quarta-feira, 31 de julho de 2013

SER INDEPENDENTE FINANCEIRAMENTE



Louis Frankenberg, CFP® 31.07.2013.

Meus amigos, em 7/7/1994, portanto há 19 anos escrevi e publiquei a matéria que segue, dirigida principalmente a executivos. Os ensinamentos expostos, entretanto, valem para todos meus leitores. Prefiro acreditar que todos que leram a matéria na época, seguiram meus conselhos e hoje tem suas vidas bem equacionadas. Como podem observar nada mudou  em 19 anos e aos novos leitores desejo a mesma coisa.
Este é a 100ª matéria  deste blog.

SONHO DE MUITOS, REALIZAÇÃO DE POUCOS
 
É próprio do ser humano jovem e saudável dar pouca importância ao futuro. É muito mais cômodo e agradável viver plenamente o dia de hoje do que preocupar-se com o dia de amanhã.

O executivo brasileiro - bem de vida e com um bom emprego que o destaca da grande maioria da população - não é nenhuma exceção. Entretanto, como temos observado nos últimos anos, ele é tão suscetível de perder todas as conquistas como qualquer outro assalariado.

Aqueles que passaram por estas vicissitudes sabem muito bem do que estamos falando. Para quem já atingiu um determinado patamar, cair de padrão de vida em decorrência de ter sido dispensado é muito difícil de digerir.

A inflação, aliada à desorganização geral da economia no Brasil, provocou profundas alterações no comportamento da população em geral. Todos, desde o operário até o executivo, deixaram de planejar melhor seu próprio futuro financeiro. Como consequência hoje em dia é comuns, em todas as classes sociais, raciocínios viciados. Muitos acreditam que “é melhor gastar do que guardar” ou simplesmente desconfiam: “Para que economizar, se vem um Collor e nos tira tudo?”.

Quem está preparado para iniciar um plano sistemático de acumulação de capital.


Somente pessoas realmente preocupadas em garantir a médio e longo prazo um futuro financeiro tranquilo e despreocupado terão êxito com planos de acumulação de capital. Deve haver uma determinação férrea em se evitar a dependência única do sistema oficial da previdência social, ou dos filhos e familiares. Portanto, ter uma meta determinada e desejar fazer certos sacrifícios em função dela é a premissa fundamental.

É interessante notar que algumas pessoas, em decorrência de não terem ainda um respeitável respaldo financeiro em determinado momento de suas vidas, são geralmente mais estressadas do que aquelas que já equacionaram razoavelmente a questão financeira. Desprotegidas, estas pessoas não estão no comando de suas vidas. Despreparadas financeiramente para lidar com a ocorrência de imprevistos eles serão sempre dependentes de terceiros - bancos, amigos, parentes, etc.

Mesmo consciente da necessidade de acumulação de capital através de um plano sistemático, o executivo enfrenta uma série de obstáculos, que muitas vezes acabam por funcionar como um desestímulo à poupança. Podemos resumir estes obstáculos em duas categorias: de ordem pessoal e de ordem externa.

Obstáculos de ordem pessoal:

1 - Incapacidade de meditar em profundidade sobre a repercussão  futura da não tomada de passos decisivos no momento.

2 - Desânimo em relação à conjuntura econômico-financeira atual.

3 - Considerar mais importante gastar em bens e serviços imediatamente, do que guardar uma parcela para os imprevistos.

4 - Desinteresse em aplicar nas opções existentes no mercado.

5 - Persistência na ilusão de que o Estado paternalista vai tomar conta do indivíduo a partir da aposentadoria.

Obstáculos de ordem externa:


1 - A taxa inflacionária mensal que altera constantemente o poder aquisitivo do disponível para aplicação.

2 - A irregularidade dos reajustes salariais em relação à intenção de aplicar um valor estável em cada mês.

3 - A dificuldade de encontrar um indexador confiável.

4 - As constantes alterações das regras do jogo e da legislação fiscal.

5 - Insuficientes informações simples e transparentes recebidas das instituições financeiras sobre a renda real dos investimentos (FULL DISCLOSURE).

Como e onde acumular as reservas financeiras


No Brasil, é pensamento corrente que uma das poucas e efetivas maneiras de proteger-se da inflação é investir no mercado imobiliário. O imóvel residencial é, geralmente, o primeiro grande investimento - uma opção correta sob um ponto de vista patrimonial e psicológico. No entanto, grandes capitais são posteriormente desviados para um segundo ou terceiro imóvel, que pode ser um terreno, um sítio, uma casa de praia. Este investimento muitas vezes é feito sem maior preocupação quanto à liquidez ou valorização, satisfazendo apenas um desejo de posse, de imitação ou de puro lazer.

Quando algum imprevisto ocorre, não se pode vender isoladamente um banheiro ou um quarto para se cobrir um rombo financeiro. Possuir um patrimônio não é apenas ter imóveis de pouca liquidez ou difíceis de serem vendidos em determinadas épocas. O executivo moderno deve ter pelo menos 30% a 50% do seu patrimônio em ativos financeiros de alguma espécie, para poder considerar-se dono de seu próprio nariz e destino, e não ser um escravo da empresa onde exerce suas atividades, totalmente dependente da sua remuneração mensal.

O exemplo do maior país capitalista do mundo, os Estados Unidos, mostra que a maior parte do patrimônio dos executivos não está investida em imóveis. O único imóvel residencial muitas vezes ainda possui uma hipoteca de 10 a 30 anos. O peso dos investimentos está no mercado acionário, diretamente ou através de fundos de todas as espécies. Parcelas significativas também estão investidas em contas de poupança, certificados de depósito, obrigações municipais e federais, ou seguros de vida.

No Brasil, apenas uma parcela pequena do patrimônio dos executivos está investida nos chamados mercados de capitais e financeiros. A maior parte do capital está imobilizada em residências, escritórios, apartamentos, terrenos, fazendas, etc.

Sinteticamente, três atitudes quanto ao investimento podem ser desenhadas, de acordo com a idade e a posição do executivo em sua carreira.

Executivo em começo de carreira (de 25 a 35 anos)


Nesta fase, o executivo deve ganhar o suficiente para poder colocar uma parcela do salário em investimentos para o longo prazo. Tal como nos Estados Unidos, no Brasil também o mercado acionário tem tido a melhor lucratividade no longo prazo. Fundos de ações são uma boa opção para quem deseja supervisão profissional para seu investimento.

Executivo com experiência (de 35 a 50 anos)


Nesta faixa, melhor remunerado, o executivo pode eventualmente colocar uma parcela maior de seu salário em investimentos a médio e longo prazo. O mercado acionário e os fundos de ações continuam sendo a melhor opção. Uma pequena parcela pode ser colocada em algum tipo de fundo de renda fixa, CDB ou poupança.

Executivo amadurecido (a partir dos 50 anos até a aposentadoria, aos 60/65 anos).


As parcelas reservadas para investimento devem ser direcionadas para aplicações estáveis, onde o realce maior é dado ao crescimento do capital, com segurança. Carteiras de ações de boa qualidade e fundos de ações cujos objetivos são o do crescimento do capital, com reinvestimento dos dividendos continuam sendo a prioridade. Uma parte substancial também pode ser investida em algum tipo de fundo de renda fixa, CDB ou caderneta de poupança, para ter uma maior liquidez, em razão de eventuais gastos imprevistos.

As três situações acima citadas evidentemente devem também constantemente levar em conta os aspectos fiscais individuais de cada executivo em relação às receitas globais, já que a legislação tem tido inúmeras alterações, nos últimos anos. À medida que os mercados de capitais e financeiros cada vez mais se integram numa economia global, certos hábitos e vícios existentes em nossos investidores, sociedades anônimas negociadas em bolsa, e instituições financeiras intermediárias provavelmente também se alterarão, através de melhores organismos fiscalizadores.

O sonho da independência financeira de cada executivo, também passa por aspectos menos objetivos e mais ligados à personalidade e filosofia de vida. As relações marido-mulher e pais-filhos, por exemplo, são também determinantes no planejamento financeiro futuro da família.

Apesar de ter havido um maior entrosamento nas últimas décadas entre as maneiras de pensar de um casal, em nosso país, a opinião do marido prevalece muitas vezes, quando se trata de decisões financeiras. Nem sempre estas são sábias e equilibradas.

Este comportamento, nem sempre racional, nos leva a classificar os executivos em três categorias, quando se trata de administrar seu próprio patrimônio e não os da empresa: CONSERVADORES, NEUTROS e AGRESSIVOS.

Ainda derivada da maneira de agir dos mesmos, adicionalmente ainda podemos classificá-los em “Especuladores” e “Investidores”. E uma sintética e simples definição destes poderia ser:

Especulador


É aquele que apenas está vendo as árvores, e não a floresta. Sempre está à espreita de um lucro rápido em curto prazo e constantemente alterando seus objetivos e aplicações. Ouvidos atentos e olhos abertos, ele vai atrás de seus próprios palpites e informações obtidas de outras fontes.

Investidor


É aquele que não olha para as árvores, procura ver a floresta. Estuda antecipadamente as diversas opções disponíveis e escolhe cuidadosamente seu(s) objetivo(s), que geralmente são para o longo prazo. Prefere administração profissional e altera pouco seus investimentos. Alcança passo a passo sua independência financeira, muito consciente do que está fazendo.

É na categoria dos “Investidores” que com maior probabilidade vamos encontrar aqueles executivos autodisciplinados e que se propõem seguir um plano meticulosamente estudado, para alcançar a independência financeira em longo prazo, contemplando suas metas e as da família.

Genericamente e sem entrar em detalhes irrelevantes quanto o escopo desta matéria, resumiremos alguns aspectos que deveriam ser levados em consideração.

Administrador do investimento


Deve ser algum grupo financeiro de ilibada reputação e um bom desempenho passada, e que também ofereça informações periódicas e transparentes aos seus investidores.

Diversificação


Significa sempre diluir riscos e uma provável diminuição de sustos resultantes de oscilações esporádicas dos investimentos de renda variável é aconselhável.  Caso o patrimônio global do executivo já esteja diversificado, em aplicações financeiras, uma análise cuidadosa e eventual revisão é sempre oportuna.

Louis Frankenberg,CFP®


segunda-feira, 15 de julho de 2013

Notas econômicas e financeiras brevemente comentadas por mim


 
Louis Frankenberg, CFP® 15-07-2013.

 IPO’s - Initial Public Offerings

Nosso público investidor mais jovem e inexperiente geralmente fica inebriado por algumas ofertas que “não se pode perder”.

Não se dão de conta que profissionais de marketing e outras especialidades fizeram todo o possível para incrementar os aspectos positivos da empresa envolvida, aplicando todos os cosméticos imagináveis para minimizar ou fazendo desaparecer o negativo ou duvidoso...

Eu jamais adquiri um modelo novo de carro nacional antes de terem decorridos de um a dois anos de observação no dia a dia e ter conversado com motoristas de taxi e donos de oficinas mecânicas e conhecer a opinião deles a respeito do modelo.

O mesmo procedimento utilizo para entrar num IPO. Tenho muito respeito pelo ditado de que a pressa é inimiga da perfeição. Geralmente não me arrependo deste procedimento nada ortodoxo, porém muito eficiente.

Sou profissional de longa data e já vi de tudo em nosso próprio mercado e no resto do mundo em matéria de mercado acionário.

A prova maior desta minha forma de pensar é o fato de ter constatado que muitas empresas lançadas nos últimos tempos não resistem   à realidade da economia e dentro de pouco tempo são cotadas abaixo do preço inicial da oferta pública.

Sem querer colocar todos os IPO’s numa mesma cesta e não desejando identificar qualquer empresa em particular, desconfio que algumas delas somente se lançam no mercado para ludibriar os incautos e ampliar seu capital a custa de um público desinformado e atiçado por campanhas inteligentes de marketing e propaganda pela mídia.

É óbvio que atrás dessas empresas se encontram acionistas majoritários que dessa maneira ampliam seu patrimônio financeiro a quase nenhum custo.  Pouco ligam que suas ações originais pós IPO se desvalorizaram 50% ou mais no IBovespa, pois de qualquer forma tem conhecimento perfeito do estado verdadeiro de suas empresas e a esta altura estão aplicando seus gigantescos lucros em outro negócio.

Obrigado jornal Valor Econômico de 11 de Julho último por me ter dado a ideia em escrever a respeito.

Gestores de recursos alheios e o nosso futuro

Este planejador financeiro já viu de tudo e por esta razão geralmente encara com bastante senso de humor e pitadas de ceticismo quando enxerga listagens feitas no qual são identificados os maiores (ou melhores) gestores de investimentos de recursos alheios. Será que é um bom negócio? Claro que é para eles!
Basta você não gerir de qualquer maneira o dinheiro dos outros e  pensar egoisticamente .
A absoluta maioria dos investidores são preguiçosos e acomodados. Uma vez separado o dinheiro para as emergências, para os fundos de investimento e para os fundos de pensão para a aposentadoria, a preocupação passa para o gestor. É aí que está o erro da maioria.

Mas pessoalmente, eu me preocupo muito em saber onde está meu dinheiro e quem ou como ele é administrado, pois sei que a partir de certo momento da minha vida, não mais serei capaz de gerar novos recursos e terei de conviver com a resultante de minhas decisões anteriores, boas ou más!

Aqui em nosso país a maioria de nós ainda não se dá de conta que a soma de diversos fatores que compõe o rendimento real e verdadeiro de nosso patrimônio financeiro nos dias atuais está diminuindo a olhos vistos ou, na melhor das hipóteses, permanece constante.

Será que o rendimento obtido ano a ano, antes que eu vá precisar o mesmo para viver superará o que necessitarei mensalmente?  Esta é a grande questão que precisará ser respondido hoje para não ficarmos arrependidos amanhã, quando será demasiadamente tarde.

É muito difícil para qualquer pessoa conseguir imaginar-se aposentado daqui a 10, 20 ou 30 anos e praticamente impossível conhecer o valor do acumulado em verdadeiro poder aquisitivo do patrimônio naquela longínqua época futura.

Temos, entretanto uma pálida ideia do que possa acontecer ao nosso dinheirinho guardado durante tanto tempo, quando soubermos o que nos é deduzido em custos, anualmente.

São as taxas de administração, são os impostos diretos e indiretos e mais do qualquer outro custo é a corrosão constante da nossa moeda devido a inflação.

Infelizmente a nossa legislação ainda não associou os custos de administração que pagamos ao fator inflacionário e limites de impostos incidentes sobre nosso suado dinheirinho guardado.

Perguntem à maioria de nossos aposentados se eles tem a mesma qualidade de vida financeira que tiveram durante suas vidas quando ainda em estavam em plena atividade produtiva e receberão como resposta; de forma alguma.

E quais são os maiores gestores de recursos alheios do mundo?

Em 1° lugar está novamente o UBS, Union de Banques Suisses.
Este mesmo grupo teve problemas sérios com o Internal Revenue (Receita Federal) dos Estados Unidos, pagando pesadas multas e devendo denunciar ao Governo norte americano o nome de milhares de contribuintes faltosos com seus deveres de imposto de renda....

O 2º lugar pertence ao BOA, Bank of America e depois seguem o Wells Fargo, Morgan Stanley e Credit Suisse.

Outros grupos internacionais seguem, porém todos sentiram o impacto da crise financeira do ano 2.008 em consequência da qual o fortíssimo grupo Merril Lynch foi incorporado pelo Bank of America.

Há tantos anos sendo consultor de finanças me fizeram acreditar que nomes famosos e constantemente citados pela imprensa não tem significado algum. Cometem erros iguais aos menores gestores ou a você mesmo que administra  seus miseráveis milhares...

Tamanho não é documento e sempre achei que o próprio investidor, imbuído da intenção de supervisionar pessoalmente seu patrimônio, guiado por profissionais honestos em todos os sentidos, fariam um trabalho bem melhor.

Aqui em nosso país onde também existem grupos financeiros de porte,  também jamais devemos nos entregar completamente aos gestores de nossos recursos.

Não desejo em nenhum momento denigrir qualquer grupo financeiro local, mas acredito que algumas vezes a pressão exercida para que um investidor mude sua carteira de investimentos é feita unicamente para proporcionar algum rendimento adicional para o gestor.

Interesses ocultos que raramente são explicados com absoluta convicção e sinceridade, são algumas vezes utilizadas apenas para a obtenção de algum ganho adicional.

O exercício de administrar dinamicamente e ao menor custo possível uma carteira deve ser efetuado pelo gestor dentro do âmbito daquilo que administra e não pela troca de produto A por produto B.

Um abraço e até o próximo Blog!


Louis Frankenberg,CFP® - 15-07-2013