Louis Frankenberg,CFP® 28-11-2011
Estimados leitores do meu blog,
O fim do ano se aproxima aceleradamente e este planejador financeiro, sempre rebelde e jamais se conformando com a teoria determinista que afirma que o destino de cada um já estava traçado antecipadamente, não quer deixar passar esta ocasião para abordar alguns temas que podem mudar completamente a direção de sua vida desde que você se auto presenteia neste período de pré festas com alguns minutos para meditar profundamente sobre seus objetivos e metas futuras e apropriada avaliação dos dizeres desta crônica. Garanto que valerá a pena!
Possuo discernimento suficiente para saber que cada um de vocês precisa descobrir a própria vocação e possuir imensa vontade e outro tanto de determinação para enfrentar com garra os obstáculos que invariavelmente ainda surgir-lhe-ão pela frente.
Se vocês se identificam com alguns dos temas que vou abordar, continuem lendo.
Humildemente confesso que eu também passei por tudo que vocês eventualmente estão passando e sei quão difícil é hoje em dia alcançar o arco íris da auto satisfação, do prazer em ter alcançado tudo que a gente almeja na vida e finalmente poder afirmar que se é uma pessoa feliz.
Esta satisfação dificilmente é alcançada sem sacrifícios e provavelmente incluirá igualmente recuos e derrotas. Faz parte da batalha da vida. Não esmoreçam!
Inúmeras vezes saliento em meus blogs e o faço novamente agora que, em nossas atribuladas vidas em sociedade, devemos depender o menos possível de outrem.
Nossos próprios valores devidamente avaliados, ainda são melhores que os de outras pessoas que apenas conhecemos superficialmente.
Para não sucumbir aos cantos de sereia e algumas vezes disfarçadas de duvidosas intenções de terceiros que desejam nos forçar ou mesmo impor algo material ou mesmo subjetivo, precisamos estar absolutamente seguros do que queremos e termos nossas próprias prioridades bem estabelecidas.
Isto posto, convido vocês a pensar um pouco a respeito dos juros e outros perigos que muitas vezes estão embutidos ou disfarçados em tantas coisas que almejamos possuir ou alcançar. Nem sempre o que vemos escrito na imprensa ou falado na televisão (e também na Internet) é verdadeiro e nos serve como exemplo e parâmetro comparativo. Existem muitos temas que são plantados propositadamente e têm algum objetivo oculto.
- Em um estudo recente do Banco Mundial, nosso país foi classificado em 1º lugar em razão da taxa de juros das mais elevadas dentre todos os mercados financeiros mundiais. Este fato seria alvissareiro se a totalidade de nosso povo tivesse dinheiro suficiente para acumular boas reservas para os dias chuvosos. Não é o caso. Somente alguns segmentos de alta renda de entre as classes A e B tem cacife para investir, o resto da população é devedora permanentemente ou então se encontra mais ou menos inadimplente. Pessoas inadimplentes ou muito endividadas não tem liberdade, dependem sempre da boa vontade de outras pessoas ou instituições financeiras. Enfim são escravos e vivem correndo atrás da máquina e apagando incêndios.
- Infelizmente são pouquíssimos os empreendimentos e entidades públicas e privadas em nosso país que têm suficiente vontade e coragem para divulgarem (e protestarem) relativo aos males derivados do endividamento excessivo em que se encontram grandes parcelas da nossa da população. Educá-las para avaliarem melhor os perigos dessa maneira de viver,permanentemente correndo para se equilibrarem nessa delicada corda bamba na qual se encontram e, ainda tentarem melhorar seu nível de vida, continua sendo meu sonho, por enquanto irrealizado. A maioria das empresas de varejo pouco está ligando se o ser humano que se encontra atrás de cada cartão de crédito terá ou não condições de pagar aquilo que adquiriu. O problema é da própria administradora do cartão ou então do cliente é o pensamento predominante entre aqueles que aceitam sem contestação este meio de pa gamento.
Conto-lhes a seguir sem detalhes um episódio que ocorreu comigo para provar meu ponto de vista.
Algum tempo atrás trabalhei por semanas a fio em um plano que chamei de “Liberdade” que tinha o intuito de ajudar a milhões de brasileiros a sair racionalmente do endividamento e o apresentei a lideranças se auto considerando “éticas” e que teriam interesse em educar melhor o grande público, pagar direitinho seus impostos e tantos outros valores que pessoalmente prezo muito.
Nenhuma personalidade daqueles líderes (todos com nomes bem conhecidos nacionalmente) se manifestou nem para pedir algum esclarecimento complementar...
O “Plano Liberdade” continua mofando no meu arquivo...
· No dia 21 de Novembro último a Folha de S.Paulo publicou uma matéria cuja manchete é “Juro do crédito pessoal é 6 vezes o índice Selic” (atualmente 11,5% ao ano).
Trocado em miúdos, o juro que você paga quando vai ao
banco pedir um empréstimo pessoal da pessoa física é 6
vezes maior que o juro que os bancos praticam entre si.
O juro que você recebe na Caderneta de Poupança é de um pouco mais de 6% ao ano...
É óbvio que a maioria da população prefere adquirir um eletrodoméstico ou outro objeto do desejo em vez de estar poupando...
· A mesma matéria da Folha de S.Paulo demonstra com clareza a decomposição dos valores pagos e onde vai parar este mesmo juro que você pagou pelo empréstimo contraído; portanto 12,56% são custos administrativos, 4,08% são impostos compulsórios e outros encargos e 28,74% é por conta da inadimplência das pessoas. Sobram 54,62% de margem bruta de lucro.
A partir desta margem bruta de lucro incidem 21,89% de impostos cobrados diretamente.
Finalmente o lucro líquido dos bancos será de 32,73%.
Quero acreditar que você não é inadimplente, mas vai pagar pelas pessoas que são: pois 28,74%irá pagar de qualquer maneira. Muito engraçado, não acham? Pois eu não acho!
A verdade portanto é que o próprio Governo que deveria lhe proteger (e educar de acordo com o que estabelece nossa Constituição), ganha perto de 25% daquilo que você paga cada vez que faz um empréstimo. Vive portanto da desgraça alheia de um povo que não recebe os devidos esclarecimentos educacionais.
Uma pesquisa semelhante publicada em 24 de Novembro último no Jornal “Valor”,cuja fonte é o próprio Banco Central chega a um lucro líquido um pouco diferente ou seja 27,90% contra 32,73% na matéria da Folha.
Quem está com a razão? Qual a pesquisa mais autêntica? Por que esta discrepância? Em qual das publicações devemos confiar?
· Em Maio de 2011 estive presente na palestra pronunciada pelo Sr. Luiz Rabi, dirigente da Serasa- Experian, empresa essa que controla quem está endividada através dos bancos.
Segundo suas palavras; 26,2% das pessoas estavam então endividadas através do cartão de crédito, 12,7% devido a aquisição de outros bens, 9,0% devido ao cheque especial, 4,6% através do crédito pessoal e 3,6% pela aquisição de veículos.
Recorto e leio quase todas as pesquisas sobre endividamento das pessoas e jamais encontro levantamentos parecidos entre si. Chego à conclusão que estatísticas que não são favoráveis aos patrocinadores, são omitidos. Tudo depende de quem paga a pesquisa...
· A Folha de S. Paulo recém publicou (27/11) uma enquete feita com 425 pessoas moradores de São Paulo Capital que diz que 45% irão gastar igual ao ano passado com presentes de natal, 25% irão gastar mais e 29% irão gastar menos.
Felizmente 73% dessas pessoas disseram que vão pagar à vista suas compras, 24% vão pagar à prazo e 3% ainda não sabiam como iriam pagar suas compras. Tenho minhas dúvidas de que 73% das pessoas irão pagar suas compras à vista.
· Finalmente vou abordar o último tema desta crônica e que me chocou imensamente quando o vi publicado no dia 23 de Novembro último no jornal “Valor”. O título em letras garrafais dizia;
“País só cria vagas de baixa remuneração”.
Comento eu; nosso Governo alardeia que milhões de pessoas saíram da pobreza para agora pertencer à classe média “C”.
De acordo com a CAGED, Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, este ano entre Janeiro e Setembro 140.000 vagas foram eliminadas para pessoas que recebiam até dois salários mínimos mensais.
Na realidade, 1.921.000 novos empregos foram criados, entre 0,5 e 2 salários mínimos.
Pergunto qual o nível de estabilidade têm essas pessoas, provavelmente com pouca ou nenhuma instrução e por quanto tempo terão suas carteiras de trabalho ativas. Caso uma crise menor ou maior atingir nosso país, elas terão seus empregos conservados? Teimo que não.
Mais chocante ainda é o restante da pesquisa da CAGED; em todas as categorias de receitas do trabalho entre ganhos mensais de 2 a 20 salários mínimos, o saldo foi negativo ou seja 107.423 pessoas perderam seus empregos com carteira de trabalho assinado! Justamente aqueles que estão ou já pertenciam à classe média.
Caros amigos leitores, por hoje é só. Meditem a respeito do que escrevi e começam a pensar a respeito de como pretendem ser bem sucedidos na vida e de que maneira podem alcançar o que apenas poucos conseguem. Continuo acreditando que aqueles que não se endividam e pagando elevados juros, e sabem quais são seus próprios limites, terão maiores chances de alcançar o cume da montanha.
Infelizmente não tenho uma resposta válida para cada um de vocês.
Abraço e até a próxima crônica.
Louis Frankenberg,CFP® 28-11-2011
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