro, ganância, poder, inveja, domínio já existiam todos quando o homem começou a se locomover pela face da Terra.
Que tal irmos diretamente aos podres e conhecer uma das razões da existência das chamadas bolhas!
Desde o advento da introdução dos Fundos imobiliários no Brasil e simultaneamente com o surgimento das grandes empresas Construtoras (nacionais e estrangeiras), algumas delas surgidas da evolução de pequenas empresas de Intermediação Imobiliária, elas conseguiram multiplicar muitas vezes seu as vezes mísero capital próprio, indo captar dinheiro fácil no incipiente mercado acionário nacional, com a indispensável ajuda de bancos e escritórios especializados em transformar chumbo em ouro!
E encostando o ouvido na porta de uma empresa dessas você ouvira o seguinte;
“Que tal colocarmos o preço da ação em R$ 30,00 ou será que o mercado pagaria R$ 50,00? Vamos tentar, sempre podemos baixar o preço se não der!”
O sempre ingênuo e pouco preparado cliente das empresas intermediárias, ávido por ganhar alguns reais fáceis nos IPO’s (Initial Public Offering) entrou de gaiato nessa jogada (pessoalmente prefiro a palavra farsa em vez de jogada) muito bem preparada e ainda melhor divulgada.
Resultado; enriqueceram os donos e principais protagonistas de algumas daquelas antigas empresas pouco capitalizadas e, qual o milagre da multiplicação dos pães, multiplicaram o valor de suas empresas ( e a si mesmos) por 10, 20 ou até muito mais.
Quem de vocês, caros e fieis leitores do blog do Frankenberg não gostaria de participar dum trem da alegria desses... ( na hora da entrada você dificilmente percebe que é uma arapuca.)
A nossa valente CVM (Comissão de Valores Mobiliários, não possuía (e até hoje não controla completamente) a capacidade de enxergar estas dúbias manobras e muito menos sabe como freá-las ou puni-las).
É claro que, você cliente ingênuo que entrou em alguma dessas jogadas, tem igual culpa, pois continua acreditando em tudo que lhe dizem e tentam impingir. Deveria se cercar de profissionais impoluíveis, hoje em dia difíceis de encontrar, mas mesmo assim ainda existentes.
Educar-se financeiramente é seu dever para não cair nas mãos de intermediários frios e calculistas, bom de papo mas melhor ainda de intenções pouco qualificáveis ou honradas.
Vamos continuar nossa lavagem em público da roupa imunda de algumas dessas empresas obviamente não identificadas.
Elas (Incorporadoras e Intermediárias de todas as matizes...) desde o início precisavam mostrar a que vieram e adquiriam alguns terrenos bem situados a qualquer preço e começaram a fazer seus estoques. Estoques grandes demais, pelo visto do que aconteceu depois.
Vistosos anúncios nos maiores jornais do país completam o triste quadro de convencimento dos incautos e inexperientes marinheiros de primeira viagem. Afinal tinham que mostrar aos acionistas novatos onde se encontrava seu dinheiro. Um mágico não faria trabalho melhor.
E o que aconteceu tempos depois?
Bem, muitas daquelas empresas já não valem nem a metade do preço de lançamento de suas ações como já vimos.
Resultado; enorme ou até completa desilusão dos ávidos compradores. E você continua com suas ações desvalorizados ou já as passou adiante? Eu deveria ter pena de alguns deles, mas a maioria dos marinheiros de 1ª viagem precisa de mais educação, não tem suficiente orientação profissional ou então alternativamente, tem excesso de dinheiro, fé ou otimismo.
E qual será então o verdadeiro tamanho desse mercado de imóveis residenciais e comerciais aos preços estratosféricos atuais?
Acredito que seja bem menor do que a gente imagina.
Se não fossem os Fundos e Planos de Pensão Complementar, algumas estatais insuficientemente fiscalizados pela sociedade mas altamente politizados... uma possível bolha já estaria formado e pronto para explodir a qualquer momento.
Se não fossem os Fundos e Planos de Pensão Complementar, algumas estatais insuficientemente fiscalizados pela sociedade mas altamente politizados... uma possível bolha já estaria formado e pronto para explodir a qualquer momento.
Com um pouco de sorte, o preço de suas ações irá se recuperar no decorrer dos anos.
Fundos Imobiliários e Fundos de Pensão já adquiriram ou estão neste mesmo momento adquirindo indiretamente muuuuuitos imóveis para suas carteiras e, provavelmente já estejam recheados de outros abacaxis. Adivinhem agora quem vai futuramente pagar o pato? São novamente aqueles ingênuos acionistas e inúmeros beneficiários dos Planos de Pensão que tem suas cotas atuais infladas artificialmente, mas não sabem se suas futuras aposentadorias complementares não serão afetadas mortalmente em algum momento futuro. (Na Europa o fenômeno da diminuição do valor das aposentadorias já começa a acontecer).
Mas pelo grande poder político e financeiro que esses grupos exercem em nossa atual conjectura econômica, esta bomba de tempo provavelmente irá estourar quando você for se aposentar, isto é, daqui a muitos anos! Tudo se passa igual a polícia que aparece quando o ladrão já fugiu e está longe do lugar do crime... A dura realidade é que tudo isto irá se manifestar quando você for velho, alquebrado e não tem mais capacidade ou voz ativa para reclamar.
Se tiver muita sorte, alguém gritará “fogo” antes e então, quem sabe, poderá salvar alguns dos seus pertences...
Para fechar este meu sarcástico e melancólico comentário, devo-lhe relembrar meu caro amigo e portanto tomar suas providências que, apenas 1% da nossa população pode considerar-se verdadeiramente rica para adquirir esses novos imóveis de luxo que estão sendo anunciados por aí.
E finalmente concluindo
Tenha muito cuidado ao adquirir um imóvel, sempre procurando saber qual seu verdadeiro valor. Analise seus ganhos atuais, pague o máximo possível à vista (sem a incidência de juros) e além disso tenha sempre uma boa reserva financeira alternativa.
Talvez seja até preferível você adquirir um imóvel usado em bom estado e reformá-lo. As galinhas mortas continuam existindo, basta ter paciência para caçá-las!
Ser dono da própria moradia continua dando um enorme prazer ao seu proprietário, continua sendo um dos maiores sonhos e objetivos da humanidade e também continua sendo um bem muito especial que acalma e satisfaz nossas conturbadas mentes, diminuindo a ansiedade dos dias atuais inclusive o terrível estresse.
Não perca a oportunidade de conquistá-lo. Tome entretanto todas as providências possíveis para que jamais qualquer Instituição Financeira ou Incorporadora o toma de volta por você ter se precipitado.
Isso tudo exige sapiência, muito preparo e reflexão.
Abraço,
Louis Frankenberg 01-04.2012
E-mail; perfinpl@uol.com.br e lframont@gmail.com
os demais malandros continuam soltos... Somente poderá me acompanhar diretamente no Blog, via Internet. Espero que continue me prestigiando.
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