segunda-feira, 20 de junho de 2011

...E o Diretor foi demitido

Louis Frankenberg,CFP®

Matéria  original escrito em Setembro de 1994, porém nunca antes publicado.
Em minha própria opinião, muito pouco mudou entre os anos a partir de 1.994 e 2.011.             
Abaixo um relato acompanhado de minha  honesta opinião sobre as relações controvertidas e complexas entre  empresas e funcionários em geral. Esta matéria, porém,  está focada  em  especial   para executivos sabendo-se que vale igualmente aos demais níveis hierárquicos em uma empresa.

A  iniciativa de escrevê-la partiu da minha tentativa  em ajudar  aos primeiros   a mais realisticamente encontrar uma acomodação ou seja  um  modus vivendi  compatível com  as profundas alterações que atualmente estão tendo lugar em nosso  país e no mundo inteiro e a pensarem mais realisticamente a respeito de seus próprios interesses.
Nesses últimos decênios, muitíssimos livros foram escritos e publicados e centenas de seminários e work shops ministrados aos dedicados e fiéis funcionários em geral e executivos de empresas, a respeito das vantagens de aprimorar-se cada vez mais e melhor em suas respectivas funções profissionais, para satisfazer às exigências   de qualidade, eficiência e  produtividade das exigentes empresas nacionais e multinacionais.

O funcionário e executivo obediente e submisso, que tenha assimilado estes ensinamentos e, colocado em prática todos estes conhecimentos em prol da empresa ao qual esteja servindo, pode considerar-se   robôtizado, digno de  qualquer linha de produção industrial, mas deveria saber que também vale para a acumulação de conhecimento para outras empresas para os quais pode vir a trabalhar.  

Até que ponto é verdadeira a reciprocidade na devolução desta absoluta  fidelidade e dedicação por  parte da empresa a este funcionário ou executivo? E por que estas minhas indagações  com conotações tão duras e até mesma sarcásticas?    

Porque elas estão sintonizadas com as profundas transformações havidas no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Muitas empresas, sem o mínimo de remorso  ceifaram milhares de cabeças de funcionários subalternos e executivos continuamente.

Inúmeras dessas empresas eliminaram em até 60% seus níveis hierárquicos. Downsizing  era o grito de guerra há alguns anos, corte que teria feito inveja até ao célebre Robespierre da Revolução Francesa. Milhares de funcionários e executivos perderam seus empregos, de um dia para o outro! E  todos deveriam saber que novas crises com novas demissões certamente virão no futuro.

A busca frenética de uma nova empresa, onde novamente deveriam provar suas qualidades e tentar conquistar um lugar ao sol, não era tarefa das mais fáceis, pois o mercado encolheu como um todo e apenas uma parcela bem mais minguada teve a sorte de encontrar o aconchego de uma nova colocação a contento.

(Atualmente estamos num hiato, no qual a empregabilidade está em alta, mas que pode ser revertida como já aconteceu tantas vezes no passado. A essência da minha tese, por isso,  continua  muito válida).    

Pode-se imaginar o choque radical infligido àqueles dedicados e ingênuos executivos, acostumados eles próprios no passado em suas empresas, a tomarem as decisões frias e calculistas de quem seria o próximo demitido.

Com a experiência profissional acumulada devida a atuação em diversas posições de liderança, aqueles mesmos executivos e demais funcionários subalternos deveriam ter aprendido a grande lição de vida de  que existe muita semelhança entre o planejamento financeiro de uma empresa e o  planejamento de suas vidas pessoais. Destaca-se de que jamais deveriam ter permitido serem  usados como reféns em suas atuais empresas, sem terem outra  alternativa “B”na algibeira.

Nas empresas onde atuavam sempre teriam tido o cuidado para que não faltasse o indispensável “capital de giro” e nos respectivos balanços   constariam   reservas de contingência suficientes, enfim, teriam sempre   boas reservas  financeiras para poder enfrentar imprevistos, sejam quais fossem.

Por que então este contingente de funcionários subalternos e executivos não pensaram em iniciar um programa sério na criação de suas próprias reservas para  os imprevistos da vida e para a  aposentadoria além do FGTS?

A resposta a esta questão reside, infelizmente, na visão de prazo curto que a maioria ainda cultiva.  

Por incrível que pareça tanto executivos como  seus subalternos ainda conservam a arcaica imagem do “Estado” salvador e protetor. É tão mais cômodo acreditar que o atual emprego é permanente, que a pensão do INSS será novamente  de 20 salários mínimos como já foi em um passado distante, e que algum futuro empregador irá ajudá-los com algum  plano complementar de aposentadoria, que somado  ao do INSS lhes garanta valor igual ao último salário da ativa integralmente. Será que alguns destes funcionários e executivos  imaginam e acreditam que no ano 2011 ainda existe Papai Noel?

E enquanto aqueles em início de carreira,  chefes e gerentes, ainda são jovens, vigorosos e saudáveis,   e portanto têm a oportunidade de guardar mensalmente alguma  pequena parcela de seu salário, ao contrário, gastam-no integralmente em  coisas prescindíveis e,  muitas vezes também  totalmente desnecessárias!

A  experiência  que acumulei como Planejador Financeiro me ensinou que INSS e Plano Complementar de Aposentadoria não são suficientes para garantir um porvir futuro mais tranqüilo.

Eis  um resumo de história publicada na revista “Veja” em 9.12.92, (nada mudou desde então, pois leio em revistas e jornais que o mesmo está acontecendo agora mesmo no ano de 2011 nos Estados Unidos, repito Estados Unidos!)  o que exemplifica  a mínima margem de manobra que a maioria dos executivos tem e que não lhes  permite cometer qualquer erro, sem correr o risco  de incorrer  lamentos futuros.

 “A.M.J., 36 anos, administrador de empresas, pós graduado, 28 cursos de especialização, 17 anos de experiência profissional. Recentemente vendeu o Veraneio 89, o Parati 90 e o seu telefone. Mudou-se para a casa do pai. Transferiu os três filhos da escola particular para outra pública.Agora possui um Chevette 83 e ganha o equivalente a 600 dólares mensais, negociando automóveis usados.”

A  matéria original de 1994 é bem mais longa, mas hoje fico por aqui. Abraço, Louis 
Louis Frankenberg,CFP®

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Amigo profissional e amigo para sempre


Max Gehringer é um profissional conhecido de muitos, tem  inclusive um programa na Rádio C.B.N.
Ele também escreveu o prefácio do meu livro Sucesso e Independência, lançado pela Editora Elsevier  no final do ano 2.007.
Max conseguiu resumir perfeitamente as diferenças existentes entre ter amigos profissionais e amigos para sempre. Abaixo transcrevo dentro do meu Blog, na seção “Sabedoria de vida”  o que considero como sendo  uma pérola. Também repito a crônica do Max, para  que os  jovens  possam refletir profundamente a respeito do seguinte; porque  eles (e elas também) imaginam que “Networking” irá lhes dar o tão sonhado destaque profissional, social e financeiro?
DEFINIÇÃO DE NETWORKING
Max Gehringer    
Existem cinco estágios em uma carreira;
O primeiro estágio é aquele em que um funcionário precisa usar crachá porque quase ninguém na empresa sabe o nome dele.
No segundo estágio, o funcionário começa a ficar conhecido dentro da empresa e seu sobrenome passa a ser o nome do departamento em que trabalha... Por exemplo, "José" de contas a pagar.
No terceiro estágio, o funcionário passa a ser conhecido fora da empresa e o nome da empresa se transforma em sobrenome, José da Usina tal. 
No quarto estágio, é acrescentado um título hierárquico ao nome dele: José, Gerente da Usina tal.
Finalmente, no quinto estágio, vem a distinção definitiva. Pessoas que mal conhecem o José passam a se referir a ele como 'o meu amigo José, Gerente da usina tal'. Esse é o momento em que uma pessoa se torna, mesmo contra sua vontade, em ‘amigo profissional'.
Existem algumas diferenças entre um amigo que é amigo e um amigo profissional: Amigos que são amigos trocam sentimentos. Amigos profissionais trocam cartões de visita. Uma amizade dura para sempre. Uma amizade profissional é uma relação de curto prazo e dura apenas enquanto um estiver sendo útil ao outro. Amigos de verdade perguntam se podem ajudar. Amigos profissionais solicitam favores. Amigos de verdade estão no coração.
Amigos profissionais estão em uma planilha. É bom ter uma penca de amigos profissionais. É isso que, hoje, chamamos networking, um círculo de relacionamentos puramente profissional. Mas é bom não confundir uma coisa com a outra. Amigos profissionais são necessários. Amigos de verdade, indispensáveis. Imagine você um dia descobrir que tinha bem mais amigos do seu cargo do que da sua pessoa! Algum dia (e esse dia chega rápido), os únicos amigos com quem poderemos contar serão aqueles poucos que fizemos quando amizade era coisa de amadores. Por isso preservem as amizades verdadeiras porque os amigos da tua posição desaparecerão, os amigos da sua pessoa permanecerão do teu lado. "No mundo sempre existirão pessoas que vão te amar pelo que você é, e outras que vão te odiar pelo mesmo motivo. 
Acostume-se... " 
Max Gehringer

Louis Frankenberg,CFP®   15-6-2011



quarta-feira, 1 de junho de 2011

A maior diferença entre Nações endividadas e Famílias endividadas

Louis Frankenberg,CFP®

Nações endividadas
Até os dias atuais continua repercutindo a crise financeira que afetou  profundamente até as mais  ricas  nações do globo. O abalo ocorreu há  aproximadamente  três  anos  e nenhum economista até hoje se arrisca a dizer em voz alta o que ainda possa ocorrer...
É conclusão quase unânime que os desequilíbrios existentes ainda não foram eliminados. Prova maior  encontra-se em países como Grécia, Irlanda e Portugal que,  presentemente lutam para pagar seus compromissos financeiros e endividamentos públicos e privados que, gradativamente foram sendo acumulados nestes últimos anos.       
O período pós 2ª guerra mundial, com certeza produziu sociedades e populações ricas, altamente produtivas e eficientes, porém  igualmente  desperdiçadoras e extremamente consumistas.
Em minha modesta opinião, mesmo Governos e Bancos Centrais de países ditos desenvolvidos  não têm   coragem política suficiente para  adotar políticas que evitem  que  suas moedas  aos poucos percam o valor aquisitivo  ou então que suas reservas    financeiras  não diminuam perigosamente.
Encontrar o equilíbrio estável em  época como a atual na qual empresas tradicionalmente sólidas repentinamente passam a se desequilibrar financeiramente e  ainda outras novas  que se destacam  em razão das  avançadas tecnologias,  são apenas alguns dos efeitos que mudam  situações econômica financeiras  de diversas nações rapidamente.
Na União Européia, o Euro, há mais de um decênio a moeda comum  de quase todo o continente, até arrasta consigo os países mais conservadores como por exemplo Alemanha e Holanda, que tem  governanças mais austeras, auto controlando-se e não permitindo que nem o próprio Estado nem suas populações ultrapassem certos limites de extravagância. 
Imensas diferenças culturais se fazem  sentir quando se compara alguns desses países da zona do Euro entre si, uns vivendo mais comedidos, outros mais desperdiçadoras e menos ortodoxos, analisados sob um ponto de vista apenas financeiro. 
O custo exigido para corrigir essas distorções orçamentárias costuma sempre ser muito alto e  os diversos segmentos da população mais duramente atingida pelas tentativas de introdução de medidas de austeridade, normalmente  não quer de nenhuma maneira saber de diminuir privilégios previamente  conquistados.
As conseqüências são greves, manifestações de rua, desemprego, diminuição de salário,  exigências  por parte de governos de aumento da idade da aposentadoria e outras medidas de austeridade, como neste momento estão acontecendo na França, Grécia e Portugal.
Vocês se lembram da fábula de Aesopo da Cigarra e da Formiga? Pois é perfeitamente possível comparar Nações mais austeras e controladores  com outras menos convencionais e  mais liberais de acordo com aquela fábula.
Quando, entretanto, uma Nação perde o rumo financeiro e se encontra a beira do abismo, geralmente existe um Fundo Monetário Internacional ou um Banco Mundial através da qual é obtida  alguma forma de acordo para  salvar a ovelha  negra  perdida.
Reuniões de Chefes de Estado e Ministros das Finanças são urgentemente organizadas e empréstimos são rapidamente concedidos a taxas de juros privilegiadas e prazos  bastante convenientes.
Pronto, a ovelha perdida é salva dos lobos ( mas não necessariamente de seus maus hábitos). 
Os elevados custos desta operação de salvamento é dividido entre todas as  outras Nações que,  indiretamente teriam bem maior prejuízo, caso a ovelha desobediente não fosse recuperada...
Convenientemente chamamos a este tipo de operação de “Supremos Interesses de Estado”.
Famílias endividadas
Mas onde nesta história entra  então o indivíduo ou mesmo uma  família inteira? 
Ora, a resposta é muito simples e geralmente  sou eu transformado momentaneamente    em médico financeiro da família que tem dado os avisos prévios do eminente perigo enfrentado pelas pessoas, quando estes se  endividam demasiadamente e  também   sou eu  que acabo muitas vezes propondo  soluções quando o caldo já entornou.
Desejo comparar o indivíduo ou então uma família inteira às Nações, pois  estes últimos também gradativamente se endividam além de suas possibilidades  e, às vezes, em  níveis até mais angustiantes,  quando então  podem chegar até a inadimplência ou completa insolvência.  
Querem saber quais são as principais causas? Posso resumir algumas delas;     
·        Crédito concedido com demasiada liberalidade por bancos, administradoras de cartões, grupos imobiliários, concessionários de automóveis, comerciantes etc. 
·        Vontade por parte de uma pessoa em possuir todos os objetos do desejo em pouco tempo ou de uma só vez.
·        Falta de controle eficiente de uma pessoa ou família sobre os limites de suas receitas e o próprio orçamento doméstico.
·        Inexistência de  uma razoável reserva financeira acumulada para os dias de chuva e  as intempéries, isto é  os tais de imprevistos que a todos acontecem.
·        Filhos a quem nada se nega e que são demasiadamente mimados ( tornando-se igualmente excelentes consumistas) e que por esta mesma razão  jamais vão estar preparados para enfrentar situações adversas em suas vidas.
·        Ocorrências como doenças, perda de emprego, acidentes  etc.
 
Caros amigos, acabamos de chegar na  principal diferença existente entre Nações e Indivíduos ou Famílias. Enquanto as primeiras serão socorridas rapidamente, nós, míseros plebeus sem importância e descartáveis, geralmente vamos ser jogados aos leões ou passar por períodos muito ruins, pois provavelmente  nenhuma fada madrinha irá surgir  com interesse  suficiente em  nos ajudar a sair da arapuca em que  nós mesmos nos metemos.
Admita! Você em uma dessas situações  estará  completamente sozinho(a) para resolver seu doloroso dilema  de como se salvar da catástrofe.
E  caso você  não acredita neste humilde planejador financeiro, dê uma espiada nos jornais,  cartórios de protesto e órgãos de defesa do consumidor que contam tristes histórias acontecidas....
Lamentavelmente, o Brasil dos dias atuais foi transformado em um imenso caldeirão transbordando de controvertidos  e desleais interesses de todas as matizes  e formatos tais como; 
·        O Governo (Município, Estado e Federação) esfomeado e ganancioso desejando arrecadar cada mês mais tributos acima dos atuais 37% do PIB e oferecendo em troca cada vez menos segurança, saúde e educação aos seus cidadãos.
·        O comércio também que só pensa em faturar  cada vez mais para ter capacidade de  enfrentar a imensa, incontrolável e cada vez maior burocracia administrativa existente e  ainda  ter de pagar as montanhas de tributos  que também lhe são impostos. ( ver  no meu blog a matéria “O imposto que nos é imposto” de 01/07/2010)
·        As vorazes administradoras de cartões de crédito e bancos que gostariam que você   usasse    pelo menos uma dúzia desses perigosos plásticos oferecidos em todas as cores do arco íris e cujos dirigentes rezam para que você  não salde suas aquisições dentro do prazo de vencimento de 30 dias, mas sim pague os elevados juros. 
·        Os bancos e seus gerentes de relacionamento  que  gostariam imensamente que você não usasse apenas sua conta corrente para pagar as despesas, mas investisse seu salário inteirinho  para adquirir  seus sofisticados produtos financeiros e permanecesse com os mesmos por longos períodos.
·        Sua namorada(o), companheira(o) ou  mulher/marido  que o tempo todo tenta lhe convencer para  passarem as próximas férias em algum lugar paradisíaco  e que certamente irá lhe custar  os olhos da cara e  mais outro endividamento bastante elevado.
·        O nosso eterno INSS, Instituto Nacional de Seguro Social,  credor de todo trabalhador ativo no país adoraria  que  fosse ampliado  obrigatoriamente a idade em  que em que precisa lhe devolver o que você   pagou durante a vida toda. Você ao contrário, gostaria de se aposentar o mais cedo possível, sonho que cada vez se torna mais distante.
·        Seus filhos insistentes e persistentes  para que você lhes desse todos os joguinhos eletrônicos existentes e ainda aqueles a serem lançados, fora celulares e outros brinquedinhos eletrônicos.
·        O enorme interesse das montadoras e vendedores  que vendem esses cobiçados e luxuosos carros, com todos os penduricalhos possíveis e que fazem um marketing agressivo  para que você adquira esses monstrinhos devoradores de grande parcela de seu salário.
E ao finalizar de enunciar todos estes empecilhos para que você  possa ser mais feliz, (será que vai se tornar mesmo?) é  óbvio de que você seja um candidato ideal  para passar dos limites de seu orçamento e tornar-se mais um dos milhares  (ou já serão milhões) de inadimplentes deste nosso imenso país.
Mas, você se esqueceu de que ninguém, ninguém mesmo vai  lhe tirar da sinuca em que se meteu,  quando é confrontado  com todas  essas  tentações que  acabei de apontar.
Imagino que você não tem nenhum FMI ou Banco Mundial atrás de si e que possa lhe salvar.
Amigão e amigona, convençam-se de que vocês estão sozinhos(as) no mundo!
O melhor que podem fazer é agora mesmo dar-se conta de que são apenas   micro organismos, sem qualquer interesse  maior para os poderosos que dominam o mundo.
Aprendam, portanto a  não querer tudo ao mesmo tempo. Vão devagar e com cuidado que vocês chegam lá com mais segurança e acabando por serem mais felizes.
Palavra de alguém que sabe do que está falando.
Abraço,
Louis Frankenberg  - S. Paulo 01-06-2011