Louis Frankenberg,CFP® 27.07.2011
Esclarecimento
A presente crônica deve ser considerada uma ampliação da anterior de 2/7/2011
Uma minha resposta do tipo “em cima do muro” poderia ser “é tudo relativo”. Por que?
Porque múltiplos fatores que possam afetar uma futura (porém muito provável) crise financeira em nosso país não dependem apenas de você, uma de suas potenciais vítimas, mas sim de complexas situações internacionais que incluiriam fatalmente o nosso país.
Os argumentos que pudessem confirmar essa minha tese são inúmeros e, alguns deles, certamente incluirão fatores políticos, tanto os de cunho nacional como internacional, além daqueles puramente financeiros.
Em minha crônica anterior pintei um cenário realista na qual uma pessoa como norma deveria atuar com extrema precaução, pois sempre encontrará pela frente incertezas e imprevistos.
Alguns dos países mais importantes do mundo encontram-se hoje em dia de tal maneira interdependentes que, acontecimentos em um deles, afetarão com toda a probabilidade aos outros, é o tal de efeito “dominó”.
Em outras palavras, crises de nível internacional quase sempre estarão correlacionadas e acatarão conseqüências impossíveis de serem antecipadamente definidas.
É por essa razão que nosso próprio país pode ser considerado atualmente muitíssimo dependente de acontecimentos que possam ocorrer, tendo o seu epicentro vindo de fora.
Vejamos a seguir resumidamente alguns dos argumentos que minha mente (por enquanto não esclerosada) captou e que possivelmente têm influência sobre uma série de fatores, igualmente correlacionadas, pois um fator quase sempre desencadeará o próximo.
Pessoas curiosas, interessadas ou melhor informadas sabem que tanto a Europa quanto os Estados Unidos estão atualmente enfrentando grave período de turbulências econômicas e financeiras que, também poderíamos chamar de crises político financeiras. (ninguém, por enquanto, quer admitir a gravidade e enormidade do potencial de problemas devido aos endividamentos!)
Estas questões, por enquanto não solucionadas podem, eventualmente, derivar para conseqüências sociais com desordens etc, como ocorre atualmente na Grécia, mas também acontecem em Portugal, França, Espanha e outros países da Europa em maior ou menor escala.
Realço novamente, de acordo com minha crônica anterior, que essas manifestações populares são indiretamente resultantes de endividamento excessivo de governos desatentos e permissíveis, mas sem dúvida também, de populações viciadas desde os tempos de opulência no passado e que, agora se tornaram consumidores viciados querendo cada vez mais em vez de apertarem os cintos.
Essas populações de maneira alguma querem aceitar que os tempos mudaram e que o endividamento coletivo passou dos limites e de que precisam agora tomar sérias providências para estancar a hemorragia.
Gostaria neste ponto e antes de continuar, realçar novamente de que como observador neutro mas crítico que sou, e também planejador financeiro há muitíssimos anos, que acredito que a falta de medidas e programas preventivos, educacionais e financeiros elaborados e promovidos por governos, são os grandes responsáveis pelo desencadear e existência de muitas dessas crises.
Vou, entretanto, tentar me concentrar em nosso próprio país, sabendo que o desencadear de uma eventual futura crise financeira aqui entre nós, também poderá futuramente estar sendo desencadeada a partir de faíscas vindas do exterior.
Você amigo leitor do meu blog, sabendo que não possuo a mínima influência sobre acontecimentos que ninguém sabe quando e com que intensidade virão, provavelmente não dará a mínima importância à minha opinião, mas não poderá nunca afirmar que não lhe alertei em tempo.
Possuo apenas como arma opinativa minha experiência pessoal de observação e razoável conhecimento de economia e finanças nacional e internacional. Nada mais.
Também não posso afirmar com certeza se é melhor para todos terem sidos alertados para enfrentar alguma crise e então subitamente serem confrontadas com alguma, sem terem qualquer margem de manobra preparada antecipadamente (tipo plano “B”), quando a batalha por sua própria sobrevivência econômica e financeira tiver chegada à nossa terra. Vamos lá!
Gente, a cada ano que passa, mais estaremos amarrados às mãos do gigante China que já acordou há algum tempo e que agora começa a dominar imensas áreas comerciais, industriais e agrícolas de nosso país ( e outras partes do mundo também).
Nossos políticos, dirigentes e o próprio Governo não estão nem de longe preocupados com esse desenrolar dos acontecimentos, mas nossos industriais e exportadores já estão sentindo na pele seus efeitos perniciosos.
É nosso tradicional estilo de fazer de conta que nada está acontecendo. Somos por natureza demasiadamente otimistas, do tipo “Deus é brasileiro”. Até ser tarde demais.
O que é preciso fazer urgentemente é incentivar e promover (favorecer fiscalmente) mais intensamente nossos mercados internos. Não adianta adquirirmos hoje artefatos tecnológicos mais baratos e você, eu e tantos outros patrícios perdermos nossos empregos, negócios etc. daqui a alguns meses ou mesmo anos.
Lembrem-se que temos filhos, netos e bisnetos, que sofrerão as conseqüências de nossas ações ou cegueira adotada agora mesmo.
Os Estados Unidos já perderam quase toda a sua indústria automobilística (e outros setores industriais e de serviços) e dependem em quase tudo da importação...
Seus cidadãos estão atualmente perdendo seus empregos e imóveis (este último item por fúria especulativa de seus próprios cidadãos). Nas últimas décadas, devido a mão de obra muito mais barata, levaram suas principais indústrias para a China, mas agora devem estar amargamente arrependidos da própria estupidez.
Nós no Brasil, podemos estar vendendo nossas industrias também para os chineses e talvez também nossas férteis terras para suprir as bocas famintas dos muitos milhões de chinesinhos que continuam nascendo por lá. Será que não vamos nos arrepender futuramente também?
Estamos aqui no Brasil no meio de um surto de construção e venda de imóveis com valorização excessiva e quero lhes advertir que imóveis em alguns outros países estão se desvalorizando neste mesmo momento. (ler minha crônica anterior).
Portanto, muito cuidado caro amigo, ao adquirir algum imóvel (ou mesmo um fundo imobiliário mal estruturado e pouco transparente). Avalie com cuidado se você não está se excedendo no seu endividamento e querendo ter todos os seus sonhos realizados em pouco tempo! Qualidade de vida significa justamente o oposto de consumismo exagerado, endividamento e inadimplência.
Nossa “Previdência Social” deveria ser rebatizada de “Imprevidência Social”, pois a estrada que atualmente está sendo enveredada é o de futuro caos e de muita gente sem receber seus benefícios de pensão e aposentadoria que pagaram a duras penas por inúmeros anos.
Países europeus já se deram de conta que idades mínimas devem imediatamente serem alteradas para cima, pois contrariamente não haverá dinheiro suficiente para sustentar os futuros velhinhos.
E nós aqui? Empurramos as reformas que devem ser feitas com a barriga, nenhum político querendo melindrar seus eleitores e nenhum governo querendo assumir tamanha e tão melindrosa tarefa.
Caro leitor, é melhor você se preparar desde já, pois quando estiver velho e alquebrado, não terá força para reclamar e marchar pelas ruas clamando por seus direitos suprimidos!
A aquisição ou dívida em dólar ou euro, pode ser interpretado como um verdadeiro trem da alegria para os importadores e turistas. Muita gente anda inebriada com seu valor ilusório e desproporcional em relação a outros aspectos da vida comercial e industrial de nosso país.
É por essa única razão que nossos aeroportos estão atualmente superlotados de pessoas ingênuas, iludindo-se com esta taxa cambial artificialmente baixa e viajando adoidadas para o exterior, pagando as dívidas posteriormente com a enxurrada de crédito concedido por instituições financeiras oficiais e privadas.
Os aviões em que viajam para o exterior, de fato estão com suas lotações esgotadas, mas a quantidade de gringos que vem nos visitar de maneira alguma está aumentando na mesma proporção, pois eles acham, (e todos eles sabem muito bem fazer suas contas) que o custo de vida turística interna em nosso país é muito elevado. Comparem o preço de nossos hotéis de lazer com alguns dos Estados Unidos ou mesmo da Europa e verificarão que tenho razão.
Em meu livro “Sucesso e Independência”, capítulo XII, da Editora Elsevier, descrevo no item 4 o que aconteceu com a classe média argentina nos anos 90. O título que dei ao capítulo foi; “A classe média argentina, seduzida e abandonada”. Você vai achar o assunto sumamente interessante, pois lá retrato acontecimentos que possam vir a acontecer aqui, além de outros aspectos importantes que são abordados para se ter uma vida material e espiritual mais saudável.
Pela Internet poderão adquirir o livro em www.elsevier.com.br, clicando meu nome ou título do livro. (um pouco de merchandising não me fará mal algum e poderá abrir seus olhos para outros aspectos importantes da sua vida).
Há muitíssimos anos eu também critico com veemência o absurdo nível das taxas de juros que pagamos em nosso país. Algumas dessas taxas continuam praticamente idênticas aos que praticávamos na época da elevada inflação mensal...! Alguns sobreviventes hão de se lembrar.
Não se pode, como continua acontecendo à algumas famílias, estar endividado em 25 ou 30% em relação aos ganhos brutos mensais de uma família. Chamo a esta suprema estupidez de alguns, de serem candidatos quase certos para um futuro suicídio econômico-financeiro.
Comparo novamente o cidadão classe média norte americana ao nosso próprio cidadão classe média.
O de lá ganha mais que o dobro que nosso patrício, mesmo assim, lá também, muitos deles estão hoje em dia numa enorme sinuca, imaginem então em nosso próprio país onde os ganhos reais são geralmente muito inferiores.
Perguntem aos institutos de pesquisa e outras entidades que publicam e se preocupam com estes dados se nossas recém promovidas classes sócio econômicas “C” e “D” estão pagando direitinho seu endividamento ou, ao contrário, estão cada vez mais inadimplentes devido ao facilitado credito assumido, cantada em prosa e verso pelo governo anterior.
Vamos agora abordar o endividamento interno do Brasil que é representado pela totalidade de dinheiro que nosso Governo deve. E para quem? Para nós cidadãos!
As últimas cifras indicam que essa dívida atualmente é de R$ 1,81 trilhões de Reais. Você leu certo, são R$ 1.810.000.000.000,00! Esta quantidade absurda de dinheiro, que dizem que comparativamente com o relativo tamanho de ambos os países, nem de longe alcança o endividamento da Grécia que é de 150% do PIB anual contra 39,8% do PIB anual em nosso país. Para um país como o nosso, no qual a maioria da população ainda ganha menos de R$ 1.500,00 mensais, esse endividamento é por demais alto.
Para os menos bem informados, que não têm idéia de quanto este trilionário endividamento do Brasil representa de fato, quero salientar que somos um dos países do mundo no qual individualmente mais tributos são pagos e onde as estradas, portos, serviços urbanos, saúde, educação, segurança etc. é mais do que precário, é lamentável.
Por que será que nosso endividamento público então é tão elevado? Para onde então foi todo este dinheiro?
Profundamente envergonhado devo admitir e culpar a corrupção, a quantidade excessiva de funcionários públicos existentes e a má administração do Estado como sendo as principais causadores dos excessivos tributos que pagamos e culpando-o igualmente pelo exagerado endividamento interno!
Em data de anteontem, 24/7/2011, vejo meio escondido no texto de um dos cadernos do “O Estado de S. Paulo” que a ONG “Transparência Internacional” calcula que nosso índice de corrupção gira ao redor de 26% em relação a totalidade do dinheiro movimentado no país, mas que este também poderia ser de 43%... !
De verdade, ninguém sabe o tamanho da corrupção mas com toda a probabilidade ainda a medimos através do conhecido “chutômetro”!
Portanto somente posso concluir que existe escondido em algum lugar uma bomba do tempo que pode explodir em suas mãos. qualquer dia desses, causando efeitos desconhecidos para meu pobre e limitado conhecimento.
Recebi coincidentemente ontem pela Internet, uma triste mas perfeita representação gráfica em vídeo que confirma tudo que acabo de descrever. Acredito que vale a pena então ler o livro que promovem denominado “Carregando o elefante”, recentemente publicado ou então clicar em www.carregandooelefante.com.br para você ter a confirmação de tudo que você leu até agora nesta minha despretensiosa, negativa, extensa, porém realista crônica.
Se você tem investimentos de renda fixa em fundos de investimento ou planos de previdência para a aposentadoria, não importando se são estatais ou privados, é possível (não afirmo nem garanto que possa acontecer e por isso jamais me cobra) que um belo dia as Letras do Tesouro Nacional e outros títulos emitidos pelo Governo Federal não sejam honrados pelos responsáveis pelos mesmos.
Está acontecendo na Grécia, já aconteceu no Governo Collor, porque não haveria de acontecer novamente aqui?
É tão mais simples o Governo Brasileiro dar o calote em seus próprios cidadãos do que ter de enfrentar a ira das poderosas instituições financeiras internacionais ou outros governos soberanos que adquiriram nossos papeis. Hoje temos suficientes reservas internacionais, ao redor de 300 bilhões de dólares mas...
Gente, o que está ocorrendo na Grécia e em outros países europeus e está ameaçada de acontecer também nos Estados Unidos, cuja dívida externa é de 14 trilhões de dólares e que deve ao nosso país 300 bilhões de dólares que lá estão depositados.
Adquirimos aquelas reservas paulatinamente com o suor de nosso trabalho justamente para nos proteger contra futuros calotes! E se não nos devolverem este dinheirão?
Nós aqui no Brasil, podemos nos tornar a Grécia do dia de amanhã, caso não aumentarmos nossa poupança interna, ensinarmos nossa população a poupar, gastarmos menos e cuidarmos melhor do dinheiro arrecadado!
Para tornar tudo ainda mais confuso, explico que nossa taxa inflacionária interna atualmente gira ao redor de 6,2% ao ano, significando que muitos dos investimentos no mercado financeiro que você está fazendo tenham de fato um rendimento líquido verdadeiro perto de “zero por cento”, após o pagamento de despesas bancárias e imposto de renda.
Bem, para ser franco consigo, caro leitor, eu não sei como você deve proceder em relação a quantidade de minhocas e estrume que acabei de atirar em sua direção, e tampouco sei como vou lhe oferecer algumas respostas mais positivas!
Podem crer que também fiquei exausto (e enojado também) ao ter de escrever tanta coisa negativa e agora preciso me livrar desta minha consciência pesada!
Mas na parte final desta interminável crônica vou lhe dar de sobremesa uma pesquisa otimista, porém em troca você vai me prometer em viver de agora em diante com menos dívidas.
Saiba que qualidade de vida se conquista com sangue, suor e lágrimas, como disse o ilustre Ministro do então Império Britânico Winston Churchill durante a 2º guerra mundial e “nunca é dada de graça, acrescento eu”.
Espalhe suas reservas patrimoniais entre conquistar seu próprio imóvel de moradia e busque inicialmente ter reservas financeiras suficientes que possam durar pelo menos por um ano, para jamais ter de entrar em cheques especiais, cartões de crédito ou empréstimos pessoais com juros escorchantes.
Modere seus impulsos de gastança nas fabulosas bugigangas eletrônicas, computadores, laptops, notebooks, iphones, ipads, ipods, TVs de última geração, atrativos automóveis (que pagam por sinal um absurdo 50% de tributos ao entrarem em circulação em nosso país e que no México e outros países podem ser adquiridos pela metade do preço!)
Minha máxima favorita sempre foi e continua sendo, baseada na dura realidade da vida;
“Quem vai ter de cuidar futuramente de você, é você mesmo!”
Esta máxima contraria uma recente pesquisa feita pela “Ipsos”, publicada pela Folha de S.Paulo em 21 de Julho último, na qual consumidores do Brasil comprovam sendo as pessoas mais otimistas do mundo, com 62% daqueles que foram entrevistados, imaginando que a nossa economia vai melhorar nos próximos seis meses.
A pesquisa foi realizada em 24 países e também mostra que os entrevistados mais pessimistas pertencem ao Reino Unido com 14% de otimistas, Correia do Sul com 12%, Japão com 9%, Hungria com 8% e na lanterninha vem a França com apenas 5% de otimistas!
Será que consegui me redimir com vocês caros leitores, oferecendo-lhes esta última pesquisa tão otimista?
Abraço e até o próximo blog.
Louis Frankenberg, CFP® 27/07/2011
E-mail; perfinpl@uol.com.br e lframont@gmail.com
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