sábado, 14 de julho de 2012

Fundos Imobiliários devem ser considerados a sério ou apenas estão na moda?




L.Frankenberg, CFP® 14-07-2012

Caros leitores do meu blog,


Antes de apresentar algumas considerações a respeito de fundos imobiliários, peço-lhes licença para dizer que não sou um pessimista de carteirinha como alguns poderiam pensar, mas um planejador financeiro que tenta ser honesto e já viveu muito, viu muito,  brigou muito e por essa razão constantemente quer por a nu,   as mazelas  e malandragens existentes, tanto no âmbito   governamental    como  também na iniciativa   privada, envolvendo pessoas,  legislações,  tributos, comércio ou finanças.


Sabemos todos que o ser humano (e governos também) sempre dão preferência pela divulgação de seus feitos positivos, aqueles que possam encantar o público e ocultar     igualmente atos e informações negativas ou enganosas, isto quando lhes  convém.


Através da experiência obtida no segmento financeiro tento mostrar aos mais inocentes e mais influenciáveis o que muitas vezes está por trás das inocentes aparências. 


Pesquisas e estudos genéricos, verdadeiras ou não, sempre são mais divulgadas e propagadas.


Primordialmente viso alertar e defender os interesses do indivíduo, de sua família e do investidor, visando geralmente o longo prazo.  Sei que é bem mais simples e politicamente correto divulgar macro informações que não afetam diretamente as pessoas.  Eu prefiro divulgar diretamente ensinamentos e conselhos que possam ajudar a você e sua família.


Sou partidário do adágio “É melhor prevenir do que remediar”.


Mas vamos ao que interessa:





Acreditem ou não, mas em 1964 eu já conhecia os mecanismos de funcionamento dos fundos imobiliários.  Na Europa, o poderoso grupo financeiro holandês chamado Robeco havia criado seu próprio fundo imobiliário (o maior do continente) que, alguns anos mais tarde, teve de encerrar suas atividades. Diversos outros fundos com ênfase ou exclusivamente aplicando em imóveis, não aguentaram o enorme fluxo de resgates quando as crises financeiras e de liquidez, que periodicamente ocorrem, bateram em suas portas e consequentemente não tiveram a mínima possibilidade de se desfazer rapidamente dos imóveis e outros créditos imobiliários que possuíam. 


Bastante envolvido a partir de 1964 com fundos   investimento imobiliários, por diversas razões, sempre desconfiei da qualidade e nível de liquidez dos mesmos e teimava em não querer oferecer nenhum deles aos meus clientes. Meus chefes na época me observavam desconfiados e não gostavam nem um pouco daquela minha má vontade e rebeldia.


A grande maioria daqueles fundos imobiliários eram do tipo “aberto”, ou seja, permitiam a contínua oferta e resgate de   cotas para novos investidores. Eu, entretanto achava que funcionavam quase como “pirâmides” ou “esquemas de Ponzi”, em que qualquer investidor que desejasse resgatar suas cotas era pago com o dinheiro daquele que estava entrando no  negócio...


Aqui no Brasil a lei 8.668 no ano de 1.993 criou a legislação básica a respeito de fundos imobiliários,  regulamentados posteriormente através da  Instrução 205 da CVM.


Eu somente em Outubro de 2.000   escrevi  minha primeira crônica a respeitos de fundos imobiliários numa edição da revista “Exame” da Editora Abril.


Dez anos mais tarde, em 23/9/2010  escrevi o 1º  comentário a respeito dos FII neste meu blog www.seufuturofinanceiro.blogspot.com sob o título; 


“Todos os fundos imobiliários são confiáveis?”


Não desejando repetir no atual “post” as mesmas considerações bastante azedas, que a meu ver continuam sendo muito válidas, recomendo que busquem no menu do blog, a crônica anterior, para terem uma visão ainda mais completa do assunto.


Aqui no Brasil durante alguns anos, poucos empreendedores ou gestores se deram ao trabalho de criar Fundos de Investimentos Imobiliários, os chamados FII, mas a partir dos anos 2.000 estes, de fato começaram a ser desenvolvidos, aceitos e adquiridos pelo grande público.  


É óbvio que atualmente com as taxas de juros mais baixas oferecidos pelos bancos para os fundos de renda fixa e, descontadas a própria inflação, taxa de rebate e ainda devido a incidência do imposto de renda sobre o rendimento, os investidores mais esclarecidos começam a buscar alternativas mais suculentas.


É igualmente óbvio que é muito atrativo o fato de não haver incidência de imposto de renda sobre o rendimento nos fundos imobiliários. Este fator é um importante diferencial quando os juros recebidos de outros títulos de renda fixa se tornam dia a dia mais escassos e ainda  têm incidência de imposto de renda.  

De acordo com a regulamentação da CVM, um fundo imobiliário deve aplicar 75% de seus recursos em bens e direitos imobiliários. Também devem distribuir aos seus quotistas no mínimo 95% do lucro eventualmente auferido, regras essas muito coerentes e interessantes.

Um fator que me incomoda pessoalmente é a estreiteza (tamanho) do mercado e da restrita negociabilidade de cada um desses fundos, que unicamente pode ser feita no âmbito da BM&FBovespa, nossa Bolsa de Valores.


Explico; por serem decorrentes da respectiva legislação, fundos fechados (capital limitado em função da quantidade de quotas emitidas), a sua liquidez (negociabilidade) é absolutamente menor, pois somente a existência de alguém que queira adquirir as cotas  de sua propriedade irá permitir  que você  os repasse   para  outro investidor e ao preço que aquele se dispõe a  lhe pagar. Não havendo comprador, você não se livra tão facilmente de suas cotas. Não adianta   saber que os registros destes fundos e as negociações das   cotas são listadas e publicados no BM&FBovespa, pois  um quotista somente vai se livrar delas quando   houver  outro interessado!

Para escrever esta minha dissertação  a respeito dos Fundos   Imobiliários entrei no site do BM&FBovespa e contei a existência atualmente de 75 desses fundos. Pela publicação da Empresa Economática de 29/6 verifiquei  que publicaram uma listagem  com os 29 melhores  FII nestes últimos 12 meses. Considero  este   período  curto de tempo insuficiente  para avaliar a qualidade e performance  de um FII.
Alías os meios de comunicação, principalmente jornais, deveriam publicar sempre o que aconteceu com as cotas  em, 12, 24 e 36 meses ou seja as maiores e menores cotações de cada um dos fundos imobillários. Com estes procedimento os investidores teriam uma ideia melhor do assunto.


No Jornal “Valor” de 5/7 vi listados  67  diferentes FII com  as últimas cotações de compra e venda. Aconselho a todos para que analisem minuciosamente as cotações e pagamento de  ganhos durante  algum tempo antes de adquiri-los. 

Antes de continuar devo-lhes confessar que sou dono de um modestíssimo  lote de cotas de um  tradicional e conhecido FII, que adquiri quando os mesmos foram lançados no ano de 2.000 e após a insistência de um dos  dirigentes de uma gestora  daquela época em ter alguém que falasse bem dos mesmos...Fui usado como cobaia e formador de opinião!  Fechei o negócio porque eu queria  acompanhar o desenvolvimento de uma dessas novas modalidades de investir e...  não me arrependi!   Hoje, penso que deveria  ter adquirido mais quotas e  por isso me cabe  perfeitamente o  oposto do provérbio;


  Faça  o que  digo mas não faça o que faço”.


Aliás  para justificar meu raciocínio  naquela época, esse fundamentou-se  no fato daquele  FII    representar um novo Shopping Center muito especial, ou seja situar-se num dos bairros mais sofisticados  da cidade de São Paulo, sabidamente no Estado mais rico da nossa Federação e portanto deveria pela lei das probabilidades  dar  certo.   Mês após mês, desde então, recebo religiosamente  a fortuna de menos de três centenas  de reais  depositadas em  minha conta corrente bancária.


Vocês, caros leitores certamente agora saberão adivinhar qual o nome do FII quando lhes explico que o mesmo  está sendo objeto  de intensa fiscalização  e sujeito a uma provável   multa da Prefeitura  Municipal devido  ao seu  mal dimensionado estacionamento...( e demais ocorrências mais sensacionalistas que  estão sendo divulgadas). Se vou perder minha  minguada rendinha mensal, ainda não    posso lhes dizer.


Devido a esta ocorrência mais uma vez lhes digo, caro leitor, que tudo, tudo mesmo, envolve risco e de que jamais  conseguiremos adivinhar o dia de amanhã. ( título do meu blog anterior a este).

Mas se você chegou até aqui,  peço para não parar de ler este meu relato,  pois talvez eu possa  lhe alertar  e igualmente aos mais ingênuos investidores para pesquisarem com mais empenho os anúncios a respeito de novos lançamentos de fundos imobiliários e de que inquiram com mais  insistência e profundidade seus conselheiros, gerentes de relacionamento e planejadores financeiros para  que os mesmos estudem com maior rigor qualidade, honestidade  de propósitos e  probabilidades de êxito do fundo imobiliário que indicarem.

Para  a segunda história   que vou  lhes contar a seguir, faça de conta de que sou eu o feliz proprietário (mentirinha minha, mas quisera ser verdade) de um enorme terreno  na Capital  do  Estado de São Paulo, aquele de maior PIB desse  nosso maravilhoso país. O preço de mercado desse terreno, caso  houvesse similar certamente superaria os   10 milhões de reais.


Recentemente um  graúdo empresário me procurou e me perguntou quanto eu queria pelo terreno e eu lhe disse 10 milhões. Após alguns agradáveis papos  e diversos  jantares  oferecidos a mim,  regados com  excelente vinho francês (e vocês  que pensavam que não existiam refeições grátis)  o homem me conquistou por  completo e, após uma bela introdução durante nossa última ágape, me fez a seguinte oferta; eu te dou  12 milhões, mas em troca vamos registrar a transação do  terreno  no Cartório de Registro de Imóveis    em nome do   Fundo Imobiliário que eu estou incorporando e pelo valor de 20 milhões e  você me devolve 8 milhões P.F. (Será que me fiz de entendido?)


Que achas, ele continuou, de você receber dois milhões a mais do que pediu ainda comentou meu recém conquistado amigo.
Fiquei zonzo e por pouco não me engasguei no bife que estava mastigando.

E agora vamos agora admitir por tese de que a proposta me seduziu e eu topei, esfregando as mãos de feliz e ainda surpreso,  já preparando mentalmente uma linda viagem ao redor do mundo com a bonificação a ser recebida, além de já imaginar trocando meu  carro por um belo Mercedes Benz importado. Negócio fechado falei e lhe apertei a mão.


Mas devido a um pequeno descuidado do empresário e de sua organização,  todos meus dados pessoais   acabaram  misturados no cadastro geral de potenciais e mais abonados clientes  do mais novo   Fundo Imobiliário listado na CVM.


Dois meses se passaram e recebo pelo Sedex um pacote contendo  uma brochura espetacular de um projeto arquitetônico com o sugestivo nome de Fundo Imobiliário Meenganaqueeugosto”.  Era uma oferta muito especial para apenas 100 pessoas privilegiadas e escolhidas a dedo!


Eu estava entre os 100 felizardos e fiquei muito lisonjeado por pertencer a um grupo tão seleto! 


Abrindo a brochura deparei com um belíssimo edifício de escritórios, última geração etc. etc. no valor total de 210 milhões de Reais e, nos dados técnicos a explicação que só o terreno, muito bem localizado, havia sido adquirido por 20 milhões...


Será que devo ou não comprar algumas cotas deste maravilhoso edifício de escritórios, ainda por ser construído no meu ex-terreno? Penso com meus botões de quais serão as outras lorotas  embutidas no projeto e prefiro pensar  na  viagem que estou em véspera de realizar e esquecer o restante da história.  
Você e eu, caro amigo, devemos despertar  deste sonho de negócios mirabolantes e de que não existe refeição grátis antes que seja tarde!

Caros leitores, a segunda história não é hipotética, mas muito verdadeira, pois está acontecendo na atualidade e, não se enganem, debaixo de nossos narizes e, este planejador financeiro não consegue manter- se em silêncio e prefere gritar aos quatro ventos de que a minha história é fictícia, mas   histórias parecidas e  outras manobras menos elegantes estão ocorrendo de verdade.  Vejam porque e conferem;

Fiquei absolutamente chocado com a falta informações mais minuciosas e transparentes em relação às ofertas públicas que apareceram ultimamente nos principais jornais do país.


Eu recortei algumas  delas e as guardei para comentá-las agora. Cada vez que revejo estas ofertas faço a mim mesmo a seguinte pergunta; quem ou quais os dirigentes, imobiliárias, incorporadores, intermediários ou instituições financeiras que vão ganhar com essas transações?
Certamente existem diversas partes altamente interessadas comercialmente em uma emissão de cotas de fundos imobiliários, mas de que maneira o público vai saber se estas transações são ética, comercial e financeiramente defensáveis? As editais exigidas pela CVM omitem uma porção de dados  fundamentais que eu como futuro investidor gostaria de conhecer!

Nada posso fazer além de manifestar meu espanto de que esses negócios possam estar ocorrendo sob o olhar e fiscalização de um organismo plenamente capacitado, qualificado e autônomo como deve ser o xerife, a CVM.


Eu não posso entender como é possível que grupos financeiros possam estar recebendo  registro e licença da CVM para colocar suas próprias agências bancárias dentro de um fundo imobiliário para posteriormente pagarem algum conveniente e previamente combinado aluguel aos cotistas de um fundo imobiliário.


É mais do que evidente que existe nesta mágica mudança de propriedade   por meio da alienação do imobilizado de imóveis de uma instituição bancária para um Fundo Imobiliário   um enorme e oculto conflito de interesses, pois quem é que vocês pensam que vai determinar qual será o valor das locações dessas agências a não ser a própria direção do grupo financeiro envolvido desta transação mágica?


Quais os índices que serão utilizados para repor com justiça o preço do aluguel etc. etc?  Há inúmeras incógnitas e jogadas misteriosas envolvidas nesta transação e por enquanto ninguém consegue me dar respostas absolutamente convincentes. 


Além disso, qual a empresa  de auditoria  isenta que vai verificar se os custos e despesas que serão debitadas futuramente aos proprietários de cotas e que certamente  afetarão o valor do aluguel  e determinarão se este será justo? 


Existe alguma empresa desvinculada   ou algum “Conselho” dos próprios investidores do fundo que possa fiscalizar todos os custos e despesas que serão jogados a débito do rendimento a ser distribuído aos cotistas? Eu tenho minhas dúvidas!


Pergunto ainda se a própria CVM analisou previamente o preço de mercado de cada agência que foi incluída na transferência do capital da entidade financeira para o fundo imobiliário? Acredito que mais uma vez serão socializados os eventuais futuros prejuízos decorrentes do negócio, mas enquanto isso alguns espertos e aproveitadores ganharão muito dinheiro indevidamente.
Vamos a seguir apontar apenas alguns casos bem recentes que despertaram a minha atenção;

A Caixa Econômica lançou recentemente um FII de R$300 milhões que incorporava certo número de agências e terrenos pertencentes à Instituição. Alguém verificou se todos esses imóveis valiam realmente R$ 300 milhões?

O Banco do Brasil lançou recentemente o Fundo BB Renda de Papeis Imobiliários Fundo de Investimento FII, em que também seria possível adquirir imóveis da própria Instituição. Vale a mesma pergunta que para o item anterior.

A empresa Rio Bravo, como intermediário, em Junho deste ano lançou o Fundo de Investimento Imobiliário Mercantil do Brasil no valor de 101,664 milhões de reais. Este banco é  do setor privado. Vale novamente o mesmo raciocínio.

E, enquanto eu estava trabalhando neste tão controvertido “post”, abro o jornal Valor de 10 de Julho último e uma página inteira de um espetacular novo Fundo Imobiliário se esparramava na minha frente. É o gaúcho “Banrisul Novas Fronteiras Fundo de Investimento Imobiliário”, que irá permitir que novos cotistas adquirissem R$ 70 milhões em novas cotas, permitindo ao banco hábil e sutilmente se capitalizar, pro forma  e assim se desfazer de imóveis, fazer o leasing a preços convenientes etc. Tudo isto acontece dentro da lei e para a alegria dos por enquanto futuros investidores sem que alguém fiscalize previamente o negócio   para saber se esta transação é eticamente válida. Viva a inventividade brasileira. É um verdadeiro trem da alegria! (de alguns).

Pergunto se alguém da CVM ou qualquer entidade  independente de auditoria (e não comprometido) analisou previamente se as cotas de capital desses quatro fundos imobiliários acima citados tinham (ou têm) preços de mercado compatíveis com o valor dos imóveis a serem incorporados. É para isso que serve um xerife!  

É sabido que nos últimos dois anos imóveis tiveram  grande valorização,( se é bolha ou não, ainda não sabemos) mas mesmo assim, o novo cotista tem o direito de saber se o peço que está pagando é justo ou está exageradamente  acima do  valor de mercado.


Gente fico espantado como tantas pessoas se deixam conduzir pacificamente  à estes negócios da moda e me lembro de que  ocorreu há alguns anos passados  quando os flats eram a grande coqueluche e todos só desejavam adquirir seus 40 a 50 metros quadrados de empreendimentos hoteleiros de ávidos incorporadores. Provavelmente alguns investidores ganharam, mas outros  certamente se arrependeram tardiamente.
Ainda não terminei! 

Vou finalizando a minha argumentação a respeito dos FII com mais algumas simples   observações ou questionamentos se preferirem.

Receio que, aproveitando a atual e constante queda dos juros de todos os títulos de renda fixa ( viva a manipulada Selic!), os FII como já disse, passaram a ser o investimento da moda e como tal, alguns deles, estão sendo objeto de negócios inexplicáveis ou pelo menos duvidosos.


Penso que inúmeros cotistas desses Fundos Imobiliários em geral, mas em especial aqueles   ligados a instituições financeiras e empreendimentos imobiliários, estejam pagando preços por demais elevados por suas cotas e que, em um segundo momento (quando não sei)  despertarem, estarão com um mico na mão.   Por serem os FII entidades jurídicas de capital fechado, não poderão se desfazer de suas cotas, a não ser por preço vil que hábeis negociantes estarão adquirindo avidamente.

De acordo com a  filosofia que criou os fundos de investimento em geral, (“mutual funds” ) orginalmente nos Estados Unidos ou Inglaterra, estes tinham sido planejados para pulverizar o risco incorrido por pequenos investidores. Como então é possível alguém adquirir   um fundo imobiliário constituído por um único imóvel no qual o aluguel virá de um único inquilino? E se esse inquilino falir ou não pagar pela locação, como ficarão os cotistas?


Certamente é possível admitir como fazendo sentido quando um fundo de investimento imobiliário tiver como inquilinos os muitos lojistas de um Shopping Center, mas não quando o mesmo é constituído por um único hospital (FII Hospital da Criança) ou uma escola ou universidade (FII Anhanguera Educacional).


Para você caro investidor,   entusiasta novato por fundos imobiliários, meu conselho será levar em conta, de agora em diante, tudo que eu tiver escrito acima e dar preferência em participar de algum deles quando já estiverem plenamente funcionando por algum tempo, negociados e distribuindo juros ou rendimentos regularmente e isentos de imposto de renda. 


Dê uma boa espiada em todos os dados que você tem a possibilidade de coletar de alguns fundos imobiliários que já estejam em atividade há algum tempo e somente após se dar por satisfeito, então sim adquira cotas deles. Estude toda a série histórica de cotações das cotas previamente publicadas do período em que em já estiveram ativos e verifique se não existem algumas discrepâncias que possam ser interpretadas como suspeitas.


Um forte abraço e cuide o melhor possível do seu rico dinheirinho, que   pode  transformar-se em pó em velocidade supersônica caso você não tiver feito sua lição de casa. 


Desculpe pelo tamanho desta matéria que escapou do razoável, mas esta é única maneira que conheço para lhe explicar melhor um assunto que só agora está se tornando conhecido. Parabéns por sua paciência e, caso estiver de acordo com o que leu, alerte seus amigos e familiares.


E Envie-me um e-mail com seus comentários. 





Louis Frankenberg, CFP®. 16-07-2012















 


Fundos Imobiliários devem  ser considerados a sério ou apenas estão na moda?


L.Frankenberg, CFP® 14-07-2012


Caros leitores do meu blog,


Antes de apresentar algumas considerações a respeito de fundos imobiliários, peço-lhes licença para dizer que não sou um pessimista de carteirinha como alguns poderiam pensar, mas um planejador financeiro que tenta ser honesto e já viveu muito, viu muito,  brigou muito e por essa razão constantemente quer por a nu,   as mazelas  e malandragens existentes, tanto no âmbito   governamental    como  também na iniciativa   privada, envolvendo pessoas,  legislações,  tributos, comércio ou finanças.


Sabemos todos que o ser humano (e governos também) sempre dão preferência pela divulgação de seus feitos positivos, aqueles que possam encantar o público e ocultar     igualmente atos e informações negativas ou enganosas, isto quando lhes  convém.


Através da experiência obtida no segmento financeiro tento mostrar aos mais inocentes e mais influenciáveis o que muitas vezes está por trás das inocentes aparências. 


Pesquisas e estudos genéricos, verdadeiras ou não, sempre são mais divulgadas e propagadas.


Primordialmente viso alertar e defender os interesses do indivíduo, de sua família e do investidor, visando geralmente o longo prazo.  Sei que é bem mais simples e politicamente correto divulgar macro informações que não afetam diretamente as pessoas.  Eu prefiro divulgar diretamente ensinamentos e conselhos que possam ajudar a você e sua família.


Sou partidário do adágio “É melhor prevenir do que remediar”.


Mas vamos ao que interessa:





Acreditem ou não, mas em 1964 eu já conhecia os mecanismos de funcionamento dos fundos imobiliários.  Na Europa, o poderoso grupo financeiro holandês chamado Robeco havia criado seu próprio fundo imobiliário (o maior do continente) que, alguns anos m ais tarde, tive de encerrar suas atividades. Diversos outros fundos com ênfase ou exclusivamente em imóveis não aguentaram o enorme fluxo de resgates quando as crises financeiras e de liquidez, que periodicamente ocorrem, bateram em suas portas e consequentemente não tiveram a mínima possibilidade de se desfazer rapidamente dos imóveis e outros créditos imobiliários que possuíam. 


Bastante envolvido a partir de 1964 com fundos   investimento imobiliários, por diversas razões, sempre desconfiei da qualidade e nível de liquidez dos mesmos e teimava em não querer oferecer nenhum deles aos meus clientes. Meus chefes na época me observavam desconfiado e não gostavam nem um pouco daquela minha má vontade e rebeldia.


A grande maioria daqueles fundos imobiliários eram do tipo “aberto”, ou seja, permitiam a contínua oferta e resgate de   cotas para novos investidores. Eu, entretanto achava que funcionavam quase como “pirâmides” ou “esquemas de Ponzi”, em que qualquer investidor que desejasse resgatar suas cotas era pago com o dinheiro daquele que estava entrando no  negócio...


Aqui no Brasil a lei 8.668 no ano de 1.993 criou a legislação básica a respeito de fundos imobiliários,  regulamentados posteriormente através da  Instrução 205 da CVM.


Eu somente em Outubro de 2.000   escrevi  minha primeira crônica a respeitos de fundos imobiliários numa edição da revista “Exame” da Editora Abril.


Dez anos mais tarde, em 23/9/2010  escrevi o 1º  comentário a respeito dos FII neste meu blog www.seufuturofinanceiro.blogspot.com sob o título; 


“Todos os fundos imobiliários são confiáveis?”


Não desejando repetir no atual “post” as mesmas considerações bastante azedas, que a meu ver continuam sendo muito válidas, recomendo que busquem no menu do blog, a crônica anterior, para terem uma visão ainda mais completa do assunto.


Aqui no Brasil durante alguns anos, poucos empreendedores ou gestores se deram ao trabalho de criar Fundos de Investimentos Imobiliários, os chamados FII, mas a partir dos anos 2.000 estes, de fato começaram a ser desenvolvidos, aceitos e adquiridos pelo grande público.  


É óbvio que atualmente com as taxas de juros mais baixas oferecidos pelos bancos para os fundos de renda fixa e, descontadas a própria inflação, taxa de rebate e ainda devido a incidência do imposto de renda sobre o rendimento, os investidores mais esclarecidos começam a buscar alternativas mais suculentas.


É igualmente óbvio que é muito atrativo o fato de não haver incidência de imposto de renda sobre o rendimento nos fundos imobiliários. Este fator é um importante diferencial quando os juros recebidos sobre outros títulos de renda fixa se tornam dia a dia mais escassos e ainda  têm incidência de imposto de renda.  


De acordo com a regulamentação da CVM, um fundo imobiliário deve aplicar 75% de seus recursos em bens e direitos imobiliários. Também devem distribuir aos seus quotistas no mínimo 95% do lucro eventualmente auferido, regras essas muito coerentes e interessantes.


Um fator que me incomoda pessoalmente é a estreiteza (tamanho) do mercado e da restrita negociabilidade de cada um desses fundos, que unicamente pode ser feita no âmbito da BM&FBovespa.


Explico; por serem decorrentes da respectiva legislação, fundos fechados (capital limitado em função da quantidade de quotas emitidas), a sua liquidez (negociabilidade) é absolutamente menor, pois somente a existência de alguém que queira adquirir as cotas  de sua propriedade irá permitir  que você  os repasse   para  outro investidor e ao preço que aquele se dispõe a  lhe pagar. Não havendo comprador, você não se livra tão facilmente de suas cotas. Não adianta   saber que os registros destes fundos e as negociações das cotas  cotas são listadas e publicados no BM&FBovespa, pois  um quotista somente vai se livrar delas quando   houver  outro interessado!





Para escrever esta minha dissertação  a respeito dos Fundos   Imobiliários entrei no site do BM&FBovespa e contei a existência atualmente de 75 desses fundos. Pela publicação da Empresa Economática de 29/6 verifiquei  que publicaram uma listagem  com os 29 melhores  FII nestes últimos 12 meses. Considero  este   período  curto de tempo insuficiente  para avaliar a qualidade e performance  de um FII.


No Jornal “Valor” de 5/7 vi listados  67  diferentes FII com  as últimas cotações de compra e venda. Aconselho a todos para que analisem minuciosamente as cotações e pagamento de  ganhos durante  algum tempo antes de adquiri-los. 





Antes de continuar devo-lhes confessar que sou dono de um modestíssimo  lote de cotas de um  tradicional e conhecido FII, que adquiri quando os mesmos foram lançados no ano de 2.000 e após a insistência de um dos  dirigentes de uma gestora  daquela época em ter alguém que falasse bem dos mesmos...Fui usado como cobaia e formador de opinião!  Fechei o negócio porque eu queria  acompanhar o desenvolvimento de uma dessas novas modalidades de investir e...  não me arrependi!   Hoje, penso que deveria  ter adquirido mais quotas e  por isso me cabe  perfeitamente o  oposto do provérbio;


                                                  Faça  o que  digo mas não faça o que faço”.





Aliás  para justificar meu raciocínio  naquela época, este fundamentou-se  no fato daquele  FII    representar um novo Shopping Center muito especial, ou seja situar-se num dos bairros mais sofisticados  da cidade de São Paulo, sabidamente no Estado mais rico da nossa Federação e portanto deveria pela lei das probabilidades  dar  certo.   Mês apôs mês, desde então, recebo religiosamente  a fortuna de menos de três centenas  de reais  depositadas em  minha conta corrente bancária.


Vocês, caros leitores certamente agora saberão adivinhar qual o nome do FII quando lhes explico que o mesmo  está sendo objeto  de intensa fiscalização  e sujeito a uma provável   multa da Prefeitura  Municipal devido  ao seu  mal dimensionado estacionamento...( e demais ocorrências mais sensacionalistas que  estão sendo divulgadas). Se vou perder minha  minguada rendinha mensal, ainda não    posso lhes dizer.


Devido a esta ocorrência mais uma vez lhes digo, caro leitor, que tudo, tudo mesmo, envolve risco e de que jamais  conseguiremos adivinhar o dia de amanhã. ( título do meu blog anterior a este).





Mas se você chegou até aqui,  peço para não parar de ler este meu relato,  pois talvez eu possa  alertar-lhe e também aos mais ingênuos para pesquisarem com mais empenho os anúncios a respeito de novos lançamentos de fundos imobiliários e de que inquiriram com mais  insistência e profundidade seus conselheiros, gerentes de relacionamento e planejadores financeiros para  que os mesmos estudem com maior rigor qualidade, honestidade  de propósitos e  probabilidades de êxito do fundo imobiliário.





Para  a segunda história   que vou  lhes contar a seguir, faça de conta de que sou eu o feliz proprietário (mentirinha; mas quisera ser verdade) de um enorme terreno  na Capital  do  Estado de São Paulo, aquele de maior PIB desse  nosso maravilhoso país. O preço de mercado desse terreno, caso  houvesse similar certamente superaria os   10 milhões de reais.


Recentemente um  graúdo empresário me procurou e me perguntou quanto eu queria pelo terreno e eu lhe disse 10 milhões. Após alguns agradáveis papos  e diversos  jantares   oferecidos a mim  regados com  excelente vinho francês (e vocês  que pensavam que não existiam refeições grátis)  o homem me conquistou por  completo e, após uma bela introdução durante nossa última ágape, me fez a seguinte oferta; eu te dou  12 milhões, mas em troca vamos registrar a transação do  terreno  no Cartório de Registro de Imóveis    em nome do   Fundo Imobiliário que eu estou incorporando e por 20 milhões e  você me devolve 8 milhões P.F. (Será que me fiz de entendido?)


Que acha de você receber dois milhões a mais do que pediu ainda comentou meu recém conquistado amigo.


Fiquei zonzo e por pouco não me engasguei no bife que estava mastigando.


E vamos agora admitir por tese de que a proposta me seduziu e eu topei, esfregando as mãos de feliz e ainda surpreso,   já preparando mentalmente uma linda viagem ao redor do mundo com a bonificação a ser recebida, além de já imaginar trocando meu  carro por um belo Mercedes Benz importado. Negócio fechado falei e lhe apertei a mão.


Mas devido a um pequeno descuidado do empresário e de sua organização,  todos meus dados pessoais   acabaram  misturados no cadastro geral de potenciais e mais abonados clientes  do mais novo   Fundo Imobiliário listado na CVM.


Dois meses se passaram e recebo pelo Sedex um pacote contendo  uma brochura espetacular de um projeto arquitetônico com o sugestivo nome de Fundo Imobiliário Meenganaqueeugosto”.  Era uma oferta muito especial para apenas 100 pessoas privilegiadas e escolhidas a dedo!


Eu estava entre os 100 felizardos e fiquei muito lisonjeado por pertencer a um grupo tão seleto! 


Abrindo a brochura deparei com um belíssimo edifício de escritórios, última geração etc. etc. no valor total de 210 milhões de Reais e, nos dados técnicos a explicação que só o terreno, muito bem localizado, havia sido adquirido por 20 milhões...


Será que devo ou não comprar algumas quotas deste maravilhoso edifício de escritórios, ainda por ser construído no meu ex-terreno? Penso com meus botões de quais serão as outras lorotas  embutidas no projeto e prefiro pensar  na  viagem que estou em véspera de realizar e esquecer o restante da história.  Você e eu, caro amigo, devemos despertar  deste sonho de negócios mirabolantes e de que não existe refeição grátis.





Caros leitores, a segunda história não é hipotética, mas muito verdadeira, pois está acontecendo na atualidade e, não se enganem, debaixo de nossos narizes e, este planejador financeiro não consegue manter- se em silêncio e prefere gritar aos quatro ventos de que a minha história é fictícia, mas   histórias parecidas e  outras manobras menos elegantes estão ocorrendo de verdade.  Vejam porque e conferem;


  


Fiquei absolutamente chocado com a falta informações mais minuciosas e transparentes em relação às ofertas públicas que apareceram ultimamente nos principais jornais do país.


Eu recortei algumas e as guardei para comentá-las agora. Cada vez que revejo estas ofertas faço a mim mesmo a seguinte pergunta; quem ou quais os dirigentes, imobiliárias, incorporadores, intermediários ou instituições financeiras que vão ganhar com essas transações? Certamente existem diversas partes altamente interessadas comercialmente em uma emissão de cotas de fundos imobiliários, mas de que maneira o público vai saber se estas transações são ética e financeiramente defensáveis? As editais exigidas pela CVM omitem uma porção de dados  fundamentais que eu como futuro investidor gostaria de conhecer!








Nada posso fazer além de manifestar meu espanto de que esses negócios possam estar ocorrendo sob o olhar e fiscalização de um organismo plenamente capacitado, qualificado e autônomo como deve ser o xerife.


Eu não posso entender como é possível que grupos financeiros possam estar recebendo  registro e licença da CVM para colocar suas próprias agências bancárias dentro de um fundo imobiliário para posteriormente pagarem algum conveniente e previamente combinado aluguel aos quotistas de um fundo imobiliário.


É mais do que evidente que existe nesta mágica mudança de propriedade   por meio da alienação do imobilizado de imóveis de uma instituição bancária para um Fundo Imobiliário   um enorme e oculto conflito de interesses, pois quem é que vocês pensam que vai determinar qual será o valor das locações dessas agências a não ser a própria direção do grupo financeiro envolvido desta transação mágica?


Quais os índices que serão utilizados para repor com justiça o preço do aluguel etc. etc. ?  Há inúmeras incógnitas e jogadas misteriosas envolvidas nesta transação e por enquanto ninguém consegue me dar respostas absolutamente convincentes. 


Além disso, qual a empresa  de auditoria  isenta que vai verificar se os custos e despesas que serão debitadas futuramente aos proprietários de cotas e que certamente  afetarão o aluguel serão justas? 


Existe alguma empresa desvinculada   ou algum “Conselho” dos próprios investidores do fundo que possa fiscalizar todos os custos e despesas que serão jogados a débito do rendimento a ser distribuído aos cotistas?


Pergunto ainda se a própria CVM analisou previamente o preço de mercado de cada agência que foi incluída na transferência do capital da entidade financeira para o fundo imobiliário? Acredito que mais uma vez serão socializados os eventuais futuros prejuízos decorrentes do negócio, mas enquanto isso alguns espertos e aproveitadores ganharão muito dinheiro indevidamente.


Vamos a seguir apontar apenas alguns casos bem recentes que despertaram a minha atenção;





A Caixa Econômica lançou recentemente um FII de R$300 milhões que incorporava certo número de agências e terrenos pertencentes à Instituição. Alguém verificou se todos esses imóveis valiam realmente R$ 300 milhões?





O Banco do Brasil lançou recentemente o Fundo BB Renda de Papeis Imobiliários Fundo de Investimento FII, em que também seria possível adquirir imóveis da própria Instituição. Vale a mesma pergunta que para o item anterior.





A empresa Rio Bravo, como intermediário, em Junho deste ano lançou o Fundo de Investimento Imobiliário Mercantil do Brasil no valor de 101,664 milhões de reais. Este banco é  do setor privado. Vale novamente o mesmo raciocínio.





E, enquanto eu estava trabalhando neste tão controvertido “post”, abro o jornal Valor de 10 de Julho último e uma página inteira de um espetacular novo Fundo Imobiliário se esparramava na minha frente. É o “Banrisul Novas Fronteiras Fundo de Investimento Imobiliário” que irá permitir que novos quotistas adquirissem R$ 70 milhões em novas cotas, permitindo ao banco hábil e subtilmente se capitalizar, pro forma  e assim se desfazer de imóveis, fazer o leasing a preços convenientes etc. Tudo isto acontece dentro da lei e para a alegria dos por enquanto futuros investidores sem que alguém fiscalize previamente o negócio   para saber se esta transação é eticamente válida. Viva a inventividade brasileira.





Pergunto se alguém da CVM ou qualquer entidade  independente de auditoria (e não comprometido) analisou previamente se as cotas de capital desses quatro fundos imobiliários acima citados tinham (ou têm) preços de mercado compatíveis com o valor dos imóveis a serem incorporados.   


É sabido que nos últimos dois anos imóveis tiveram  grande valorização,( se é bolha ou não, ainda não sabemos) mas mesmo assim, o novo cotista tem o direito de saber se o peço que está pagando é justo ou está exageradamente  acima do  valor de mercado.


Gente fico espantado como tantas pessoas se deixam conduzir à estes negócios da moda e me lembro de que  ocorreu há alguns anos passados  quando os flats eram a grande coqueluche e todos só desejavam adquirir seus 40 a 50 metros quadrados de empreendimentos hoteleiros ou ávidos incorporadores. Provavelmente alguns investidores ganharam, mas outros  certamente se arrependeram tardiamente. 





Vou finalizando a minha argumentação a respeito dos FII com mais algumas simples   observações ou questionamentos se preferirem.


Receio que, aproveitando a atual e constante queda dos juros de todos os títulos de renda fixa, os FII passaram a ser o investimento da moda e como tal, alguns deles, estão sendo objeto de negócios inexplicáveis ou pelo menos duvidosos.


Penso que inúmeros cotistas desses Fundos Imobiliários em geral, mas em especial aqueles   ligados a instituições financeiras e empreendimentos imobiliários, estejam pagando preços por demais elevados por suas cotas e que, em um segundo momento (quando não sei)  despertarem, estarão com um mico na mão.   Por serem os FII entidades jurídicas de capital fechado, não poderão se desfazer de suas cotas, a não ser por preço vil que hábeis negociantes estarão adquirindo.





De acordo com a  filosofia que criou os fundos de investimento em geral, (“mutual funds” ) orginalmente nos Estados Unidos ou Inglaterra, estes tinham sido planejados para pulverizar o risco incorrido por pequenos investidores. Como então é possível alguém adquirir   um fundo imobiliário constituído por um único imóvel no qual o aluguel virá de um único inquilino? E se esse inquilino falir ou não pagar pela locação, como ficarão os cotistas?


Certamente é possível admitir como fazendo sentido quando um fundo de investimento imobiliário tiver como inquilinos os muitos lojistas de um Shopping Center, mas não quando o mesmo é constituído por um único hospital (FII Hospital da Criança) ou uma escola ou universidade (FII Anhanguera Educacional).


Para você caro investidor,   entusiasta novato por fundos imobiliários, meu conselho será levar em conta, de agora em diante, tudo que eu tiver escrito acima e dar preferência em participar de algum deles quando já estiverem plenamente funcionando por algum tempo. negociados e distribuindo juros ou rendimentos regularmente e isentos de imposto de renda. 


Dê uma boa espiada em todos os dados que você tem a possibilidade de coletar de alguns fundos imobiliários que já estejam em atividade há algum tempo e somente após se dar por satisfeito, então sim adquira cotas deles. Estude toda a série histórica de cotações das cotas previamente publicadas do período em que em já estiveram ativos e verifique se não existem algumas discrepâncias que possam ser interpretadas como suspeitas.


Um forte abraço e cuide o melhor possível do seu rico dinheirinho, que   pode  transformar-se em pó em velocidade supersônica caso você não tiver feito sua lição de casa. 


Desculpe pelo tamanho desta matéria que escapou do razoável, mas esta é única maneira que conheço para lhe explicar melhor um assunto que só agora está se tornando conhecido. Parabéns por sua paciência e, caso estiver de acordo com o que leu, alerte seus amigos e familiares.


E Envie-me um e-mail com seus comentários. 





Louis Frankenberg, CFP®.












 


terça-feira, 26 de junho de 2012

Continua sendo impossível adivinhar o dia de amanhã!




          Louis Frankenberg, CFP®       26-06-2012



Porém videntes, astrólogos, cartomantes, futurólogos, profetas, consultores, conselheiros, assessores, planejadores financeiros, gerentes de relacionamento de instituições financeiras e meros adivinhos fazem a festa tentando enganar os bobos, crédulos e incautos, apontando e convencendo-os com enorme habilidade de qual o investimento ou negócio que será  o próximo vitorioso (ou alternativamente o mais lucrativo) em algum momento futuro ou data prefixada.

Em 21 de Fevereiro de 2.001  foi publicada minha última coluna em  Exame, da Editora Abril. Haviam sido 6 ininterruptos anos de publicações naquela prestigiosa revista que me deram muita alegria e prestígio, além de me terem dado maior desenvoltura em escrevinhar, mas igualmente em prometer para mim mesmo de nunca tentar camuflar a verdade e sempre  oferecer minhas genuínas impressões a respeito de qualquer assunto econômico ou  financeiro que tivesse de descrever ou oferecer em aconselhamento.



Naquela época como novamente agora, contrário a tantas consultores, afirmo que não é possível adivinhar nem o dia de amanhã. 

Na matéria em Exame, havia diversas referências  de que o investidor não deveria adotar   decisões precipitadas, apenas baseado nas grandes oscilações das bolsas de valores que estavam ocorrendo por toda parte, Brasil e exterior.

Nada mudou desde então, Bolsas oscilam, guerras continuam acontecendo, bandidos oficiais e bandidos comuns continuam agindo ininterruptamente e impunemente e a corrupção em nosso país não diminuiu!



A seguir para vocês, uma dosagem micro da minha própria biografia  para situarem-se   e compreender melhor de que vou falar hoje, tentando provar meu ponto de vista. 

Desde que enveredei neste complexo e imprevisível mundo que era o financeiro no ano de 1964, promovendo fundos de investimento internacionais no Brasil, numa época politicamente bastante  turbulento  e, na qual nossa moeda frente  ao dólar refletia    perfeitamente essa calamitosa situação, eu já era um  furioso fuçador de pesquisas, muitíssimo interessado em entender  também o  comportamento financeiro das pessoas,   denominado hoje em dia em inglês de “Behaviour Finance”.

Não existia Internet nem nada parecido e minhas informações, pesquisas e estudos provinham principalmente de jornais e revistas internacionais que eu lia sofregamente, além daquelas que a empresa para a qual trabalhava me fornecia.

Naquele tempo eu andava com uma pasta executiva da prestigiosa marca Samsonite (para impressionar favoravelmente meus clientes da minha sabedoria incipiente...) recheada de pesquisas, estudos e outras provas que pudessem convencer as pessoas a adquirir determinado fundo de investimento ou então investimento conjugado a seguro de vida, que eu na época representava.



Lembro muito bem que uma daquelas pesquisas, patrocinada por um conhecido banco inglês, continha uma relação, dos melhores tipos de investimento individualizado ano a ano, representativo dos   20 anos imediatamente anteriores e que mencionava que em cada um daqueles 20 anos,  alguma forma diferente de investimento tinha sido o mais lucrativo (rendimento e/ou valorização).   

A série toda era constituída por  todos os tipos de investimentos como por exemplo;

Fundos de Ações dos Estados Unidos, Ouro, Ações no Japão, Prata do México, Diamantes da África do Sul, Fundo de Renda Fixa na Alemanha, Investimento Imobiliário no Canadá, Mercado acionário norte americano (Dow Jones) e assim por diante. (Cada ano algum investimento diferente  havia sido  eleito como sendo o melhor).

Invariavelmente meus clientes, vendo a lista dos melhores indicavam o investimento  que havia sido o melhor no ano imediatamente anterior quando eu os colocava ante a pergunta em qual  daqueles melhores  investimentos  achavam que  deveriam colocar seu dinheiro e, sem lhes dizer antecipadamente que ainda havia uma segunda relação  na minha pasta com os piores investimentos.

Em seguida eu retirava do Samsonite  a segunda  relação que  demostrava exatamente o oposto ou seja, daqueles mesmos 20 anos  quais tinham sido os piores investimentos.  

Esta segunda relação não deixava qualquer dúvida pois provava que os melhores de determinado ano, na maioria das vezes  estavam entre os piores de um ou dois anos depois!

E dessa maneira, naquela longínqua época do meu início de carreira,  o principiante e aprendiz de feiticeiro Frankenberg vendia seu peixe, que obviamente obedecia as mesmas regras que hoje em dia a maioria dos intermediários continuam utilizando... (volte a ler o título desta crônica!)

Lição a ser tirada; o passado  quase nunca imita o  presente ou o misterioso futuro.

Mas aos poucos, bronqueado com a minha própria consciência, sabendo agora  como a maioria das pessoas eram facilmente confundidas e influenciadas, resolvi assumir o auto compromisso  de que nunca mais iria me valer do subterfúgio de realçar excessivamente  rendimentos  ou lucratividade  futura nos investimentos que eu aconselhava  ou era o  próprio intermediário!

Eu não desejava mais ser igual aos meus colegas que usavam em grande estilo essa técnica que alguém os havia ensinado.  

Aos poucos fui me distanciando da “empurrologia” para me voltar cada vez   em maior profundidade na análise comportamental e objetivos de longo prazo do cliente e do seu companheiro/a. Tentava de todas as maneiras possíveis compreender suas prioridades e anseios.

Pesquisar a mente, estudos acadêmicos e pesquisas sérias passaram a tomar mais do meu  tempo que o  próprio ato de tentar convencer  potenciais clientes de aplicações interessantes, é claro diminuindo  drasticamente minhas fontes de subsistência.

Não tenham pena de mim, pois ganhei em troca  a absoluta confiança dos meus clientes e consequentemente mais dinheiro que a maioria dos meus ex colegas.

Constato com tristeza que hoje a maioria das instituições financeiras, corretoras, distribuidoras e entidades de previdência complementar, através de seus representantes, gerentes de relacionamento, consultores e planejadores financeiros, fazem uso de estudos, gráficos com dados vistosos  e belíssimas simulações de resultados favoráveis, representando períodos de tempo ainda por acontecer, incentivando (ou melhor dizendo induzindo) dessa maneira sua clientela a adquirir  produtos financeiros baseados em um passado  que provavelmente não mais se repetirá.

É o tal de observar o espelho retrovisor e preencher a série futura de resultados a semelhança do passado. Erro fundamental, pois o passado geralmente não volta e novos acontecimentos influirão diferentemente o futuro.   



Coincidentemente, quando eu estava planejando esta matéria, li um comentário bastante contundente de um  colunista da revista “The Economist”  no qual este a certa altura comenta  que investidores  sempre estiveram ( e  eu acrescento, continuam sendo) ansiosos por receberem aconselhamento que estivesse em consonância com seus próprios desejos em relação a compra de ações ou outros produtos financeiros que desejavam adquirir.

Pessoalmente acrescento que para um consultor autônomo ou gerente de relacionamento com bastante experiência  e quem sabe  um pouco mais  ganancioso que a média, não é difícil conduzir habilmente seu cliente  a fim de que este opte pelo produto sugerido por ele.

Um investidor leigo é bastante receptivo a receber informações privilegiadas que lhe possa ser oferecida no ouvido! (“inside information”)

O autor daquela matéria ainda acrescentava que Warren Buffet, um dos gestores que mais recomenda investimentos para o longo prazo e dos mais bem sucedidos gestores do mundo, pensa que é muito difícil prognosticar visando o curto prazo, mesmo assim muitos intermediários  continuam adotando esta estratégia.

Eu acrescentaria de que é impossível prognosticar tanto o curto como o longo prazo.

Buffet diz  sarcasticamente que muitos destes intermediários se remuneram muito bem adotando esta tática, pois estão constantemente alterando a carteira de sua clientela.

Novamente digo eu que muita troca de posições são uma excelente maneira para uma instituição financeira obter ganhos maiores regularmente (e seu representante  talvez obter um bônus ou pelo menos alguns elogios a mais de seu chefe!).

Nestes tempos bicudos em que o rendimento de muitos investimentos está sendo cada vez menor, acredito que seria melhor para todos  cuidarem  das migalhas que são perdidas dessa maneira, dando mais atenção aos custos administrativos e operacionais desperdiçados  nestas constantes alterações da carteira patrimonial dos investidores...

Inclua nestes seus cuidados que precisam ser avaliados também os efeitos dos tributos que poderão ter tanto valor quanto o próprio rendimento recebido.



Voltando ao começo desta crônica, relembro aos meus fieis  leitores  que mais importante que rendimentos imediatos,  são os não menos importantes decisões tomadas que objetivam metas de médio e longo prazo e que sejam coincidentes  com as   prioridades de vida de alguém.

Acredito que os tempos atuais no qual grandes mudanças estão acontecendo no mundo, e sem dúvida igualmente   ocorrendo em  nosso país, devem ser considerações de ordem   financeira, para  você não se tornar vítima de surpresas desagradáveis, endividamento excessivo ou compromissos demasiadamente elevados que tenham sido assumidos e que, decorrente de eventuais crises ainda por vir, não poderão ser honrados.

Lembro ainda que o terrível mal chamado “estresse” e suas consequências para  nossa  saúde são  sempre originadas    devido    crises de todos os tipos  que  passam a afetar   a gente pessoalmente.



A minha interpretação da ansiedade ( e principalmente ganância!) existente por parte de determinados empreendimentos comerciais e financeiros  que estão se lançando no mercado (ou que já ocorreram nos últimos três anos através de IPO’s e outra formas de abertura e ampliação de empresas) é de que estamos vivendo um autêntico “Far West”,  onde aquele que  grita mais alto ou consegue atrair maior público investidor através de propaganda enganosa ou  marketing  super agressivo, é o queridinho  momentâneo do mercado, não sendo dado a mínima atenção ao conteúdo ético e qualitativo das ofertas ou  da veracidade das informações fornecidas para este público.

Infelizmente, é este o clima atualmente dominante em nosso país, igualmente proveniente do setor governamental como da própria iniciativa privada, comprovado inúmeras vezes por este humilde planejador financeiro, que tem visto  neste últimos   anos o debacle posterior    ocorrendo em tantas empresas, após estarem algum período  cotadas na nossa  Bolsa de Valores, e quando finalmente é ( descoberta) comprovada a farsa dos balanços adulterados e   dados essenciais disfarçados anteriormente divulgados e consequentemente, suas cotações dispararem ladeira  abaixo.

Pobres incautos e ingênuos, penso eu, que não foram prevenidos anteriormente.

Não desejo citar nomes bastante recentes, mas já contabilizei várias delas que, anteriormente eu já havia colocado na minha negra pessoal!

Não sou um profissional  capacitado  para analisar  com perfeição alguma empresa específica quando é jogada no mercado, mas sou suficientemente entendido e experiente da vida  para saber de antemão que ela não é nada daquilo que desejam que o público passa a pensar a respeito dela. Faro? Não apenas bom senso.

Culpa da empresa? Não, culpa  de seus  dirigentes  e todos aqueles  mencionados no título da crônica que, passo a passo, prepararam a arapuca para os bobos, crédulos e incautos como já mencionei mais acima.

Aqui do meu insignificante cantinho penso porém calo a boca, apenas mencionando minhas reticências a respeito de algumas dessas empresas aos que me pedem a opinião antecipadamente.     

É claro  que  vale igualmente  para mim o título que escolhi para o título desta crônica e   tenho constantemente em mente  de que;

“Continua sendo impossível adivinhar o dia  de amanhã!”

É óbvio de que fico feliz em não ter participado do oba oba e da  farsa de tantos protagonistas de histórias de empresas  inverídicas ou inchadas artificialmente, porém fico triste por saber que pouca gente  foi alertada em tempo  por seus respectivos conselheiros e assessores. Tenho minhas dúvidas sobre quantos deles são  verdadeiros profissionais probos e confiáveis.                             

Continuo também acreditando de que existem muito mais incógnitas, pesquisas plantadas e informações inverídicas  neste nosso Brasil do que imaginamos.  

Abraço amigo, não me levem a mal e até a próxima vez!

Louis Frankenberg,CFP®  26-06-2012

Blog; seufuturofinanceiro.blogspot.com




   























      










sexta-feira, 8 de junho de 2012

Como é que vocês conseguem sobreviver na confusão que é o atual mundo das finanças?



(e não me considero responsável pelas ações que adotarem após a leitura do meu blog )

Louis Frankenberg,CFP®  08-06-2012

Por e-mail, telefone ou pessoalmente estou sempre sendo indagado o que clientes  e amigos  deveriam fazer para sobreviver  nestas constantes e irritantes alterações da economia em nosso país e alhures e, em especial em relação as suas próprias reservas cuidadosa e trabalhosamente  acumuladas por anos a fio.
São questões realmente muito difíceis de responder com honestidade, justamente por terem tantas incógnitas em sua resolução e essas ainda sem terem a garantia de serem acertadas!
Entre outras, temos de levar em consideração; inflação, tributos, o mundo ao nosso redor, mas sobressaindo os enormes interesses macro econômicos e egoístas de nossos dirigentes que, absolutamente não se importam com a batalha diária que nós, cidadãos comuns, travamos para sobreviver e tentando conquistar uma vida mais confortável.  
Os dias atuais, de fato, são de endoidecer qualquer mortal e não me admiro que vocês estejam confusos  e sem saber como agir para defender seus interesses.
Devo confessar que participo desta angústia geral com a diferença de que  estou mais acostumado com esta gangorra constante e sem rumo de nossa própria economia, ao contrário de ser bem conduzida para o progresso do país, que deveria ser o caminho a ser seguido por nossos  amados dirigentes.  
Eu incorporei à minha vida  e meus hábitos  há muitos anos  uma estrofe do imortal  poeta,  Rudyard Kipling que diz;  
“Tente manter a calma quando todos  ao seu redor  já a perderam.”
Ajuda a encarar   filosoficamente nossa vida, mas evidentemente não  soluciona  tudo. Quem sabe vocês também queiram adotar  esta estrofe, pois ajuda a encarar melhor nossos infortúnios.
Um conselho que ouvi faz muitos anos e que também incorporei à minha bagagem  comportamental é de que se por exemplo houver um grande tumulto em um estádio, fique quieto e sentadinho na longínqua arquibancada, portanto não se levante e corra como a restante da multidão!
Tenho agido da mesma maneira com minhas finanças pessoais, pois nestes longos anos, presenciei inúmeras crises financeiras aqui e pelo mundo afora.  
Considero-me um típico personagem com perfil conservador e aconselho a quem quiser me ouvir, a jamais agir impensadamente no calor dos acontecimentos, pois na maioria das vezes a gente   se precipita nessas ocasiões, arrependendo-se amargamente depois.
No blog imediatamente  anterior a este revelei a vocês que sou  o cara que vai sempre na direção oposta  na qual a maioria das pessoas se precipita quando se aproxima  alguma crise.
Essa atitude da multidão (como o caso do estádio acima relatado) é chamada de “comportamento de manada” (basta relembrarem-se dos touros correndo como doidos por uma rua estreita de qualquer vilarejo da Espanha e alguns idiotas  corajosos ou exibidos denominados de seres racionais, correndo na frente das bestas enraivecidas).
Como nunca  invisto visando o curto prazo e tenho objetivos bem definidos para minha vida pessoal e familiar, geralmente aguardo algum tempo, (podendo ser dias, semanas, meses ou até anos)  até  tomar a decisão de colocar meus  soldadinhos ( sinônimo de dinheirinho) na batalha previamente considerado como sendo  a melhor alternativa para o meu patrimônio e segurança.
Outro aspecto que considero vital para a construção de um acervo equilibrado é existir uma razoável diversificação de investimentos, significando possuir ações ou fundo de ações, alguns títulos  de renda fixa e, inclusive para quem está no  começo da acumulação de reservas, a sempre boa e sobrevivente poupança, agora estupidamente mutilada por  dirigentes que não se dão de conta qual o erro que estão cometendo em um país onde a poupança  já não é  muito considerada.
Prefiro agora não falar dos fundos imobiliários, cujo tema vou abordar algum dia em separado.
É claro que as constantes mudanças das regras do jogo por  parte do Governo, em muito interfere no raciocínio da gente, como aconteceu recentemente com a poupança, mas elas ainda são diminutas considerando-se as demais vantagens que a poupança ainda continua a oferecer; liquidez, garantia até R$ 70 mil e rendimento pingado mensalmente em nossas  contas bancárias.
Para quem acredita que o Governo irá sempre cumprir com o prometido, os Títulos do Tesouro, em suas diversas modalidades, são alternativamente uma opção interessante para uma parcela de nosso patrimônio.
O que me incomoda e dificulta na decisão de finalmente investir  nos mesmos é o enorme e cada vez maior endividamento interno do país que eles (adivinhem quem são eles ?) escondem o quanto podem, mas que já deve estar pertinho dos 2 trilhões de Reais!  Esse enorme montante, não sei porque, me dá um calafrios na espinha e me faz lembrar  a situação atual de alguns países que não sabem como sair do dilema, inclusive o nosso em um passado não tão distante!
Sabendo-se  que a maior parte de nosso  endividamento interno através desses Títulos do Tesouro são para pagar salários e outras vantagens absurdas, para  uma parcela relativamente  pequena de pessoas, não desejo futuramente ser considerado conivente em ter  aconselhado os mesmos. 
Reconheço que muitos dos meus colegas planejadores financeiros, economistas, gerentes de relacionamento e outros conselheiros  têm feito a apologia e endeusamento desses papeis.  Francamente, tenho receio de que em algum momento futuro  algum de nossos sabidos líderes (com letra minúscula) possa dizer “devo, não nego, mas não pago”. E aí como ficamos? Volta e meia ainda ouço e sinto os reflexos do dia em que  em Collor seqüestrou nossas poupanças. Faz tempo mas ninguém esqueceu!
Posso ser considerado meio pancada por vocês, mas nesta minha  cabeça  confusa, volta e meia passa o seguinte raciocínio;
quando o endividamento  em dólares e outras moedas fortes  de nosso país  ainda atingia centenas de bilhões, o nosso  governo de então tinha enorme receio que outros governos e banqueiros atingidos fariam muitíssima  pressão para pagar direitinho esta  grana em suas respectivas datas de vencimento previamente conveniadas.
Tinham medo das conseqüências políticas e econômicas decorrentes de um “não pago” e por isso se empenharam  tanto em diminuir gradativamente aquele imenso montante. Tudo isto aconteceu no passado, pois agora já temos algumas centenas de bilhões em moeda forte, provavelmente rendendo muito pouco ou  quase nada.
Agora eu penso com meus  botões; quem há se importar lá fora conosco, caso o atual  ou futuros governos deixarem de pagar os juros ou até mesmo o principal aos fundos de pensão estatais e privados, às seguradoras, aos fundos de todos os tipos e tamanhos dos bancos privados e estatais pertencentes a todas as pessoas físicas e jurídicas que investiram suas reservas no Tesouro Direto?
Existe total e absoluta diferença entre a pressão diplomática e econômica externa  exercida por outros governos e aquela da nossa calada sociedade civil que não tem nenhuma influência sobre alguma decisão desse quilate...
Coitados dos depositantes que direta ou indiretamente investiram em títulos do Governo. Eles, nossos dirigentes não alterariam nenhuma vírgula de qualquer decreto que  sinalizasse o  seqüestro  de parte ou   totalidade de nossas poupanças ou então caso tomassem outra medida que prolongasse o prazo dos vencimentos por alguns ou muitos anos a mais...
Gente para mim, o susto ocasionado por Collor continua presente, novamente revivido não faz muito tempo na  vizinha  Argentina e que provavelmente será adota pela Grécia.( e quem sabe outros países da Europa).
Entenderam minha preocupação?
Pessoalmente, por enquanto, continuo preferindo que algum dos grupos financeiros sérios, graças a Deus ainda existente em nosso país, seja o responsável  principal pelo pagamento no vencimento  de algum CDB. 
 É exatamente  por esta mesma razão  que normalmente não tenho  indicado  fundos de investimento de renda fixa para meus clientes que, sabidamente  também estão recheados até o gargalo com inúmeros  títulos  governamentais...
Gente, não me levem a mal por ter estragado o prazer  do fim de semana (e ilusão) de vocês e por favor,  não me acusem  mais tarde de que fui eu que os levei para alguma estrada esburacada em que os pneus do seu carro estouraram.    
Não desejo ter qualquer responsabilidade por tudo que escrevi acima. São apenas opiniões de um simples, desconhecido, porém sincero planejador financeiro pessoal.
Até a próxima vez e um forte abraço.
Louis

Louis Frankenberg  08-06-2012
Blog; seufuturofinanceiro.blogspot.com

Nota
Sou imensamente  grato ao  Google Analytics que criou uma  completa pesquisa diária e  gratuita a respeito de vocês,  sem revelar quem são e onde vivem. Minha gratidão também   aos 38, 96% dos leitores que há tempos  me  lêem.  Orgulho maior tenho porque 20,54% de vocês visitaram meu blog desde o início há mais de dois anos, mais de 9 vezes e alguns chegando até a 100 vezes!  Caso desejarem se comunicar comigo, receberão alguma resposta. Vocês são  os responsáveis por minha  persistência e tempo despendido  em trazer-lhes meus pensamentos. Obrigado ! Louis