quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Palpites genéricos para acertarmos mais vezes ou errarmos menos vezes na escolha de novos negócios e/ou investimentos.


Deliberadamente escolhi a palavra “palpites” em vez de “conselhos” ao dar o título para essa matéria.
Não desejo esconder de você, caro leitor que também já fui vítima de escolhas erradas.  
Somos todos, indistintamente, de vez em quando vítimas de erros de julgamento em nossa avaliação de pessoas, empresas ou negócios, mal conhecendo os mistérios da vida e do futuro.
O maior segredo está em tentarmos minimizar esses erros e de que os mesmos não nos causem estragos demasiadamente grandes ou mesmo irreversíveis aos nossos bolsos.
Acredito que possamos caracterizar os erros cometidos em quatro grandes categorias.
Como esta coluna é apenas  um mero ensaio e não pretendendo ser um tratado definitivo, vou me ater a apenas alguns aspectos, provavelmente existindo inúmeros outros.
(seus comentários pertinentes e inteligentes serão sempre bem vindos).

  • Erros de avaliação em relação às pessoas com quem fazemos negócios.
  • Erros de avaliação dos negócios em  si.
  • Erros conjunturais causados pela intervenção do Estado e as eternas mudanças de leis.  
  • Erros ocasionados devido nossa própria personalidade, caráter etc.  

Dados os anos em que trabalho como planejador financeiro, permito-me predizer que em nossas vidas, acabamos cometendo alguns poucos ou inúmeros erros de julgamento em relação às pessoas e negócios. Erros são inevitáveis, já que  não somos deuses onipotentes, nem seres clarividentes.
O supremo segredo do sucesso ou fracasso no mundo dos negócios e dos investimentos é unicamente expressado pela quantidade de nossas vitórias   serem  maiores que  a quantidade de  nossas derrotas! É claro que o montante dos valores envolvidos nas vitórias ou derrotas também deve ser levado em consideração.
Vamos aos fatos e deixar a filosofia, que não nos leva a nada, de fora!

Negócios e investimentos de vulto
Não os faça sem um aprofundado estudo, sob todos os aspectos e, ao contrário da atual era das comunicações virtuais e pela Internet, faça questão de conhecer pessoalmente os personagens envolvidos.
Idoneidade, honestidade, transparência e ética dificilmente são passíveis de serem detectadas  através de bits e à distância.
O olho no olho, mesmo nos dias atuais, continua sendo um componente fundamental para um julgamento  com mais probabilidades de ser acertado.

Dividir e diversificar
Ao iniciar o acumulo de reservas, não é racional diversificar demais os investimentos. É sempre preferível poupar com segurança. A medida que aumentarmos nossas reservas financeiras, é bom ampliar gradativamente as diversas  maneiras e formas.   
Aos poucos aumentar a parcela em investimentos de maior risco (por exemplo mercado acionário  ou fundo de ações) mas nunca ultrapassar 25 a 30% é uma medida racional e saudável para a maioria de nós.
É bom relembrar que a partir de certa idade, é difícil recuperar uma grande perda, especialmente quando a idade da aposentadoria  já está  mais próxima.

Negócios societários
Resguarde-se sempre de pessoas bem falantes, oferecendo negócios mirabolantes. As estatísticas de negócios que deram errados estão aí mesmo, e que  amplamente comprovam o que acabo de dizer.
Para entrar em sociedade com alguém, conheça o futuro parceiro por muitos anos e em diferentes ambientes e circunstâncias. Não é a toa que existe o provérbio “negócios, negócios, amizade aparte”. E já que falamos deste tema mais outro adágio;
se não queres perder um amigo, não faça negócios com ele”.
Antes de iniciar qualquer empreendimento, estude-o teoricamente e na maior profundidade possível e, verifique como  seus futuros concorrentes   o  conduzem. Vá falar com eles e tente tomar conhecimento dos aspectos positivos e negativos!  Não que este fato seja de capital importância, pois um mesmo negócio pode ser conduzido brilhantemente por uns, e desastrosamente por outros. Como disse um  dos maiores executivos norte americano e a maiorias dos deles hoje em dia repetem: “everything is management”!

Negócio próprio
Desculpem a crueldade do que vou dizer, mas ela é a absoluta realidade que, comprovei pessoalmente  em função dos   meus muitos anos de consultoria de planejamento  e assessoria financeira.
“Uns nasceram para serem cacique e outros para serem índios.”
Por essa razão, você amigo leitor, terá de fazer uma humilde constatação de seu próprio caráter e personalidade, virtudes e defeitos; se é feito do tecido “tipo cacique” ou do tecido “tipo índio” antes de se aventurar.
Este mesmo tema irei aprofundar  em algum  blog futuramente.

Tenha  essa certeza; você perderá dinheiro em algum futuro negócio
Na introdução confessei que também já perdi dinheiro.E não estou sozinho.     Acompanha-me toda a clientela que conquistei nestes  anos todos.
Não vá se fiar nas belas e mentirosas estatísticas que provam que baseado numa taxa de “X % ao Mês ou Ano” você terá “Y Reais” em “Z Anos”.
Algumas das razões para toda essa fábula de dinheiro e lucratividade não se realizarem  são inúmeras, entre elas;
1) banco, fundo ou negócio quebrou e você ficou a ver navios...
2) Governo mudou subitamente  as regras do jogo. 
3) A inflação corroeu 80% do dinheiro que você acumulou pelos anos afora.  
4) O Imposto de Renda (ou outro tributo qualquer) aumentou estupidamente a alíquota que incide sobre seu, capital, rendimento ou lucro.
    
5) Seu negócio subitamente se tornou obsoleto e você nem percebeu
6) Entrou um concorrente com muito mais capital (cacife) que o seu e lhe
    roubou a clientela.
    7) Surgiu um novo Collor.
    Posso continuar, mas prefiro encerrar por enquanto por aqui mesmo.  

Nota; este é o meu último blog do ano. Você, eventualmente poderá me acompanhar em rápidas intervenções que eu julgar oportunas, lá do outro lado do mundo. Espero  reencontrá-los no ano que vem. Tenham o melhor Natal de suas vidas e um próspero ano de 2011, é o que sinceramente lhes desejo!

Louis Frankenberg,CFP® - 1º de dezembro de 2010





  













  

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Você também é um ingênuo e incauto investidor brasileiro?

Instituições Financeiras, como bancos comerciais e de investimento, corretoras de valores, financeiras, entidades de previdência, seguradoras etc, com o fortalecimento gradativo da nossa moeda, tornaram-se importantes depositários das nossas poupanças e reservas que precisamos criar para a aposentadoria e tantas outras finalidades.
Infelizmente, apesar dos controles exercidos por organismos de fiscalização, tais como CVM, Banco Central, SUSEP e outras entidades, algumas das empresas financeiras autorizadas oficialmente para funcionaremem nosso país, de vez em quando, continuam iludindo (no país do futebol melhor dito, driblando) a população e as próprias autoridades encarregadas de fiscalizá-las.
No momento atual, uma das mais conhecidas financeiras do grande público está sendo investigada por ter sido descoberta com um gigantesco rombo em sua contabilidade ( que ainda não está muito bem esclarecido ou talvez deliberadamente abafado).
De memória posso citar dezenas e dezenas de outras empresas do ramo financeiro que desfilaram em épocas passadas pela mídia com maravilhosos anúncios de seus produtos, serviços e rentabilidadese, vantagens etc para posteriormente serem citadas novamente, desta vez nas páginas policiais...
Como tantos outros jovens esperançosos da minha época, fomos coletivamente iludidos, não uma mas muitas vezes, e por incrível que  possa parecer, até pelo próprio poder público, que emitia dinheiro em  cascata para enfrentar seus enormes déficits, fazendo com que o nosso salário se esfarelasse feito pó em pouquíssimo tempo.
Diga-se de passagem que qualquer semelhança com  deficits governamentais  elevados nos dias atuais é mera coincidência...
Não estou contando nenhuma novidade para quem já viveu suficiente tempo para tudo ter visto, pois o que ocorre  na atualidade é apenas mera repetição de épocas passadas.
Mas não era somente o Governo que desferia (e continua  de vez em quando desferindo) golpes baixos na ingênua e indefesa população.
Golpes também eram dados também por alguns empreendimentos financeiros e não financeiros, que acenavam enganadoramente com lucros que algumas vezes acabavam transformando-se em prejuízo total para aqueles investidores que acreditavam ingênua e cegamente em publicidade que prometia retornos irreais e fantasiosas ou outras vantagens do gênero.
Relembro muito bem episódios em que raras vezes o ludibriado investidor recuperava seu dinheiro, desgraçadamente perdido    em negócios nebulosos que, posteriormente, seriam classificados por verdadeiros falcatruas e arapucas, imaginadas por pessoas inescrupulosas e amorais.
Guardo ainda uma carta com referências nada lisonjeiras, recebida do principal executivo da empresa “Fazendas Reunidas Boi Gordo”*, quando descrevi  negócios como os dele, na minha coluna quinzenal da revista Exame.
Meus comentários na época não foram muito favoráveis, apesar dos primeiros investidores terem ganho algum dinheiro nesses empreendimentos e sempre demonstravam entusiasmo pelos rendimentos fora do comum que haviam obtido.
Eu havia feito um minucioso estudo (que chamaríamos hoje de jornalismo investigativo) a respeito desses empreendimentos e chegado a conclusão de que algo estava muito errado. Meses depois o investimento deixou de existir...
(*Deixou na mão 30.000 investidores e dívidas no valor de R$ 2 bilhões em 2001.)
Hoje em dia a título de "aprendizagem financeiro" me consolo, imaginando que também isso faz parte do processo de crescimento e amadurecimento de cada um dos atuais investidores da Bolsa e tantas outras formas mais ou menos sofisticadas existentes nas prateleiras das instituições financeiras.
Quando jovens somos mais fáceis de sermos iludidos e fazemos questão de acreditar em fadas, futurólogos, pessoas bem falantes e propaganda sutil e bem produzida, mas nem sempre verdadeira.
Quanto mais velhos ficamos (digamos experientes...) nos tornamos, mais céticos e pragmáticos passamos a ser.
Até aprendemos (nem todos aprendem) a evitar a desilusão causada por entidades que deveriam nos proteger contra toda sorte de malandragens e não o fazem e igualmente a nos defender de empresas cujos dirigentes são demasiadamente maliciosos e nos enganam vergonhosamente com suas promessas posteriormente descumpridas...
Indago um milhão de vezes por que existem tantos organismos de controle e fiscalização governamentais, tantas empresas de auditoria, tantas associações de proteção e defesa do consumidor e investidor, tantas empresas de classificação de risco, todas  elas, uma por uma, especializadas em seus respectivos campos de atuação, quando afinal de contas chegamos a conclusão que nenhuma delas consegue se antecipar e revelar publicamente os constantes golpes que são desfechados contra a poupança e investimentos  da sociedade como um todo.
Quando algum desses organismos e empresas acima mencionadas é apontada como demasiadamente complacente e certamente igualmente culpada pelos males causados a tantas pessoas enganadas, sempre inventa alguma desculpa, tentando se esquivar do próprio erro. Também neste momento,  igualmente como de costume, é publicada uma nota em jornal com desmentidos etc.
Não fui eu, nem ninguém” é a letra de uma conhecida canção... e fica por isso mesmo. 
Prometo, caro leitor, em meu próximo e último blog do ano, dar alguns palpites (serão conselhos?) para evitar ou pelo menos diminuir as probabilidades de você entrar em alguma fria, desde que você me promete ser menos ganancioso, estudar com maior afinco cada negócio que aparece na sua frente e não adquire nenhum nova maravilha de investimento apenas porque seu vizinho, familiar ou amigo que é diretor que lhe deu uma “informação  altamente confidencial”.


Louis Frankenberg,CFP® – 23-11-2010
*Permissão para cópia ou divulgação de todo o conteudo e autoria.



Até aqui aqui também, nenhuma novidade.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Você tem alguém a quem possa chamar de mestre?

Talvez você não tenha, mas desde que ouvi falar de WARREN BUFFETT há alguns anos, é ele meu guru, inspirador, mentor, modelo e mestre, pelos ensinamentos transmitidos por um homem com “H” maiúscula, em relação a critérios de atuação que também eu adotei em relação a minha vida e ao planejamento e educação financeira.

A partir deste modesto blog faço o possível para imitá-lo, não em relação a fortuna que acumulou, pois continuo acreditando que dinheiro é apenas um meio para alcançar alguns dos objetivos da vida que impus a mim mesmo.

Tenho a convicção de que cada um de vocês que são meus fieis leitores, tem sonhos e metas de vida diferentes da minha e de Warren Buffet, mas talvez queiram saber quais são elas.

Vou tentar traduzir do inglês alguns dos seus conceitos, guardando-lhes o sentido original. Quem sabe possam servir para vocês mudarem alguns dos seus próprios hábitos ou, quem sabe até vícios e, dessa maneira, queiram igualmente conquistar alguns dos objetivos deste fascinante homem, um dos mais ricos e poderosos deste nosso complexo e às vezes tão injusto planeta.

Eis algumas de suas características, ensinamentos e feitos;

· Há pouco tempo ele doou 31 bilhões de dólares para o fundo que Bill Gates e sua esposa criaram a favor de uma Fundação Beneficente e de Caridade.

· Na terra do capitalismo, comprou suas primeiras ações aos 11 anos de idade.

· Comprou uma pequena granja aos 14 anos de idade com o dinheiro arrecadado como entregador de jornais.

· Vive há 50 anos na cidade de Omaha, Estados Unidos na mesmíssima casa que adquiriu quando casou. Esta simples moradia não tem muros nem cercas.

· Dirige seu próprio carro à toda parte, sem motorista ou seguranças.

· Administra 63 diferentes empresas e apenas uma vez por ano manda um relatório para os acionistas de sua empresa mais conhecida, a Berkshire Hathaway, cujas ações estão entre os de maior valor individual do mundo e no qual comenta quais serão as metas a serem seguidas para os seguintes 365 dias.

Este planejador financeiro faz questão de apregoar aos quatro ventos de que não possui bola de cristal e desconhece portanto o que possa ocorrer a qualquer pessoa, empresa ou país nos próximos 24 horas e não costuma prometer lucros mirabolantes para qualquer investimento nem pré dizer o valor de uma ação com data marcada. Sou apenas um mero seguidor dos princípios e regras de conduta de Warren Buffett, acrescentando algumas palavras aos sábios conselhos do mesmo.

Acredito piamente que é melhor termos nossas próprias finanças razoavelmente em ordem durante os anos que se passam até a nossa morte, em vez de vivenciar apenas alguns e poucos períodos de esplendor e pseudo riqueza para posteriormente ter de depender de filhos ou da caridade de outrem.

Lêem com atenção e tentem seguir alguns dos princípios do meu guru para terem maior probabilidade de sucesso na vida material e espiritual em suas vidas.

Meu próprio conselho; façam a si mesmos uma fundamental pergunta que considero a chave para o sucesso e maior felicidade;

“o que vale mais, ter alguns breves períodos de riqueza relativa ou conforto constante e tranqüilidade financeira, sem grandes preocupações, oscilações e imprevistos?”

Dependendo de suas próprias respostas a esta questão tão vital, ajam de acordo seguindo a orientação e conselhos de Warren Buffet que igualmente é a deste escrivão.

Caros leitores, me perdoem pois confesso humildemente que adicionei algumas poucas sentenças e conceitos ao dito pelo grande Warren Buffett em algumas de suas colocações.

· Duas simples regras regem as diretrizes para a administração de sua maior empresa, a Berkshire Hathaway e que são; nº 1, não perder dinheiro de seus acionistas e nº 2, não esquecer a regra nº 1.

· Ele não venera nem tenta impressionar governos ou a alta e sofisticada sociedade norte americana. Não ostenta, não bajula e procura levar uma vida simples de cidadão comum.

· Não creio que alguns dos meus leitores o queiram imitar (nem eu) no que a seguir vou dizer, mas aí vai outra de Warren Buffett; não andem com celular e nem possuam computador em vosso escritório.

· Este próximo conselho do Buffett é dirigido para nossos jovens e afoitos consumistas que pensam que cartão de crédito é a solução para qualquer problema; afastem-se dos cartões de crédito e invistam em vocês mesmos. Warren Buffett talvez não sabe que a taxa de juros em nossos país, está entre as mais elevadas do mundo e de que também somos dos povos mais inadimplentes, senão daria ainda maior ênfase a este conselho...

· Lembre-se constantemente de que não é o dinheiro que criou o homem, mas ao contrário, o homem foi que criou o dinheiro!

· Não emitam aos outros fazendo o que eles dizem e transmitem, mas façam o que seus próprios cérebros lhes diz ser o mais conveniente ou melhor. Não se tornem bajuladores que isso possa lhes levar a uma baixa auto estima e problemas ainda maiores.

· Não vão atrás de marcas e logotipos da moda, mas sejam autênticos e sintam orgulho de si mesmos.

· Não gastem dinheiro em coisas desnecessárias (supérfluas) mas sim em produtos e serviços que de fato necessitam.

· Não gastem o dinheiro que não tem. Empréstimos e crédito foram inventados pela sociedade de consumo e empresas de marketing especializadas que tentam incentivar artificialmente o consumo.

· Antes de adquirirem algo, pensem; o que acontecerá se não compro? Caso a resposta for “nada”, não o adquiram porque não o necessitam.

· Ao mundo nada trouxemos, nada iremos tampouco levar!

Louis Frankenberg,CFP® 3-11-2010

e-mail; perfinpl@com.br e lframont@gmail.com

Blog; www.seufuturofinanceiro.blogspot.com

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Crônica : Somos todos suscetíveis de sermos enganados

Provavelmente existem mais de um milhão de maneiras de sermos enganados. Sou um felizardo, pois não conheço todas, apesar de já ter sido protagonista de um golpe faz poucos anos, no qual perdi aproximadamente duzentos reais. O instinto feminino da minha mulher me salvou, senão teria perdido ainda mais. Também já perdi dinheiro, tendo confiado em familiar, mas neste caso entraram considerações bem mais complexas e subjetivas para considerar-se somente o prejuízo.

Por estar ativo no mercado financeiro há bastante tempo, relembro diversos golpes ocorridos nos tempos anteriores a invenção da Internet. Sem dúvida, na era da eletrônica as possibilidades triplicaram. A imaginação dos malandros também.

Sabemos como é simples iludir um internauta com mensagens do tipo “fique rico em 24 horas ou pouco tempo”. O golpe, e não deixa de ser um golpe, tem várias alternativas, todas malévolas. Você clica no conteúdo e penetram na sua vida particular, roubando sua identidade e senhas, conta bancária ou transformando-o em um zumbi, cativo de sem vergonhas, quem sabe até rindo de você lá do outro lado do mundo, em chinês ou russo ou em português mesmo, pertinho de você.

Quando os golpes são milionários, geralmente aparecem em letras garrafais no jornal e são comentados por todo mundo. Geralmente se ouve o seguinte comentário após ter sido visto na TV, jornal ou rádio; “como aquela gente não viu que era golpe?” O maior dos golpes de todos os tempos modernos e ainda bastante recente foi o do Madoff. Ele enganou aos ricos que, geralmente (mas nem sempre) sabem se cuidar melhor e aos próprios profissionais das finanças, que acreditavam que ele era um gênio e posteriormente ficaram envergonhados com a própria ignorância e estupidez. Você, eu e tantos outros devem perguntar a si mesmos como é possível alguém cair em golpe que está na cara que é golpe. A resposta é; claro que é possível, senão não inventariam mil e uma maneiras de nos atrair em suas teias de aranha. Eu aprendi depois de muitos anos de militância e um curso de pós graduação que, às vezes nossas defesas psíquicas ficam muito baixas e até parece que queremos ser enganados e, por esta razão somos atraídos mais facilmente para uma cilada que nos é armada.

Uma outra alternativa para nos enganar, bem mais sutil mas não menos eficiente, tenta induzir a gente a adquirir determinado livro que ensina como ganhar mais dinheiro na Bolsa em poucos dias através de algum método infalível... Como autor de livros que ensinam a respeito de como cuidar do dinheiro e a se educar financeiramente, sei que nenhum livro tem este poder ou genialidade. Quando os marqueteiros, integrando o corpo de profissionais das editoras tentavam me impingir algum título bombástico para minha criação, com a única intenção de seduzir o leitor a adquirir a obra apenas pelo nome, eu não compactuava com os mesmos e insistia no título escolhido por mim que tentava representar a essência do conteúdo. Acredito que o último e no meu próprio julgar o melhor de todos os meus livros, até hoje vendeu pouco por esta mesma razão. Quem quiser se aventurar, (e queira acreditar que sou um malandro honesto) pode adquiri-lo que no final desta crônica menciono nome e editora.*

Gente, milagres não existem, podem acreditar neste planejador financeiro que já viu quase tudo e assistiu inúmeras vezes a clientes dele que davam preferência à malandros de voz macia e extremamente convincentes e posteriormente admitiram que negócios sérios feitos com grupos financeiros tradicionais e confiáveis, teriam sido bem melhores para seus bolsos. O difícil mesmo ou quase o impossível é fazer alguém confessar que entrou numa fria. Ninguém quer ser considerado como sendo um trouxa!

Qual a razão de sermos enganados com tanta facilidade? Existem muitas respostas para esta indagação, mas as palavras ganância, desejo, ansiedade, ignorância, oportunidade etc. respondem por algumas delas. Vou parar por aqui, senão esta crônica vai virar tratado de psicologia comportamental e financeiro.

Quando se é jovem, sem experiência da vida, as probabilidades de sermos vítimas de golpes, arapucas, negócios miraculosos que jamais se realizam por serem demasiadamente irrealistas são bem maiores. Posteriormente, (geralmente quando já tivermos entrado em alguma(s) fria(s) ou já somos adultos experimentados, nos tornamos mais espertos e mais pés no chão. Aliás nem todos, pois conheço gente que, aparentemente atraem malandros, ladrões, espertos, cafajestes e outras espécies de gênios do mal.

Mas tornando este papo um pouco mais profissional, adianto que sempre aconselho aos meus clientes de levar muito a sério suas poupanças e investimentos, pois para a maioria de nós mortais e pessoas que não nasceram em berço esplêndido e a duras penas conseguiram amealhar alguma reserva, aconselho que cuidem dela como se fossem tenras plantinhas ou bebês recém nascidos, ou seja com muito amor e carinho.

Somente a entreguem a alguma entidade financeira de confiança, mesmo que este dê um pouco menos de rendimento. Desconfiem sempre daquela instituição que oferece muito mais rendimento ou outras aparentes vantagens e benefícios enquanto suas congêneres oferecem bem menos!

Nunca adquiram produtos de investimentos ou formas de poupança que aliam rendimento com sorteios. É uma ou outra, obter rendimento ou experimentar a sorte na loteria esportiva ou no cassino!

Boa leitura, boa semana e muita reflexão para afastar os maus espíritos e malandros do seu caminho!

Louis Frankenberg,CFP® 28-10-2010

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*Livro; Sucesso e Independência; Família, Carreira e Finanças para toda a vida- Editora Elsevier, 2007

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Relembrando uma experiência do passado e de como não investir, ambos vistos pelo espelho retrovisor

Há exatos 20 anos comecei a fazer palestras, administrando seminários e a escrever em revistas a respeito de assuntos que tinham tudo a ver com o comportamental humano e sempre relacionados ao planejamento financeiro de investidores.

Ainda nos encontrávamos em pleno período inflacionário e o cenário financeiro local não era nada favorável aos investimentos de renda variável ou seja ações e fundos de ações.

A absoluta maioria dos investidores em nosso próprio país só queria saber de over night e preferia títulos de renda pós fixados, temendo a catastrófica perda do poder aquisitivo da nossa moeda.

Em relação a minha própria aprendizagem, só conseguia obter informações e material de consulta em inglês, provenientes dos centros financeiros mais adiantados da Europa e Estados Unidos que, naturalmente, eu devorava com a maior sofreguidão.

Desnecessário repetir que naquela época ainda não tínhamos a possibilidade de surfar pela Internet para colher mais e melhores dados, para repassá-los em seguida, devidamente adaptados aos clientes.

Um folheto me impressionou particularmente. Confeccionado por um dos maiores bancos ingleses, era dirigido aos seus “expatriates”, (executivos ingleses trabalhando fora da Grã Bretanha) atuantes nas grandes multinacionais mundo afora. Publicava entre tantas outras informações, duas tabelas.

Uma delas relatando qual o tipo de investimento que ano após ano, durante os 15 últimos anos seqüencialmente anteriores havia sido o melhor de todos, portanto informava por exemplo que no ano de 1960 havia sido o ouro, em 1961 o mercado acionário do Japão, em 1962 obrigações da Europa ocidental, em 1963 investir no cobre, em 1964 mercado acionário norte americano etc.

A segunda tabela informava igualmente qual havia sido o pior investimento em cada um daqueles anos para o mesmo período da tabela anterior. A pesquisa portanto citava os 15 melhores e 15 piores investimentos anotados durante os 15 anos anteriores ao folheto publicado pelo banco.

Recapitulando; as performances eram sempre do passado e divulgadas oficialmente no inicio do ano seguinte ou seja, vistos pelo espelho retrovisor, quando já podiam ser consideradas do passado e portanto com seus índices plenamente conhecidos.

As informações das referidas tabelas me impressionaram muito, pois para a totalidade dos 15 anos, os melhores investimentos eram, de ano para ano, invariavelmente diferentes entre si e igualmente diferentes dos anos anteriores, chegando-se a óbvia conclusão de que era impossível saber de antemão qual seria o melhor investimento do ano que se iniciaria.

Estudos a respeito de diferentes tipos de investimentos, relatando sempre resultados para o ano todo, já estavam sendo feitos na época, mas o que diferenciava aquele levantamento especial do banco britânico era que pela primeira vez demonstrava também o sempre confuso comportamento dos investidores.

Tentava demonstrar que a absoluta maioria desses investidores que não eram assessorados por profissionais qualificados (significando obviamente analistas e gerentes de relacionamento do próprio banco), tinham a tendência na maioria dos casos de colocar seus recursos no melhor investimento do ano anterior!

Em decorrência daquelas pesquisas amplamente divulgadas pela mídia, no ano seguinte, investidores que haviam tomado conhecimento desses resultados, (imaginando-se provavelmente muito espertos), calalizavam seus recursos para aqueles investimentos vitoriosos do ano anterior...

A realidade da vida (ou melhor dito, a total imprevisibilidade de acontecimentos futuros) entretanto demonstraria que um dos melhores investimentos do ano anterior quase sempre se transformaria em um dos piores do ano seguinte!

A minha própria experiência prática na época, ao assessorar clientes internacionais confirmaria que um mesmo tipo de investimento, uma ação individual ou fundo de ações, não mais de um, dois e quase nunca três anos consecutivos, era o de maior valorização!

Este planejador financeiro, anteriormente já dava imensa importância aos objetivos, desejos e traços da personalidade de cada um dos seus cliente, passou então a concentrar-se cada vez mais para tentar entender a complexa mente humana, que pode dar peso 100 a um palpite de amigo, uma propaganda bem feita ou mesmo o papo envolvente de um vendedor mais convincente e peso 10 para um estudo racional e fundamentado, baseado em fatos consistentes que consideram passado e futuro, mas que mesmo assim é falível, sujeito a chuvas e trovoadas!

Viva a ciência das finanças comportamentais ou “behavioral finance”, tão bem explicada pela nova geração de psicólogos, economistas e estudiosos a partir das recentes e sensacionais descobertas feitas a partir do “Prospect Theory” de Tversky e Kahneman sobre o comportamento humano.

Em nosso próprio país felizmente já temos alguns profissionais muito bem qualificados, que estudam em profundidade os arraigados traços da personalidade de um indivíduo, que nos levam a cometer erros grosseiros, alguns dos quais se refletem, algumas vezes negativamente pelos anos futuros.

Louis Frankenberg,CFP® 17-10-2010

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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Todos os Fundos Imobiliários são Confiáveis?

Macaco velho que sou, com muita quilometragem nas costas, respondo com um sonoro “não são”, e na mesma hora, com muita probabilidade, desiludindo muita gente.

Muito provavelmente tenho melhor conhecimento dos muitos aspectos controvertidos e artimanhas existentes, relacionados com os fundos imobiliários, que a maioria dos investidores novatos, que recentemente descobriram esses interessantes e modernos meios de investimento.

Concordo que investimentos imobiliários tem forte apelo em nosso país, pois imóveis até eram conhecidos pelos termos “investimentos em bens de raiz” por gerações passadas.

Prometo que em outra matéria abordarei mais aspectos positivos, mas agora desejo chamar a sua atenção sobre determinados perigos intrínsicos existentes nesses fundos.

Acompanho de perto os mesmos há pelo menos quatro dezenas de anos e já vi alguns desses gigantescos transatlânticos imobiliários naufragarem solenemente, deixando dezenas de milhares de investidores a ver navios...

Surgiram e se desenvolveram na Europa e Estados Unidos, lá no norte, denominados de Real Estate Investment Trust”, na década de 1970 e alguns deles muito antes.

Por iniciar minha vida profissional lidando com fundos de investimento em geral e também por estudá-los com razoável profundidade, eu os acompanhava constantemente e de perto.

Por essa razão, minha gente, mesmo com o aval e fiscalização da CVM e ou Banco Central, cuidado com eles.

Não será a primeira vez que nossos xerifes chefes do mercado acionário e de investimentos aparecerão em cena quando o crime já foi perpetrado e mais nada poderão fazer a não ser consolar os incautos.

Falta experiência prática das malandragens que podem ser perpetuadas nesse segmento que agora começa a se desenvolver.

Os fundos imobiliários brasileiros são demasiadamente jovens e, portanto, não tem rastreamento histórico nacional, para se poder fazer distinções entre os mais e menos idôneos. O futuro dirá se tenho razão ou não ao alertar meus leitores a tomarem certas precauções e não acreditarem que esta modalidade de investimento, que começa a criar certa dimensão em nosso país, não possa ser usado para dissimular práticas menos honestas e transparentes para com seus cotistas.

A lei 8668 de 1993 as criou e a Instrução 205 da CVM de1994 as regulamentou. Na época, a enorme inflação reinante no país não permitiu que muitos se estabelecessem e muito menos se desenvolvessem. Certamente esses fundos tem aspectos bastante interessantes e convenientes para aqueles que desejam obter através deles rendimento, segurança, vantagens fiscais e ao mesmo tempo a aparente e tradicional solidez dos imóveis e, por essa razão, os administradores dos fundos imobiliários fazem muita questão de alardear estes mesmos predicados.

Sem dúvida, uma das vantagens obtidas é que você se torna proprietário de um pedaço de um imóvel ou diversos imóveis com menos capital investido do que ser proprietário único de um escritório, sala ou residência.

Este fator pode ser encarado como vantagem mas simultaneamente como desvantagem, como vou explicar.

Proprietário único de um imóvel para renda ou valorização lhe dá poder absoluto, único e legal sobre o mesmo. Ao contrário, possuir cotas de um fundo de investimento imobiliário, faz com que seus dirigentes tomam decisões por você em relação ao seu custo de aquisição, despesas e a época mais conveniente para a compra, venda ou ainda a eventual manutenção ou não na carteira do(s) imóveis adquiridos.

Pessoalmente não acredito, por exemplo, que um fundo imobiliário deva ser constituído por um único prédio ou hospital. Esta maneira de encarar este tipo de inversão é totalmente contrario a idéia tradicional de que um fundo de investimento deve ter seus ativos bem pulverizados.

Como ficará o princípio da diversificação, tão caro e importante para quem não pode se dar ao luxo e dos riscos de perder seu dinheiro, quando este se concentra em um único imóvel? Um fundo de ações, pelo menos diversifica para colocar seu patrimônio em inúmeros segmentos industriais e empresas, todas negociados em bolsas de valores.

Outra questão, a meu ver muito controvertido, pouco divulgado e debatido, é saber se os administradores de fundos imobiliários não estão pagando caro demais por algum imóvel adquirido (sim, refiro-me ao pagamento de um sobre preço, do qual os cotistas por razões óbvias não tomam conhecimento).

Como saber se determinado imóvel não foi adquirido por 20% ou 30% acima do preço justo de mercado? Podem me acreditar, caros leitores, que administradores menos éticos saberão como engendrar e realizar uma grande transação sem que você saiba como foi feita! Pode haver, por exemplo, algum obscuro intermediário colocado no meio do negócio, que facilmente pode embolsar indevidamente algum lucro.

É justamente aí que reside o perigo. Você não tem nenhum controle sobre o real e justo custo de imóveis adquiridos por seu fundo imobiliário. Tem que rezar e confiar!

Por coincidência (ou não) lembro a história do melhor aluno da classe de matemática da escola e que anos depois encontrou seu colega, o pior aluno e lhe perguntou como era que ele que era o pior da classe em matemática ficou tão rico. O pior da classe respondeu; compro por 10 e jogo 20% em cima do meu custo e vendo por 100!

Lembro também a você leitor que, taxas de administração devem estar alinhadas com a nossa atual baixa taxa inflacionária, que gira ao redor de 5,5% no corrente ano. Custos indiretos muito elevados geralmente indicam que coisas estranhas possam estar acontecendo naquele determinado fundo imobiliário.

Outro ponto que aqui quero abordar superficialmente é a questão da liquidez ou melhor dito, de pouca ou nenhuma liquidez. É sabido que imóveis, em especial aqueles de grande envergadura, geralmente são de pouca ou de nenhuma liquidez. Imagine agora a situação no qual um fundo imobiliário vai se encontrar quando investiu demais em imóveis com pouca liquidez. Como o Fundo Imobiliario é fechado, voce mesmo deverá encontrar um comprador para suas cotas. certamente, nestas condições em que todos querem se desfazer das cotas, você alienará as suas a um preço aviltante ou em caso extremo, não encontrará comprador.

O que mais me incomoda em um fundo imobiliário é a dificuldade de analisar as contas das despesas contabilizadas (aquelas que de fato foram feitas) e ainda aquelas realizadas através de aquisições, manutenção e tantas outros itens de difícil verificação por parte dos investidores.

Sem dúvida, empreendimentos administrados por grupos financeiros tradicionais em nosso país, não brincarão em serviço fazendo bobagens, porém analisando alguns dos outros fundos independentes que foram lançados nos últimos anos em nosso país e verificando o preço estabelecido no oferecimento inicial por suas direções, a experiência me dizia que havia gato escondido em suas transações. Os preços iniciais eram demasiadamente elevados. A minha suposição inicial se transformava em quase certeza, quando as cotas não se elevaram suficientemente, por razões que não permitiam explicações lógicas.

Aconselho a todos os candidatos a compra de cotas de fundos imobiliários, já que elas estão começando a estar na moda, que analisem minuciosamente como será a administração e o controle de despesas destes maravilhosas novas maneira de diversificação do patrimônio, que tem a pretensão de adquirir! Caros e entusiasmados investidores, não se deixem iludir por um prospecto bonito e um marketing agressivo, através do tele marketing, de jornais, rádios e da TV.

Somem e digiram tudo que eu abordei ao analisar determinado fundo escolhido e não esqueçam de verificar o rendimento bruto e líquido que possam obter dos fundos imobiliários que pretendem adquirir, para então sim decidir sobre a conveniência ou não de adquirir suas cotas.

Termino aconselhando aos atuais e futuros investidores de fundos imobiliários a escolherem aqueles administradores que informam em detalhe as compras e vendas efetuadas, preços pagos e recebidos e demais minúcias de transações.

Algumas empresas da área imobiliária (incorporadores, financiadores, corretores e outros) com lançamentos de empreendimentos (aparentemente) atraentes certamente irão dourar suas histórias para dessa maneira tentar seduzir os compradores de suas cotas. Faz parte de um bom marketing.

Ficará provado de que nem todos são tão confiáveis assim quando se examina algumas empresas de capital aberto que lidam com o segmento imobiliário, ou seja com ações cotadas na BM&FBovespa, onde a cotação recentemente estava abaixo do preço de lançamento histórico de suas ações. É apenas um indício, mas tem grande significado! A Bolsa de Valores consegue temperar as ações de empresas de capital aberta com a lei da oferta e procura, mas um fundo imobiliário, por ora ainda é uma entidade quase totalmente fechada e de pouca liquidez.

Por último, muito cuidado, caro leitor, para não confundir preço de cotas de fundos imobiliários com o valor das ações das empresas incorporadoras ou de intermediação imobiliária cotadas na Bolsa de Valores.

Louis Frankenberg,CFP® - 22-09-2010

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