sexta-feira, 14 de maio de 2010

A eterna pobreza e uma eventual elevação do nível sócio econômica

Tenho em mãos um relatório compacto e recente do Economic Mobility Project, dos Estados Unidos, entidade sem fins lucrativos.


Acredito que alguns dados apurados por aquela entidade norte americana, não devem divergir tanto assim de nossas próprias pesquisas sócio econômicas, caso existam e fossem também confiáveis, aspecto que desconheço.


Traduzi livremente do inglês e da melhor forma possível, alguns dos fatos divulgados por essa entidade.



O 1º dado é bastante alentador: crianças nascidas nos Estados Unidos, no decil inferior do espectro de renda familiar da sociedade norte americana, tem maior probabilidade em superar a renda de seus pais que qualquer outra classe sócio econômica.


No passado, 82% daquelas crianças quando adultos, obtiveram renda familiar mais elevada que seus pais, contra apenas 43% das crianças nascidas no decil sócio econômico mais elevado ou seja o dos ricos !


Esta observação para mim, como planejador financeiro, é significante pois confirma a minha própria teoria e experiência de que aqueles que vem lá de baixo tem mais garra e vontade de vencer na vida do que aqueles que já nasceram em berço esplêndido.



Outra resultante da mesma pesquisa é de que a classificação sócio econômica e rendimento familiar dos pais, têm enorme influência sobre o futuro rendimento dos filhos. Praticamente o mesmo percentual (42% e 39%) das crianças nascidas no decil inferior e no decil superior respectivamente, era muito influenciada pelo grupo de renda em que se encontravam originalmente seus pais!


Por esta razão, eu acredito como observador independente e leigo que sou, que a atual ascensão das classes “D” e”E” em nosso próprio país, de acordo com a pesquisa efetuada pela Pnad/IBGE entre 2005 e 2008, que proclama que 18,5 milhões pessoas subiram de alguma forma de nível de renda familiar. (classe “E” para “D” e classe “D” para “C”) Esta elevação de nível sócio econômica certamente refletir-se-á no futuro aumento da renda familiar dos filhos daquelas famílias, caso a presente pesquisa norte americana estiver correto e se correlaciona positivamente com a do Brasil.



Tanto nos Estados Unidos, como diz o relatório original e igualmente no Brasil complemento eu, as disparidades entre as classes de renda mais elevada (A e B) e as de renda menor (C, D e E) são muito grandes. Lá, nas últimas décadas a renda média do decil superior da população cresceu 52% acima da geração precedente contra apenas 18% do decil inferior. Não sei como estas proporções se comparariam em nosso próprio país, porém avalio que as disparidades no Brasil não encolheram, antes cresceram.



O relatório também divulga que é pouco provável que os 20% mais pobres da população norte americana consigam erguer-se a si mesmos. Diz que 50% dos grupos familiares de renda mais baixa, dez anos depois continuam onde estavam anteriormente e de que 70% do grupo como um todo, permanecerão abaixo do status da renda média das famílias norte americanas. Esta situação permanece estática desde o ano de 1980.


Novamente é interessante observar que, de acordo com um estudo efetuado por Marcelo Neri da FGV e publicado no jornal Valor Econômico de 10/9/2009, baseado na pesquisa mensal de emprego do IBGE diz que 18,32% da nossa população da classe “E”, tinham renda familiar de R$ 804,00 mensais (praticamente igual aos 20% mais pobres dos Estados Unidos) e 13,51% equivalentes à classe “D” tinham renda mensal familiar entre R$ 804,00 e R$ 1.115,00.


Podemos então afirmar, porém sem garantia de certeza que, os dados norte americanos acima expostos poderiam ser bastante semelhantes aos nossos do Brasil.


De acordo com as últimas informações divulgadas pelas autoridades governamentais brasileiras apuradas nas principais metrópoles do país, (Dezembro de 2009) a atual divisão das classes sócios econômicas são:



  • Classes A e B representando 15,63% da população

  • Classe C representando 53,58% da população

  • Classe D representando 13,37% da população

  • Classe E representando 17,42% da população.


Podemos então comemorar que perto de 70% da nossa população já não vive na pobreza?


Tenho minhas dúvidas, mas estas considerações vou deixar para outra ocasião. Não percam!



L. Frankenberg,CFP®- 14/5/2010


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